O Kiss se apresentou em SP na noite deste sábado, 17 - Thais Azevedo

Com fogo e sangue cuspidos, pirotecnia e décadas de hits, Kiss se apresenta em São Paulo

O grupo fez uma performance para 25 mil pessoas na Arena Anhembi com todo a mistura visual que tradicionalmente cabe à "banda mais quente do mundo"

Stella Rodrigues Publicado em 18/11/2012, às 01h39 - Atualizado às 12h01

Reza uma dessas lendas da indústria que o Kiss, um fracasso de vendas no início da carreira, viu sua trajetória mudar quando um produtor percebeu que, apesar do número baixo de discos que saíam das prateleiras, a banda sempre lotava seus shows. Daí veio a ideia de lançar Alive!, disco que registrou toda a força que o grupo ao vivo. Esse poder e presença de palco do Kiss têm se provado duradouros e puderam ser observados mais uma vez na noite deste sábado, 17, na Arena Anhembi em São Paulo.

Os maquiados cuspidores de fogo e babadores de sangue, que tocam suspensos no ar e sobrevoam a plateia, entre outras estripulias, ultrapassaram o conceito de show teatral e fazem uma mistura de musical com espetáculo do Cirque du Soleil. Cabem muitas (e barulhentas!) explosões, fogos de artifício, chamas sobre o palco e uma overdose de kitsch visual para Lady Gaga nenhuma colocar defeito. E, ainda, fazem tudo isso do alto de sapatos de plataforma. A desenvoltura deles certamente causaria inveja no fã da cantora pop que ficou famoso esta semana no YouTube se desequilibrando em cima de uma plataforma enorme na chegada ao show dela. Basicamente, o Kiss é a Las Vegas do hard rock, com referências estéticas exageradas, sobrepondo diferentes conceitos de extravagância, uma quantidade de luzes que arrepiaria qualquer ecologista e, há quem diga, uma tendência caça-níquel.

É verdade, entre polêmicas, mistérios e lendas que cercam os integrantes, o Kiss teve uma habilidade de se transformar em uma marca que poucas bandas de rock conseguem rivalizar. Ainda assim, por mais que o estilo visual da banda às vezes chame mais atenção do que a música em si, a quantidade de sucessos e o exército de fãs (vide Kiss Army) são suficientes para provar que sim, o Kiss também é muito importante musicalmente – e até hoje, não se trata de uma daquelas atrações sustentadas somente pelo saudosismo.

Os integrantes originais Paul Stanley e Gene Simmons, acompanhados de Eric Singer (baterista) e Tommy Thayer (guitarra), chegaram ao palco às 21h35 e logo as explosões e fogos já comerçaram, somadas à já clássica introdução da “banda mais quente do mundo”. “Detroit Rock City”, “Shout It Out Loud” e “Calling Dr. Love” começaram a performance e os 25 mil presentes (de acordo com a organização) logo mostraram a razão do Kiss ter voltado tantas vezes ao país. Não teve faixa sem coro animado durante toda a noite. Isso ficou ainda mais claro nas duas cancões seguintes, “Hell or Hallelujah” e “Wall of Sound”, ambas do álbum Monster, lançado no ultimo mês e trabalho que dá nome a atual turnê. Mesmo sendo novo, o material empolgou.

A festa seguiu com “Hotter Than Hell”, “I Love It Loud” (com Simmons nos vocais) e “Outta This World” (com Tommy Thayer nos vocais e iniciada com um coro, puxado por Paul Stanley, de “Tommy! Tommy!") . O momento dos solos dos músicos foi também a porção mais cheia de pirotecnia, com direito a uma bazuca, ou algo parecido, soltando fogos de artifício de cima do palco e Simmons cuspindo fogo e sendo suspenso por cabos para tocar “God of Thunder” do alto de uma plataforma.

A banda aproveitou alguns intervalos para mostrar todo seu carinho pelo público brasileiro, que tem uma forte ligação com eles. Pode até ser um número de “preencher a lacuna do nome da cidade e dizer algo edificante” mas, segundo eles, o coração do Kiss é de São Paulo, por mais que amem a Argentina, o Chile e outros países da América Latina.

O setlist continuou seguindo à risca a programação da turnê – quando se tem uma quantidade tão grande de elementos para sincronizar, acordes e fogos, sobrevoos e canções, não sobra espaço para improvisar. Depois de “Psycho Circus” e “War Machine”, Stanley “voou” por cima da plateia (foi transferido em um tipo de teleférico para uma plataforma no meio do povo) e de lá cantou “Love Gun”. Faltava apenas a bela “Black Diamond” para a pausa pré-bis. Antes desta, eles ameaçaram tocar “Stairway To Heaven”, do Led Zeppelin, como parte de uma piadinha: “vocês querem que eu toque uma música do Kiss?”, perguntou Stanley.

Para o bis estavam reservados os hits “Lick It Up” (com um trecho de “Won’t Get Fooled Again”, do The Who), “I Was Made for Lovin’ You" e o hino absoluto “Rock and Roll All Nite”, executada inteiramente sob chuva de papel picado e que marcou o auge da pirotecnia, além do final da apresentação. Antes de começar essa tríade, a banda tirou uma foto dela mesma em cima do palco com a multidão ao fundo e pediu autorização para uma eventual volta ao Brasil - que obteve, claro, volumosamente.

O Kiss já tinha se apresentado em Porto Alegre, antes de chegar a São Paulo e, agora, segue para o Rio de Janeiro. O show na capital fluminense acontece neste domingo, 18, no HSBC Arena.

Paul Stanley gene simmons kiss Monster Rock and Roll All Nite

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