De volta às telas

Sacha Baron Cohen encerra o ciclo cinematográfico deseus principais personagens com Brüno

Por Paulo Terron Publicado em 14/08/2009, às 17h16

O caminho era natural: depois de uma comédia tradicional com o personagem Ali G e um mockumentary (documentário ficcional cômico) de Borat, o comediante britânico Sacha Baron Cohen tinha um último personagem para transportar ao cinema, o fashionista austríaco Brüno.

E Brüno, o filme que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta, 14, fica exatamente no meio do caminho entre os dois trabalhos anteriores, colocando famosos reais (como Paula Abdul e o político Ron Paul) em situações constrangedoras, mas também se aventurando pela fantasia explícita.

O roteiro do longa-metragem é vago, mais parecendo uma montagem de vários segmentos curtos de um programa televisivo (não coincidentemente, o personagem nasceu na TV britânica, dentro do Ali G Show, que teve duas temporadas). A história segue as aventuras de Brüno que, depois de perder o emprego como apresentador de um programa de TV em sua terra natal, segue para Hollywood, onde espera ser reconhecido como estrela.

Mas a falta de definição do fio central da história fica em segundo plano. O que importa mesmo são as situações que ele enfrenta no meio do caminho, incluindo: uma fantástica simulação de sexo oral com o fantasma (invisível) de Rob Pilatus, do Milli Vanilli (a dupla do hit "Girl You Know It's True", que caiu no ostracismo depois da denúncia de que apenas dublava suas músicas); a incursão do austríaco em um programa militar de reabilitação; e uma participação em um programa de TV, no qual explica como trocou um iPod por um item essencial para qualquer interessado por moda: um bebê negro.

Tudo pode soar agressivo - e é mesmo. Mas Cohen é cuidadoso o suficiente para não se basear simplesmente no estereótipo gay, fazendo com que cada momento de graça também sirva como um ponto de partida para a discussão sobre preconceitos e hipocrisias do mundo "moderno".

Para Baron Cohen, Brüno também representa um ponto final. Depois de explorar seus três personagens mais famosos, para onde seguirá o humorista? Ainda é possível colocar as pessoas em situações constrangedoras tendo um dos rostos mais conhecidos da comédia mundial? É bom lembrar que Ali G Indahouse - O Filme, filme que não se baseava nesse artifício, não foi bem recebido nem pela crítica nem pelo público. O próximo passo para o artista talvez seja o mais difícil: provar que é maior do que suas criações.

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