Música integra o disco Brasa, lançado pelo artista no início de 2018: 'Entendi que faço parte dos que fazem pop estranho'
Pedro Antunes Publicado em 12/12/2018, às 10h00
No tal Amor 2.0, o emoji de amor (um coração vermelho e enorme, uma carinha amarela com corações no lugar dos olhos, e por aí vai) é uma declaração de afeto. A emoção se transforma em bytes. A troca de carinhos se dá pela rede, acontece na nuvem, em algum lugar distante do toque de pele.
Marcelo Perdido, com "Tesoura Sem Ponta", canta o que é o amor nos tempos de Instagram, WhatsApp, Tinder, entre outros tantos apps que funcionam como ponte entre pessoas distantes - e também afasta-as do contato real.
A faixa integra o disco Braza, lançado por Perdido ainda em 2018, o quarto do artista cuja ideia é traduzir cada estação do ano em um álbum: Brasa, o último da série, é quente, como é o verão (ou deveria ser, pelo menos, não fosse a loucura climática recente).
Cada faixa do álbum é produzida por um outro artista. E os nomes vão de Rafael Castro ("Bye Bye ButterFly") a Felipe S. ("Falta"), do Mombojó. Algumas delas também tem participações nos vocais, como Letrux (que canta em "Menina"), Laura Lavieri (voz em "Brasa") e Helio Flanders (em "Sinal").
Mas voltemos a "Tesoura Sem Ponta", faixa que ganha clipe, lançado em primeira mão pela Rolling Stone Brasil. A canção desse amor desalmado, virtual e asséptico tem a produção de André Whoong, artista que integra uma interessante geração que produz música pop, mas tortinha, estranha, que causam afago e estranheza no ouvido.
"Tesoura Sem Ponta" é doce, mesmo que melancólica. E, no vídeo, Whoong (foto acima) interpreta um sujeito que quer um novo amor, mas na dificuldade de lidar com esse novo mundo, volta para o antigo relacionamento (uma boneca, veja bem).
O clipe tem, como justifica Perdido, uma estética que une o non-sense da TV dos anos 1990, com referências aos programas de vendas de produtos do Shoptime, às cores vívidas do Instagram.
Como uma antena parabólica, Perdido capta as transformações sociais das mais sutis. São tempos doidos, de ódio nas redes, nas ruas, mas também de amor. De amores verdadeiros, falsos, virtuais. Um emoji, afinal, é algo ou só uma figurinha na tela do celular?
Assista ao clipe de "Tesousa Sem Ponta", de Marcelo Perdido, com André Whoong:
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