O médico revelou detalhes do plano de tratamento da covid-19 apresentado pelo presidente durante a atuação dele no Ministério da Saúde
Redação Publicado em 22/05/2020, às 10h07
Luiz Henrique Mandetta revelou que Jair Bolsonaro quis mudar a bula da cloroquina, segundo informações do Yahoo! Notícias. Em entrevista à Globonews, o ex-ministro da Saúde contou detalhes sobre o plano de tratamento da covid-19 do Presidente da República.
Mandetta afirmou ter descoberto a proposta de Bolsonaro durante o mandato dele no Ministério da Saúde. De acordo com o médico, o presidente realizou uma reunião com outros ministros, membros da AGU - Advocacia da União e Antonio Barra Torres, presidente da Anvisa, para discutir a aprovação da substância por meio de um decreto presidencial.
“No final de um dia de reunião de conselho ministerial, me pediram para entrar numa sala e estavam lá um médico anestesista e uma médica imunologista, que estavam com a redação de um provável ou futuro, ou alguma coisa do gênero, um decreto presidencial [...] E a ideia que eles tinham era de alterar a bula do medicamento na Anvisa, colocando na bula indicação para covid-19”
Ele completou: “O próprio presidente da Anvisa se assustou com aquele caminho, disse que não poderia concordar. Eu simplesmente disse que aquilo não era uma coisa séria e que eu não iria continuar naquilo dali, que o palco daquela discussão tem que ser no Conselho Federal de Medicina".
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Sem concordar com o posicionamento de Bolsonaro, Mandetta deixou a pasta no dia 16 de abril, após um pouco mais de três meses de atuação. O médico foi substituído por Nelson Teich, que foi exonerado do cargo em menos de uma mês por não concordar com o uso da cloroquina.
O Ministério da Saúde aprovava a aplicação da substância em casos graves de coronavírus. Contudo, com a nomeação do general Eduardo Pazuello para pasta, a cloroquina passou a ser permitida para casos leves no SUS - Sistema único de Saúde.
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Apesar da autorização, o protocolo prevê a autorização do paciente, o qual deve ser informado dos efeitos colaterais, a possibilidade de não ter resultados positivos e o risco de morte.
Bolsonaro não aparenta estar interessado em um debate mais aprofundado sobre o medicamento e declarou em uma live: "Você não é obrigado a tomar cloroquina. Quem é de direita toma cloroquina. Quem é de esquerda toma Tubaína".
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