Chuck Berry - Press Association/AP

Morre Chuck Berry aos 90 anos

O guitarrista, cantor e compositor foi encontrado na casa dele neste sábado, 18

Rolling Stone EUA Publicado em 18/03/2017, às 19h46 - Atualizado às 20h55

Chuck Berry, um dos pioneiros do rock and roll, morreu neste sábado, 18. O departamento de polícia do condado de St. Charles, do estado norte-americano do Missouri, confirmou a notícia no Facebook. Berry tinha 90 anos.

“A polícia do condado de St. Charles respondeu a um chamado de emergência na rua Buckner aproximadamente às 12h40 de hoje (sábado, 18 de março)”, diz a publicação no Facebook. “Dentro da casa, os policiais encontraram um homem inconsciente e imediatamente tentaram salvá-lo. Infelizmente, o homem de 90 anos não pôde ser reanimado e foi dado como morto às 13h26.” O texto ainda confirma que o homem era Chuck Berry e acrescenta que a família dele pede privacidade neste momento.

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Desde o primeiro hit, “Maybellene”, em 1955, Berry compôs uma coleção de músicas que se tornaram partes essenciais dos primórdios do rock: “Roll Over, Beethoven”, “Rock & Roll Music” e especialmente “Johnny B. Goode” eram odes à nova forma de arte que surgia – músicas tão importantes que tinham que ser dominadas por qualquer banda ou guitarrista novatos que viessem depois de Berry. Na adolescência, Keith Richards e Mick Jagger se aproximaram graças à paixão em comum pela música de Berry, e nas últimas cinco décadas as canções dele foram reinterpretadas por uma impressionante quantidade de artistas: desde os Rolling Stones, Beach Boys, The Kinks, The Doors e Grateful Dead até James Taylor, Peter Tosh, Judas Priest, Dwight Yoakam, Phish e os Sex Pistols.

Misturando blues e country, Berry também inventou um próprio estilo de guitarra que foi imitado por bandas desde os Stones e os Beach Boys até os grupos de punk rock. As letras dele – a maioria sobre sexo, carros, músicas e problemas – introduziram um novo vocabulário à música popular dos anos 1950. Nas canções, Berry captava a nova prosperidade pós-guerra dos Estados Unidos – um mundo, como ele cantou em “Back in the U.S.A.”, no qual “hambúrgueres chiam em uma grelha aberta dia e noite”. “Eu fiz discos para as pessoas que os comprariam”, Berry disse uma vez. “Sem cor, sem etnia, sem política – eu não quero isso, nunca quis.”

Nos anos recentes, Berry recebeu o Lifetime Achievement Award (prêmio pelas conquistas de toda a carreira) no Grammy de 1986 e entrou para o Hall da Fama do Rock.

Nascido em St. Louis no dia 18 de outubro de 1926, Charles Edward Anderson Berry aprendeu a tocar blues na guitarra enquanto era adolescente e se apresentou pela primeira vez no show de talentos da escola. Música foi seu primeiro amor, mas não necessariamente a primeira escolha de carreira. Filho de um carpinteiro, Berry trabalhou na linha de produção da General Motors e estudou para ser cabeleireiro. Com o pianista Johnnie Johnson (presença constante da banda ele nos anos seguintes), Berry formou um grupo em 1952. Depois de conhecer a lenda do blues Muddy Waters, Berry foi apresentado ao fundador da Chess Records, Leonard Chess, em 1955. Ele levou com ele uma música baseada no som country “Ida Red”. Com um novo título e letra, a música foi transformada em “Maybellene”. Depois, quando voltou lá, Berry levou a gravação dele da música e assinou imediatamente com a gravadora. “[a Chess] não conseguia acreditar que um som de country podia ser escrito e cantado por um cara negro”, Berry escreveu mais tarde, em 1987, no livro de memórias Chuck Berry: The Autobiography.

“Maybellene” chegou ao topo das paradas em 1955 e firmou a carreira e som de Berry. No fim dos anos 1950, ele tinha outros sete grandes sucessos: "Roll Over Beethoven", "School Day", "Rock & Roll Music", "Sweet Little Sixteen", "Johnny B. Goode", "Carol" e "Back in the U.S.A." Cada música tinha as marcas registradas de Berry: aquela mistura de batida propulsora, charme pesaroso e guitarra vibrante.

Em 1966, Berry saiu da Chess, a gravadora de longa data dele, e foi para a Mercury, mas o resultado foi uma série de discos abaixo do padrão e regravações fracas dos hits dele (uma notável exceção é uma jam com a Steve Miller Band no disco de 1967 Live at the Fillmore Auditorium). Em 1969, ele retornou à Chess e voltou a criar canções mais impactantes, como “Tulane”. Em 1972, emplacou um sucesso novamente com “My Ding-a-Ling”. O último disco de inéditas dele, Rock It, foi lançado em 1979.

Até a morte, Berry (que deixa para trás a esposa Themetta “Toddy” Suggs, com quem ele se casou em 1948, e quatro filhos) continuou a se apresentar em boates e cassinos. Ele morava em St. Louis mas costumava passar algum tempo em Berry Park, uma propriedade nos arredores de Wentzville, no Missouri. Como ele disse à Rolling Stone EUA em 2010, ele até ainda cortava a grama de lá. Questionado pela RS EUA em 1969 sobre o papel do rock, Berry disse: “Como qualquer tipo de música, ela une todo mundo, porque se duas pessoas gostam da mesma música, elas podem ficar lado a lado balançando e vão acabar dançando, e é uma questão de comunicação… então eu digo que é um meio de comunicação, mais do que outros tipos de música, para os jovens”.

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