Banda se apresentou ao lado do Fever 333, e nenhum dos dois grupos economizou palavras para dizer o que pensam do governo brasileiro
Yolanda Reis Publicado em 04/04/2019, às 18h57
Um homem em um macacão usando um capuz cobrindo todo o rosto, mãos atadas. Depois, mais dois homens, com armas, prostrados em cima do palco, só olhando a plateia. Assim começaram os shows de Fever 333 e Bring Me The Horizon em São Paulo, nesta quarta, 3.
As bandas, se apresentando em conjunto, tiveram um recado claro durante todo o show: não gostam do governo de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.
Oliver Sykes, vocalista do BMTH, é casado com Alissa Salls, uma brasileira, e agora tem um bom vocabulário em português. Ele usou todas as suas habilidades bilíngues para xingar o presidente. “Eu não confio no Bolsonaro. Vocês confiam?”, perguntou ele. A maioria da plateia gritou que “não” e começou um coro já conhecido por rodar em manifestações e bloquinhos de Carnaval: “ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!”.
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Sykes entendeu o que estava sendo dito. “F***-se o Bolsonaro” gritou em resposta, e puxou um coro de palavrões contra o político - que incluiu "Bolsonaro é o c******"- no qual a galera participou com vigor, até os dois figurantes com armas na mão atirarem fumaça na galera, simulando uma censura militar.
Em seguida, surgiu no telão a frase “dedos do meio para cima”, e a banda começou a tocar “Anti-Vist”, uma música que critica pessoas que se dizem ativistas mas não fazem realmente nada para mudar o cenário.
Já o Fever 333, banda de abertura, focou em seu lado punk, e reforçou a ideia de que todos merecem ser respeitados - sejam negros, gays, mulheres. E a galera acompanhou todo o discurso com xingamentos ao presidente.
Essa é só mais uma das polêmicas que envolvem Bring Me The Horizon. Desde o lançamento do disco amo, em janeiro deste ano, a banda vem sendo criticada pela mudança de estilo - do heavy metal ao pop eletrônico. Apesar de terem alcançado o primeiro lugar das paradas britânicas pela primeira vez com o novo álbum, a banda recebeu muitos xingamentos na internet.
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As críticas não pareceram abalar muito a recepção do BMTH. A casa de show estava lotada, mal dava para andar ou respirar. O público demonstrou uma energia sem tamanho, e pulou durante as quase duas horas de apresentação do grupo - batendo cabeça quando era o que a música pedia, e abrindo o coração e cantando alto nas músicas mais calmas. A banda tocou "Diamonds Aren't Forever", uma das suas principais faixas, só no final do show, e agitou todo mundo como se fosse a primeira música.
Enquanto o público adorou a banda, a banda adorou o público. Matt Nicholls, o baterista, aproveitou o final do show para entregar nas mãos da galera da primeira fila as baquetas que usou, além de agradecer ao público. Lee Malia, na guitarra, sorria sempre que encontrava o olhar de um fã. E Sykes, além dos xingamentos, conversou em português o tempo inteiro.
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O Bring Me The Horizon toca no Lollapalooza 2019 durante o sábado, 6, enquanto o Fever 333 sobe aos palcos do festival na sexta, 5.
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