Sem o vigor de antigamente

Chuck Berry destroçou clássicos do rock em show nesta quarta, 19, em São Paulo

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 20/08/2009, às 13h55

Chuck Berry tem, há quase 40 anos, fama de fazer shows abaixo da média. Ele não possui uma banda regular, não ensaia e destroça seus grandes clássicos, mudando as letras e tocando guitarra de qualquer jeito. Suas performances não duram mais que uma hora, sem bis ou colher de chá para o distinto público pagante. Nesta quinta passagem do músico pelo Brasil, em show nesta quarta, 19, em São Paulo, não foi diferente. Ou melhor: sim, houve algo novo. Desta vez ele não ficou nem uma hora em cima do palco. A atuação durou apenas 50 minutos - e os ingressos mais baratos custavam R$ 100.

O grupo de apoio foi formado por tecladista e baixista que o têm acompanhado nas últimas turnês, seu filho Charles Berry Jr. na outra guitarra e um baterista brasileiro. Apesar de bater cartão nos palcos tupiniquins, ele ainda conseguiu levar um bom público à Via Funchal. Mesmo com o aspecto "bate carteira" do show, o povo se divertiu. E se pioneiro do rock já não tem muito gás, é preciso levar em conta: aos 82 anos de idade, o norte-americano acumula mais de 50 anos de carreira e uma série de músicas que marcaram o começo do rock 'n' roll.

"Roll Over Beethoven" abriu os trabalhos; seguiram-se outros hinos, como "Carol", "Memphis", "Let It Rock", "Maybelline", "School Days" e "Sweet Little Sixteen". Como era de se esperar, "Johnny B. Good" foi a mais aclamada - e Berry aproveitou para arriscar uns 30 segundos do "duck walk", seu emblemático passo de dança. A apresentação também teve "My Ding a Ling", a musiquinha sacana que surpreendentemente levou Berry aos primeiros postos das paradas em 1972.

A noite terminou da maneira habitual, com uma versão estropiada para "Reelin' and Rockin'", ocasião em que a lenda convida algumas garotas para dançar em cima do palco, enquanto ele quase que finge tocar guitarra. As garotas desajeitadas rebolaram, e Berry saiu à francesa e não voltou mais. Como a performance foi menor, ficaram de fora "Rock and Roll Music" e "You Never Can Tell": não que isso tenha feito diferença, já que Berry iria decepcionar na execução, como em todo o repertório apresentado neste show.

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