Projeto dará continuidade a Wanted and Desired, doc de Marina Zenovich sobre o cineasta preso, na semana passada, acusado de drogar e estuprar garota de 13 anos em 1977
Da redação Publicado em 30/09/2009, às 12h57
Brett Ratner (X-Men - O Confronto Final) irá dirigir um documentário sobre Roman Polanski, diretor franco-polonês detido na semana passada, em Zurique (Suíça), onde chegou para receber homenagem do festival de cinema local. O cineasta foi preso por conta de uma acusação, feita em 1977, de abuso sexual contra uma adolescente de 13 anos.
Segundo o tabloide The New York Post, horas após a detenção, Ratner gravou uma entrevista para o "Movie Geeks United", seção do blog Talk Radio, com o aviso de que realizará uma sequência para o doc Roman Polanski: Wanted and Desired ("Roman Polanski: procurado e desejado"), de Marina Zenovich.
O filme de 2008, inédito no circuito brasileiro, investigou todas as polêmicas que voltam agora à tona, com o encarceramento do diretor de Bebê de Rosemary. A documentarista pôs em xeque os fatos que sucederam a prisão de Polanksi em 1977, após violentar uma jovem na casa de Jack Nicholson, que protagonizou um filme seu, Chinatown, três anos antes.
O acusado fugiu dos Estados Unidos no começo de 1978, para nunca mais voltar - nem mesmo para apanhar seu Oscar de melhor diretor por O Pianista, em 2003.
Amigos
Brett Ratner e Polanski são, na verdade, velhos amigos. Em setembro do ano passado, os cineastas, ambos de origem judaica, visitaram Auschwitz - campo de concentração onde parentes de Polanksi (mãe inclusive) morreram, durante a Segunda Guerra Mundial.
Se Polanski não topou participar de Wanted and Desired, ele pode mudar de posição dessa vez. Acontece que o filme teve impacto sobre o caso - e pode, no fim, ajudar o cineasta na corte, ao apontar falhas no sistema legal da Califórnia, que exige extradição imediata do fugitivo.
"A família perdoou [Polanski]. A vítima [Samantha Geimer] o perdoou. O resto do mundo o perdoou", disse Ratner. "O sistema judicial de Los Angeles é corrupto. Isso é horrível."
Embora reforce a culpa do diretor, Samantha, que vive agora no Havaí, já se manifestou contrária à sua prisão em diversas ocasiões.
"Marina projetou o filme na minha casa, e eu convidei amigos de Roman, como Bob Evans e Warren Beatty", contou Ratner - curiosamente, íntimo de Michael Jackson, outro sujeito que penou com acusações de abuso sexual contra menores. "Vários amigos dele vieram assistir ao filme antes sequer de Roman. Ele queria que [o doc] fosse um retrato honesto do que aconteceu. E acho que Marina fez um trabalho brilhante."
Depois de fugir da justiça norte-americana, Polanski, hoje com 76 anos (ele tinha 43 anos quando cometeu o crime, do qual se declarou culpado) se instalou na França, país que não tem acordo de extradição com os EUA.
Casado com a atriz Emmanuelle Seigner (O Escafandro e a Borboleta), o cineasta mantinha, inclusive, casa na Suíça, onde passava algumas semanas todo ano - o país mantém com os EUA compromisso de extraditar acusados.
Polanski - cuja ex-mulher, Sharon Tate, grávida de oito meses, assassinada por seguidores de Charles Manson, em 1969 - já afirmou, por meio de seu advogado, que irá lutar contra o retorno ao solo norte-americano, onde pode ser condenado à cadeia.
O caso tem sido espinha na garganta da diplomacia internacional. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já se mostrou simpático ao diretor. Espera-se que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, interceda às autoridades suíças nos próximos dias.
Enquanto isso, a classe artística se movimenta. Woody Allen (curiosidade: ele é casado com a ex-enteada), Pedro Almodóvar, Martin Scorsese e o brasileiro Walter Salles são alguns dos mais de 130 nomes no abaixo-assinado que pede "libertação imediata" do colega, segundo a CNN.
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