Repertório de duas horas e 19 músicas transformou casa de shows em pista de dança; suingue compensou problema de acústica que prejudicou a compreensão das letras
Por Marcelo La Farina Cabrera
Publicado em 28/01/2009, às 11h42As firmes rimas de Ruzzo Medina, a energia de Yotuel Romero e a pose de Roldán Gonzalez fizeram jus à presença de 6 mil pessoas (número divulgado pela Via Funchal), que se deslocaram em meio a chuva e trânsito nesta terça-feira, em São Paulo. O trio de cubanos transformou a casa em uma pista de dança, mesmo com a acústica prejudicando a compreensão das letras, principalmente quando a voz anasalada de Roldán entrava em cena.
Misturando música latina e hip-hop, o grupo formado na Europa no fim da década de 90 subiu ao palco com mais de 45 minutos de atraso. O show estava marcado para as 21h30, mas as luzes da casa só se apagaram às 22h17, quando os cubanos abriram o show com a faixa título de seu novo disco de estúdio, Cosita Buena, ainda não lançado no Brasil. O ineditismo não pareceu ser um problema - provavelmente graças à internet, muita gente sabia a letra e cantou junto.
A simpatia e a energia do Orishas ganharam a casa principalmente em hits como "Nací Orishas" e "Represent, Cuba", entre os primeiros do grupo a estourar no Brasil. Durantes as duas canções, o público pulou e cantou em uníssono. Ao final de "Represent", uma bandeira de Cuba surgiu na platéia, e Yotuel fez questão de pegá-la, hasteá-la com os braços, beijá-la e então devolvê-la para o dono. O Orishas gravou alguns de seus discos fora da comunista Cuba, em alguns países da Europa.
A banda não dispensou discursos políticos, e Yotuel bradou, entre as canções, frases como "Viva Cuba livre! Viva Venezuela livre! Viva a América Latina livre" e "Todos os que estão aqui hoje são contra o racismo e contra a guerra, mas a favor da marijuana!".
Uma segunda etapa do show foi dedicada à divulgação do novo Cosita Buena. "Publico", "Mirame", "Machete" e "Bruja" (que tem clipe com participação da atriz Rossy de Palma circulando na internet) foram bem recebidas. E então balanceadas com "El Kilo", faixa-título do disco lançado em 2005, que ecoou com estilo antes do primeiro bis.
A pausa entre a despedida e o retorno não durou nem cinco minutos, quando o trio reapareceu acompanhado de seu trompetista, que dedilhou a inconfundível "Guantanamera", música símbolo da ilha de Fidel Castro. Subiu ao palco, então, o cantor cubano Fernando Ferrer, sobrinho de Ibrahin Ferrer, integrante do Buena Vista Social Club morto em 2005. Ferrer se apresenta em São Paulo junto com Anaí Rosa nesta quinta-feira, 29 (SESC Vila Mariana, 20h30).
Após outra despedida e rápida ausência, o Orishas voltou para mais um bis, desta vez, atingindo o clímax da noite. "Mística", "Atrevido", "A Lo Cubano" e "Hay Un Son" fizeram com que a platéia suasse até a última gota.
Para se despedir, Yotuel fez um agrado: "Saímos daqui com a sensação de que não foram vocês que vieram nos ver, mas, sim, de que nós voamos diretamente de Havana para ver vocês". O Orishas segue para Fortaleza (quinta-feira, 29), Rio de Janeiro (sexta, 30) e Belo Horizonte (sábado, 31).