À luz de movimentos como Black Lives Matter e #MeToo, Brooklyn Nine-Nine triunfou ao abordar questões sociais com comédia
Beatriz Bim (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 12/10/2021, às 11h20
A sitcom Brooklyn Nine-Nine (2013) inovou ao apresentar uma delegacia de polícia de Nova York sob a ótica da comédia. No entanto, o mais interessante é a maneira como discussões socialmente importantes são introduzidas no enredo.
Alguns episódios concentram questões sociais, como as lutas da comunidade LGBTQ+ e preconceitos raciais. Outros revelam experiências cotidianas, por exemplo, sobre relacionamentos. Com a jornada dos personagens como linha condutora, os episódios engraçados ensinam lições valiosas.
O show conta a história de um grupo fictício de detetives da 99ª delegacia de polícia de Nova York comandado pelo capitão Holt (Andre Braugher). Com oito temporadas, a sitcom americana retrata a vida dos profissionais, dilemas e questões pessoais, enquanto solucionam os crimes da cidade.
Com isso em mente, o Screenrant listou seis episódios de Brooklyn Nine-Nine com lições valiosas; confira:
Jake (Andy Samberg) tenta conquistar o pai de Amy (Melissa Fumero), Sr. Santiago (Jimmy Smits), ex-detetive e homem severo. Para se preparar, elabora um fichário com todas as informações do policial na esperança de provar ser digno de se relacionar com Amy.
No entanto, Sr. Santiago encontra o arquivo do policial (nomeado “Guia do Jake Peralta para enganar o pai da Amy”) e fica impressionado com a pesquisa do jovem.
Jake também investigou os casos antigos do ex-detetive, incluindo um ainda aberto pela falta de uma pista considerada "óbvia" por Jake. Para tirar a prova de quem está certo, ambos investigam novamente o crime, e o jovem faz de tudo para resolver o problema. Quando falha, Sr. Santiago admite não gostar dele, além de desaprovar o relacionamento com a filha.
Amy discute com o pai, pois ele não pode ditar a vida amorosa dela, muito menos forçá-la a se separar de Jake. A conversa ajuda a encontrar a solução do caso. Sr. Santiago, então, percebe: Jake e Amy se amam, e esse é o único fator importante na relação de ambos.
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Capitão Raymond Holt conquistou os fãs como um personagem LGBTQ+ adorável e inspirador. Alguns episódios abordam as dificuldades de Holt no Departamento de Polícia de Nova Iorque por ser gay. A sitcom ensina importantes lições sobre o tema.
Como resposta à opressão, Holt criou a Associação de Policiais Homossexuais Afro-americanos de Nova York (AAGLPNY). Durante 25 anos, presidiu o grupo, mas o policial Brain Jensen (Marque Richardson) decide concorrer ao cargo.
Holt, porém, não recebe bem a notícia. Pelos muitos anos de preconceito e luta, acredita ter mais direito sobre o colega, quem pouco enfrentou algo assim. Gina (Chelsea Peretti), então, abre os olhos do capitão, e relembra a motivação da associação: não permitir o sofrimento de nenhum outro policial - Jensen é prova do resultado positivo.
Muita gente conhece a sensação de estar preso à sombra de um irmão, e à comparação constante a um parente aparentemente perfeito, sem erros e digno de conquistar todas as oportunidades. Apesar de Amy ser excepcional, sente nunca ser páreo para o irmão David (Lin-Manual Miranda).
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Quando David é acusado de portar drogas, a detetive fica contente pelo erro do irmão, mas, posteriormente, descobre ser apenas um disfarce para uma investigação real de David.
Durante a missão, Jake se encontra em perigo. Amy, rapidamente, esquece da competição com o irmão e preocupa-se apenas com a segurança do policial. Aprendemos a não deixar o orgulho atrapalhar os relacionamentos.
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O episódio é um dos mais emocionantes da temporada, lançado à luz do movimento #MeToo nos Estados Unidos. Na trama, Amy encoraja uma vítima de assédio sexual a denunciar o agressor.
Rosa (Stephanie Beatriz) hesita, e questiona como o caso público prejudicaria a vítima, quem perderia em todas as alternativas. Amy não concorda, e decide fazer de tudo para ajudá-la, mas não encontra evidências. A detetive fica, então, obcecada com o caso.
Jake, ao ver a situação, questiona a policial. Ela compartilha história sobre assédio sexual, motivo pelo qual transferiu-se para 99ª delegacia. O detetive a ajuda, e no final, resolvem o caso.
O episódio foi, definitivamente, instigante, e propôs debates sobre assédio sexual, o sistema patriarcal e como homens podem ajudar na luta.
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Outra questão social importante abordada na sitcom é preconceito racial. Amy e Jake estão de babá das filhas de Terry (Terry Crews), mas perdem o cobertor - Moo Moo - de uma delas. Terry sai pelo bairro para encontrá-lo, mas é abordado e acusado por um policial por ser negro.
Após retirarem as acusações, Terry fica furioso e magoado com o incidente. Decide apresentar um relatório oficial, mas Holt não autoriza por temer repercussões negativas. Para o capitão, a melhor forma de mudar a estrutura é subir na hierarquia.
Terry, então, conta o motivo por decidir ser um policial quando criança, e o desejo de dar exemplo para as filhas. Holt, tocado pelo depoimento, reconsidera a decisão e envia o relatório.
Para muitos fãs, o instigante episódio foi essencial para discutir a consciência racial, ressaltar a luta da comunidade não-branca e abordar os preconceitos no sistema policial.
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Mais uma questão LGBTQ+. Rosa revela ser bissexual aos colegas, em um raro momento de exposição pessoal da personagem.
A equipe a apoia prontamente, e a jovem pede ajuda de Jake para assumir aos pais. A situação não sai como planejado. Na noite de jogos em família, Rosa chateia-se com os pais pelo fato de não aceitarem quem ela ama. Isso gera uma tensão no relacionamento. Após sugerirem para policial seguir a tradição, Rosa, visivelmente abalada, vai embora com Jake.
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No dia seguinte, a equipe, incluindo Holt, surpreende a amiga realizando uma noite de jogos entre eles. O capitão revela orgulho e admiração por Rosa. As palavras finais do personagem fecham o episódio com chave de ouro: "Sempre que alguém assume quem é, o mundo fica melhor, mais interessante."
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