Filme simples do diretor de Os Descendentes eleva o nível da competição
Maria Fernanda Menezes, de Cannes Publicado em 23/05/2013, às 09h58 - Atualizado às 13h11
O ator Bruce Dern estava há mais de 20 anos em papéis menores nas telas (como em Django Livre, em que fez o Velho Carrucan) e em participações em séries de TV, como CSI: NY). O diretor Alexander Payne, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2012 por Os Descendentes, fez jus ao grande talento do ator, que é pai de Laura Dern, ao escolhê-lo para dar vida ao velhinho Woody Grant em seu filme Nebraska, apresentado na manhã desta quinta, 23, em Cannes.
Foi uma das poucas boas unanimidades entre os críticos. A simplicidade, envolta por um roteiro adorável, fotografia em preto e branco e interpretações de alto nível, credenciam Nebraska a sair da Croisette, senão com a Palma de Ouro, com alguns dos maiores prêmios. "Recebi o roteiro há nove anos e me apaixonei por essa história ao mesmo tempo engraçada e melancólica", disse Payne em entrevista coletiva de imprensa.
No filme, Woody (Dern) crê que ganhou US$ 1 milhão ao receber uma peça de marketing de uma editora. Ele, então, resolve dar escapadas de casa, onde mora com sua mulher, a lúcida e prática Kate (June Squibb), para ir à cidade de Lincoln e buscar o prêmio.
Pressentindo problemas com isso, o filho caçula deles, David (Will Forte), o acompanha nessa viagem. Com o pai decaindo entre bebedeiras e pequenos acidentes, David decide pegar um atalho e visitar a cidade natal de seus pais, Hawthorne, na qual Woody logo vira uma semicelebridade ao dizer que ficou milionário, o que gera algumas subtramas interessantes e pertinentes ao roteiro; uma das melhores envolve o ex-sócio de Woody, Ed (Stacy Keach), que cobra velhas dívidas "agora que seu parceiro está rico e não vai deixá-lo na mão".
Entre momentos cômicos e outros solitários, contemplativos e melancólicos das relações humanas e familiares, os personagens de Nebraska tecem uma rica trama de situações bem dirigidas por Payne, observando a falta de perspectiva tanto para jovens quanto para os mais velhos. A relação entre pai e filho dos personagens de Dern e Forte tem uma sutil evolução, evidenciada pela boa pontuação de Payne na direção. "Alexander Payne está lá para te apoiar, você não se sente sob um grande risco, como era com Hitchcock, que me disse certa vez: 'Escolhi você porque você é engraçado, tenho vários takes perfeitos e nenhum é engraçado'. Payne vai pedindo mudanças aos poucos em vez de apenas me contar o que queria", desabafou, sendo em seguida muito aplaudido.
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