Com ou sem discursos políticos no palco, a música brasileira entrega um recado importante no segundo dia de festival em Goiânia
Pedro Antunes, de Goiânia* Publicado em 18/08/2019, às 15h53
Que baita época para se fazer música no Brasil. Do rap ao pop, do indie ao rock, a efervescência do noticiário político parece estar diretamente ligada à fervura musical. E o Festival Bananada está aí para provar.
Realizada sem o auxílio de leis de culturais de incentivo, a 21ª edição Bananada tomou pela segunda noite o estacionamento do shopping Passeio das Águas, em Goiânia, com palcos 4 palcos montados e música praticamente ininterrupta para 7 mil pessoas, mesmo número do dia anterior.
Se o primeiro dia no Passeio das Águas, na sexta, era possível traçar uma linha narrativa nas atrações, a partir dos shows de três dos grandes rappers da atualidade, com Black Alien, Baco Exu do Blues e Edgar, amparados por um line-up plural, a noite de sábado era diversidade na raíz até a ponta dos fios de cabelo.
Porque antes de Criolo tomar o palco Red Bull Music com a turnê poderosa Boca de Lobo e discurso poderosíssimo e carisma imbatível quando está debaixo dos holofotes, quem pisou por ali foi a colombiana banda Frente Cumbiero. Logo antes do rapper, no palco ao lado, o Natura Musical, foi a vez de Drik Barbosa flertar com funk, trap, além do seu habitat no rap.
Do outro lado do estacionamento, no espaço para os dois palcos do projeto Tropical Transforma, da marca de cerveja Devassa, haviam tocado por lá E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante (com um imersivo instrumental post-rock, post-tudo) e Romero Ferro (pop deliciosamente dolorido e safado).
Quando Criolo enfim surgiu no palco, o Bananada também já tinha testemunhado o discurso efetivo do OQuadro, a psicodelia orgânica da Catavento, o emo dilacerante e ruidoso da banda Raça, os devaneios da Glue Trip, a linda celebração do aniversário de João Donato em um show especial com Tulipa Ruiz, Luiza Lian reluzente, a efervescência inquieta de Bixiga 70 e Felipe Cordeiro, ufa.
Tudo é político, sem necessariamente precisar ser dito. A música fala por si, transforma. Trava Bizness entregou uma apresentação intensa, enquanto o Teto Preto mostrou porque é dona um dos melhores discos de 2018, Pedra Preta, ao encerrar a noite com peso, corpos livres, palavras afiadas e batidas pós-apocalípticas - e que recentemente foi censurada, em um episódio no festival Piknik, em Brasília.
Isso não quer dizer, contudo, que o discurso em si não tenha existido. Luiza Lian fez questão de citar que o shopping Passeio das Águas ganhou o nome do rio que foi coberto para a sua existência, antes de tocar "Iarinhas", aberta com o verso: "Essa rua tem o nome de um rio que a cidade sufocou". Pertinente ao extremo.
Já Drik Barbosa, ao dizer que não citaria o nome do Presidente Jair Bolsonaro, incentivou sem querer o gritos de "ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!" Logo ela respondeu: "Não, gente, não falem para tomar lá. Porque isso é bom! Vamos falar outra coisa". Mais genial e pertinente, impossível.
A Rolling Stone Brasil está no Festival Bananada para a cobertura do fim de semana de encerramento do festival. Neste domingo, 18, apresentam-se Pitty, Metá Metá, Duda Beat, Brvnks, Boogarins, Bruna Mendez, Terno Rei, Tuyo, Rodrigo Alarcon, Deb and the Mentals, entre outros.
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*O repórter viajou a convite da organização do festival
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