Além de negar vacinas contra Covid-19, presidente Jair Bolsonaro atuou na importação de hidroxicloroquina, sem eficácia contra doença
Redação Publicado em 18/05/2021, às 13h50
Jair Bolsonaro (sem partido) atuou na importação de hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra Covid-19. Em depoimento à CPI da Covid nesta terça, 18. O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo confirmou a participação do presidente. As informações são da Folha de S. Paulo.
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Covid), Araújo deu detalhes sobre o processo de importação da hidroxicloroquina. Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, o pedido para o Itamaraty viabilizar a importação do remédio foi feito pelo Ministério da Saúde.
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De acordo com Ernesto Araújo, o estoque do produto, que também é importante para tratamento de outras doenças, estava baixo. Quando questionado de onde partiu o pedido de importação, o ex-chanceler explicou:
"No caso, o Ministério da Saúde foi quem nos pediu que procurasse viabilizar essa importação," disse. Quando Renan Calheiros, relator da CPI, questionou sobre a discussão da situação com outras autoridades, Ernesto Araújo respondeu:
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"Não. Eu não me recordo não. Enfim, houve, claro, houve. Não foi exatamente um pedido para implementar esse pedido do Ministério da Saúde, mas o Presidente da República ele, em determinado momento, pediu que o Itamaraty viabilizasse um telefonema dele com o Primeiro Ministro [da Índia]," disse. Após ser questionado se houve participação de Bolsonaro, o ex-ministro das Relações Exteriores respondeu afirmativamente: “Sim”.
Apesar do esforço para a importação de hidroxicloroquina, Bolsonaro negou, diversas vezes, vacinas contra Covid-19. Conforme noticiado pelo G1, sabe-se que o presidente recusou, ao menos, 11 ofertas de imunizantes.
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Nesta quarta, 5 de maio, Jair Bolsonaro (sem partido) comentou sobre a CPI da Covid, que investiga a atuação do governo federal durante a pandemia. Durante declaração, o presidente chamou de “canalha” quem não concorda com o tratamento precoce contra a doença e não "apresenta alternativa". As informações são do G1.
Um dos pontos de investigação da CPI da Covid é a promoção governamental de medidas sem eficácia comprovada contra a doença, como o tratamento precoce. Bolsonaro é um dos defensores do uso desses medicamentos, como hidroxicloroquina, e afirma que se curou da Covid-19 graças ao remédio.
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No Palácio do Planalto nesta quarta, 5, Bolsonaro disse: "Canalha é aquele que é contra o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha. O que eu tomei [para tratar a Covid], todo mundo sabe. Ouso dizer que milhões de pessoas fizeram esse tratamento. Por que é contra?"
Segundo o G1, o presidente também disse esperar que a investigação da CPI também seja feita em relação ao resultado do uso de hidroxicloroquina em Manaus no início de 2021: "Espero que a experiência de Manaus com doses cavalares de hidroxicloroquina seja completamente desnudada pelos senadores. Por que não se investe em remédio? Por que é barato demais? É lucrativo para empresas farmacêuticas ou para laboratórios investir no que é caro? Nós conhecemos isso."
Durante o discurso, Bolsonaro sugeriu aos senadores integrantes da CPI que ouçam profissionais defensores do tratamento precoce: "Essa CPI, eu tenho certeza, parlamentares, senadores, em especial, vai ser excepcional no final da linha. Que vai mostrar sim o que alguns fizeram erradamente com os bilhões entregues pelo governo para os seus respectivos estados e municípios. Junto àqueles que são isentos e apoiam a verdade, senadores, estamos sugerindo que seja convocado ou convidado autoridades que venham falar do tratamento precoce."
Além de não prevenir contra a Covid-19, o chamado tratamento precoce pode ter diversos efeitos colaterais. Muitas vezes, os medicamentos são usados em altas dosagens e sem acompanhamento médico, o que pode causar hemorragias, doenças no fígado e insuficiência renal.
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Também chamado de “kit-covid”, o tratamento com remédios sem eficácia pode ter diversas complicações no organismo, além de atrasar a busca por atendimento após o diagnóstico de Covid-19.
Em entrevista ao Estadão, o médico Valmir Crestani Filho explicou: “Em um dos últimos plantões, atendi um paciente que estava tomando cloroquina e usando oxigênio em casa. Ele chegou azul. Tive de intubar na hora.”
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Além de defender o tratamento precoce, Bolsonaro também insinuou que o vírus foi criado em “laboratório.” Sem mencionar a China, o presidente questionou se a pandemia seria, de fato, uma “guerra química”.
"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês," disse.
A hipótese já foi descartada pela OMS, conforme noticiado pelo G1. A organização realizou um estudo que indicou ser "extremamente improvável" que o vírus tenha sido criado devido a um incidente em laboratório.
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