Ao lado de Jeff Beck, ele prova que fica bem sem Mike Love
ANDY GREENE / Tradução: LIGIA FONSECA Publicado em 17/10/2013, às 12h34 - Atualizado às 12h57
Quando Brian Wilson subiu ao palco do Beacon Theater, em Nova York, da última vez, pouco mais de um ano e meio atrás, era novamente um membro do Beach Boys, contente em ficar sentado ao piano na lateral do palco enquanto seu primo (e inimigo de longa data) Mike Love caminhava e dominava a apresentação o máximo possível. Era uma reunião que poucos poderiam ter imaginado e ninguém ficou surpreso quando ela implodiu meses depois. Cada lado tem sua versão do que aconteceu, mas ninguém nega que Wilson é novamente um artista solo e que o Beach Boys de Mike Love agora está disponível para shows em um cassino ou feira perto de você.
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Wilson não iria simplesmente desistir e deixar a faixa do Beach Boys nas mãos de seu primo litigioso. Em vez disso, formou uma coalizão dos membros dispostos do Beach Boys – incluindo os fundadores David Marks e Al Jardine, junto com Blondie Chaplin, que entrou nos anos 70, e sua incrível banda de apoio de longa data – e caiu na estrada com um show totalmente superior ao cansativo revival de músicas antigas de Love. Noite passada, eles revisitaram o Beacon com resultados fantásticos.
Jeff Beck também está aqui, no meio da gravação de um novo álbum com Wilson. De início, a dupla parece totalmente improvável, já que a cena do blues rock britânico nos anos 60 pouco tinha em comum com a Parede de Som de Surfe que Brian criou a 8 mil km de distância em Los Angeles. No entanto, assim que o ex-Yardbird tocou as primeiras notas de "Surf's Up" na guitarra – recriando precisamente a melodia vocal original enquanto Wilson e seus companheiros de banda contribuíram com belíssimos vocais de apoio – a união fez todo sentido. Eles são artistas com muito respeito mútuo e encontraram uma maneira de se complementar perfeitamente.
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O show começou pontualmente às 20h com Wilson e sua banda fazendo uma linda versão a cappella de "Their Hears Were Full of Spring", do Four Freshman, uma influência formadora sobre Wilson. Depois de fazer o público levantar com "California Girls", eles trouxeram Blondie Chaplin – que esteve no Beach Boys do início de 1972 ao final de 1973. Ele gravou dois álbuns nesse período e fez o vocal principal na clássica "Sail on Sailor". Quarenta anos depois, ele a canta com uma potência vocal impressionante e a seguiu com a favorita dos fãs "Wild Honey".
Nesse ponto, Wilson jogou a bomba: eles não apenas tocariam "Wouldn't It Be Nice" como a próxima, mas também ela seria seguida pelo restante de Pet Sounds em sequência. É a primeira vez em que toca o álbum em muitos anos e a primeira em que faz isso sem qualquer anúncio prévio. O público fica petrificado em silêncio e só pareceu acreditar que era verdade por volta de "That's Not Me". Não havia a seção de cordas da turnê Pet Sounds de 2000-2001, mas a banda estava claramente pronta para o desafio.
Pet Sounds é um disco muito exigente para Wilson vocalmente e, embora Jeff Foskett tenha cuidado de muitas das notas mais agudas, ficou claro que Wilson deu tudo o que tinha. "I Just Wasn't Made for These Times" raras vezes foi tão comovente e "Don't Talk (Put Your Head on My Shoulder)" foi incrivelmente tocante. "Agora vamos tocar, na minha opinião, a melhor música que já compus”, falou antes de "God Only Knows". "E já compus muitas músicas”. Ninguém pode se equiparar aos vocais originais de Carl Wilson, mas ele fez um excelente trabalho e foi aplaudido de pé.
Quando o álbum acabou, a banda fez o público dançar com "Good Vibrations", "Help Me, Rhonda", "I Get Around" e "Fun, Fun, Fun". Elas deram a Jardine uma chance de brilhar e sua voz está notavelmente bem conservada para um homem de 71 anos. Sua presença é um enorme benefício para o show, mesmo quando ele só faz os vocais de apoio. Um simples "pom-pa-bom-pa-bom bom-pa" faz uma grande diferença e soa como o Beach Boys, não apenas uma banda cover com Brian Wilson. David Marks também fez algumas das guitarras principais, recriando perfeitamente partes que tocava quando era adolescente, há cinco décadas.
Depois de um breve intervalo, Jeff Beck subiu ao palco com sua banda de quatro músicos. Tinha um trabalho difícil pela frente. Diferentemente de Wilson, não tem um arsenal de hits para usar. Não tem nem um vocalista na maioria das músicas, mas conquistou o público muito rapidamente com seu virtuosismo e sua capacidade aparentemente única de tocar a melodia vocal de qualquer música na guitarra. Sabiamente, incluiu no set covers de alguns rocks clássicos, como "A Day in the Life" e "Little Wing", mas a plateia parecia embasbacada com tudo, especialmente quando sua jovem violinista Lizzie Ball fazia um solo ou mesmo incorporava os vocais de Mary Ford na clássica "How High the Moon".
Durante a apresentação de Beck, Wilson e membros de sua banda entravam e saíam do palco, ajudando o guitarrista nas clássicas de Smile "Our Prayer" e "Child Is the Father of the Man". No final da noite, as duas bandas se uniram para "Surfin' USA", "Barbara Ann" e o gran finale de "Danny Boy". Beck claramente se divertia fazendo solos de clássicos do Beach Boys e, ao final da noite, deu um forte abraço em Wilson.
É fácil de imaginar a reação de Mike Love a este show: "Quem é aquele guitarrista de camisa sem manga? Por que não tocar 'Kokomo', 'Be True to Your School' e o medley de carros? As pessoas podem não querer ouvir 'Shut Down' e 'Little Deuce Coup', inteiras, mas você tem de tocar uma parte delas! Ah, meu Deus, Pet Sounds não! Vocês vão tocar o disco inteiro? Não lembro metade daquelas músicas e vai demorar muito tempo e vocês não conseguirão incluir o solo de John Stamos na bateria. O quê? Nada de Stamos? Como você pode dizer isso! Diga que pelo menos vão tocar 'Surfing' Safari'. Deus meu, não fiz um show sem essa desde que Kennedy estava na Casa Branca. E não me diga que é o Blondie Chaplin no palco! Meu irmão não tomou conta disso em 1973?"
Sua visão do Beach Boys e de Brian sempre foi muito diferente. A turnê de reunião do ano passado foi muito divertida, mas claramente não era para durar. Qualquer pessoa que queira ouvir "Kokomo" e ouvir um ator da série Full House tocar bateria pode encontrar esse show facilmente, mas Brian Wilson provou mais uma vez que não precisa ser dono do nome "The Beach Boys" para carregar o legado da banda.
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