"Queremos ficar cansados, para que pareça de fato uma turnê", contou o guitarrista Nicholaus Arson
Igor Brunaldi Brunaldi (@igg.zz) Publicado em 29/01/2021, às 09h00 - Atualizado às 14h27
Nesta sexta, 29, o The Hives toca no Brasil pela primeira vez desde 2014, quando fez um show no Cine Jóia, em São Paulo. Mas como obviamente a banda sueca não pôde vir fisicamente para cá, a apresentação será transmitida exclusivamente para a capital paulista, como se fosse de fato um show, e com ingressos vendidos da mesma forma (veja aqui).
A performance faz parte da World’s First World Wide Web World Tour, ou a Primeira Turnê Mundial Digital, que até agora já passou, nesse mesmo esquema mencionado, por Berlim, Londres, Nova York e Sydney.
Depois de São Paulo, a próxima cidade a receber o grupo será Estocolmo, onde eles encerram a turnê.
Ao longo das apresentação, os espectadores podem ligar para a banda, mandar áudio e até mesmo escolher ao vivo a setlist, interações virtuais que buscam diminuir a distância continental entre os músicos e a plateia.
Conversei com o guitarrista Nicholaus Arson minutos antes de ele entrar para o ensaio, lá na cidade de Estocolmo, e com a empolgação de um músico satisfeito com o próprio trabalho e provavelmente bem alimentado do almoço (afinal, se aqui eram 9h da manhã, lá eram 13h), ele me contou que a faísca dessa grande Turnê Mundial Digital nasceu do "aglomerado de algumas ideias", mas principalmente da saudade de viajar pelo mundo para tocar.
"Somos uma banda que vive fazendo turnê. A gente sempre está em turnê, mesmo quando tentamos não fazer turnê", contou.
E de fato, se levarmos em consideração que o último disco de inéditas do quinteto foi o Lex Hives, lançado em 2012, e apesar de todo esse tempo eles nunca terem parado de se apresentar, podemos ter uma boa ideia de quanta dedicação e esforço eles colocam nas performances, e como esse elemento se mostra mais essencial do que de fato lançar música nova.
Então, com a minha ingenuidade, trouxe à tona a questão do desgaste de viajar para várias cidades em pouco tempo, e como uma turnê virtual devia, aparentemente, cansar bem menos do que a tradicional.
Mas Arson respondeu sem hesitar: "Uma live não é uma turnê, mas se você fizer como a gente está tentando, dá pra sentir como se estivesse em uma".
Isso se deve não apenas à intensidade com a qual eles sempre tocam, mas também ao fuso horário, já que os shows acontecem em horários referentes à cidade nas quais a apresentação será transmitida ao vivo.
Em São Paulo, por exemplo, o show começa às 20h (horário de Brasília), o que significa que na Suécia, eles estarão tocando à meia noite. E logo em seguida, no dia seguinte, tocam para Estocolmo às 20h.
"Estamos cansados, e esse é o objetivo", continuou. "Queremos ficar cansados, para que pareça de fato uma turnê".
E certamente o cansaço não é algo que preocupa a banda neste momento, pois como ele me contou, os cinco integrantes estão com "muita energia acumulada do último ano e meio, e isso é o suficiente para que a gente consiga explodir".
No dia em que conversei com Arson, o Hives já havia feito três dos seis shows agendados, e sobre essa experiência inédita de fazer uma turnê virtual, ele contou com entusiasmo evidente na voz que o projeto "superou em muito as expectativas".
"Tem sido muito divertido. Foi incrível desde o primeiro show. Tudo funcionou, e estamos tocando possivelmente melhor do que nunca. Depois do primeiro show comentamos entre nós que essa talvez tenha sido a melhor coisa que já fizemos."
Assim, como quem diz "tô indo no supermercado", Arson revelou sem muita cerimônia que o The Hives tem nada menos que material suficiente para dois novos discos.
E não só isso: "estamos trabalhando em um terceiro", contou com a calma de um veterano da indústria fonográfica que não vê necessidade em lançar música só pela notoriedade e que também não tem a menor pressa em lançar algo com o qual não esteja completamente satisfeito.
O motivo para tantas faixas não terem sido lançadas ainda, além de todo esse cuidado artístico mencionado acima, é o fato de a banda realmente não ver sentido em colocar novas composições no mundo se não pode tocá-las em shows.
"Para nós, não faz sentido lançar um disco se não podemos fazer uma turnê com ele. A gente ia começar a gravar essas canções em março e abril, bem quando a pandemia começou, então ficamos presos em casa com esse monte de material, sem poder ir para nenhum lugar e gravar."
Assim como o do mundo inteiro (desde sempre), o futuro do The Hives é incerto. Não em relação a deixarem de existir, mas sim quanto aos próximos passos a serem dados como banda.
Dependendo de como 2021 desenrolar, caso ainda não seja possível realizar os shows presenciais que a banda já tem marcado há tempos, então eles vão focar as energias nos discos e em organizar uma continuação da Turnê Mundial Digital, com a adição do novo material.
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