O mexicano Heli, terceiro longa do diretor Amat Escalante, e Bling Ring: A Gangue de Hollywood, dirigido pela habitué do festival Sofia Coppola, abrem as competições
Maria Fernanda Menezes, de Cannes Publicado em 16/05/2013, às 13h26 - Atualizado às 17h06
Os primeiros filmes em competição no 66° Festival de Cannes expuseram um olhar sobre situações sociais e crimes movidos por vingança e vaidade.
Encerrando a primeira noite do festival, a exibição do mexicano concorrente à Palma de Ouro Heli, terceiro longa do diretor Amat Escalante (que competiu com o filme Los Bastardos na mostra Um Certo Olhar, em 2008), chocou com a brutalidade de suas cenas, entre elas a de um pênis em chamas. O perpetrador de tal violência é um grupo de policiais de elite que busca pacotes de cocaína guardados na casa de Heli (Armando Espitia). O jovem mora com o pai, a mulher, a filha pequena e a irmã, cujo namorado lá escondeu a droga.
O elenco de não-atores passa por atrocidades indignas que beiram o surreal, mas se tratando da vingança de traficantes, o histórico do tema não poderia ser muito diferente. Assim, a trama passa a ser sobre manter-se vivo e são após uma desgraça familiar.
Essa também é a subtrama do filme de estreia da mostra Um Certo Olhar, Bling Ring: A Gangue de Hollywood, dirigido pela habitué do festival Sofia Coppola. Com Emma Watson no papel de uma aspirante a socialite – papel que a afasta de vez da esperta Hermione, tamanha é a estupidez dos atos da personagem dela –, o filme baseado em um artigo da revista Vanity Fair mostra os fatos que levaram um grupo de adolescentes a roubar casas de artistas em Hollywood, fazendo Lindsay Lohan e Winona Ryder parecerem anjinhos.
O culto à personalidade faz a gangue, liderada por Rebecca (Katie Chang), se unir a Mark (Israel Broussard) para roubar a casa de Paris Hilton (que realmente cedeu sua casa para as cenas e também aparece em uma ponta), quando descobrem em um site de fofocas que ela está em Las Vegas.
Outras amigas loucas por Chanel, Louboutin e Hermès se juntam às visitas a mansões, que no total deram prejuízo de cerca de US$ 6 milhões e puseram em voga a destruição moral a que a superexposição pode levar. Neste caso, isso culmina em uma das personagens "a-mar" estar na prisão com Lindsay Lohan – e justamente por ter roubado a casa dela.
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