Seguindo a ideia de Malévola, Cruella mostra o passado de uma versão completamente original da vilã dos 101 Dálmatas
Mariana Rodrigues (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 29/05/2021, às 11h00
Esqueça os 101 Dálmatas, pois Cruella apresenta uma versão completamente original, mais sombria e profunda de uma das maiores vilãs da Disney. Com enredo surpreendente, figurinos elaborados e atuações de peso, é um dos melhores live-actions do estúdio até hoje.
Estrelado por Emma Stone e Emma Thompson com direção de Craig Gillespie, chegou aos cinemas e ao Disney+ nesta sexta, 28 de maio, e acompanha a juventude da temida designer de moda. Apesar de seguir a premissa de histórias como Malévola (2014), o filme conta com apenas algumas referências da animação original e tem êxito ao fazer o público se afeiçoar por uma personagem a qual sempre foi uma grande vilã.
Nessa versão, Stone é Estella, uma jovem ambiciosa com sonho de se tornar uma grande estilista. Após perder a mãe na infância, muda-se para um velho apartamento com os amigos Horácio (Joseph MacDonald) e Jasper (Ziggy Gardner) e vive de pequenos furtos, até finalmente conseguir um emprego na Liberty, uma das lojas de departamento mais populares de Londres, Inglaterra, na década de 1970.
No entanto, o trabalho está distante de ter qualquer envolvimento com moda até ela ser convidada pela própria Baronesa (Emma Thompson) para ser uma das designers da marca. Mesmo assim, a relação com a nova chefe não é nem um pouco amigável, e Estella resolve aceitar o "lado Cruella" para criar a figura de uma estilista quem compete com a Baronesa pela atenção da mídia.
Emma Stone interpretou desde adolescentes como Olive, em A Mentira (2010), até personagens mais densas como Abigail, em A Favorita (2018). Em Cruella, consegue criar uma dualidade impressionante entre a tímida e sonhadora Estella e a determinada e ambiciosa Cruella. Apesar de serem a mesma pessoa, a atriz soube trabalhar muito bem os lados de cada uma.
Ao longo do filme, a jovem designer começa a se perder na sede de poder e deixar cada vez mais de lado o jeito sensível e emotivo, mostrando-se mais perversa e aproximando-se da versão de Cruella a qual conhecemos. Mesmo assim, devido ao passado complicado e às cenas emocionantes nas quais ela conversa com a falecida mãe, fica claro como essa Cruella não é a verdadeira vilã do filme.
Além disso, em termos de vilania, ela tem uma concorrente de peso. A princípio, a Baronesa parece apenas uma mulher forte quem manda no mundo da moda. Até certo ponto, a relação dela com Estella se assemelha muito a de Andy (Anne Hathaway) e Miranda (Meryl Streep) em O Diabo Veste Prada (2006). Mas diferente de Andy, Estella realmente está ali para provar o próprio valor e não apenas por falta de opções.
Ela é inteligente e vai fazer o máximo possível para mostrar isso ao mundo, no entanto, a Baronesa não hesita em tomar atitudes ainda mais cruéis para impedir a nova concorrente. Graças a genialidade do roteiro, Cruella apresenta um incrível arco de redenção ao longo do filme, o qual faz o público entender ainda mais as dores da personagem e tomar o lado dela da história. Mesmo assim, ela ainda está mais para uma anti-heroína do que mocinha.
Cruella também é um filme sobre moda. Em muitas cenas, os figurinos são as verdadeiras estrelas do show e contribuem não só para a estética do longa, mas também para refletir a personalidade dos personagens.
A designer Jenny Beavan soube muito bem como transmitir a essência da Baronesa em um visual refinado e elegante, com inspirações em nomes como Christian Dior e Cristóbal Balenciaga, evidenciando a preferência da personagem pelo clássico. São peça em tons mais neutros como branco, bege e preto, com cortes retos e um estilo mais próximo dos anos 1960.
Em contraste, Cruella se mostra muito mais rebelde e ousada, criando looks os quais lembram coleções de estilistas como Vivienne Westwood e Alexander McQueen. Apesar de não ter os mesmos recursos da Baronesa na hora de criar as próprias roupas, isso não a impede de utilizar a criatividade e refletir nos vestidos toda a ambição da personagem.
Muito disso deve-se ao ambiente no qual ela está inserida. Estella vive em Londres na década de 1970, uma época dominada pelo movimento punk, o qual preza por um jeito mais agressivo, audacioso e independente, do qual ela entende mais que ninguém. Era um período com grandes mudanças não apenas na moda e na música, mas também em um novo estilo de vida.
Assim como a Cruella, a Disney não teve medo de ousar nessa produção em todos os sentidos, resultando na fórmula perfeita para um filme que mistura a nostalgia da história original com a modernidade, capaz de unir o público de todas as gerações com uma trama surpreendente e, muitas vezes, de tirar o fôlego.
Cruella está em cartaz nos cinemas e disponível no Disney+ pelo Premier Access no valor de R$ 69,90. Confira o trailer:
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