A diva pop lançou Black Is King na última sexta-feira, 31, no Disney+
Julia Harumi Morita | @the_harumi Publicado em 03/08/2020, às 07h00
Beyoncé é a maior artista de nosso tempo. Entre divas pop cada vez mais aclamadas e discos icônicos, a Queen B ainda consegue ganhar destaque como nenhum outro artista é capaz.
No dia 31 de julho, a cantora divulgou o tão aguardado Black Is King, um álbum visual inspirado na narrativa da animação clássica da Disney O Rei Leão e nas músicas do álbum The Lion King: The Gift, trilha sonora do remake de CGI lançado em 2019.
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Mais uma vez, a artista explorou a linguagem dos discos visuais para construir uma narrativa sonora. O formato de produção não é novo. Há quem diga que os Beatles já tinham feito isso em A Hard Day’s Night, em 1964.
Michael Jackson e Prince foram outros artistas que chegaram perto do modelo que conhecemos hoje, na década de 1980, segundo a BBC America. Já a partir dos anos 2000, Daft Punk e Kanye West também produziram obras visuais para acompanhar as canções dos discos Discovery e My Beautiful Dark Twisted Fantasy, respectivamente.
Da mesma forma, a cena pop busca desenvolver álbuns inteiros ao redor de um conceito há algum tempo. Os lançamentos do gênero musical já não são mais compilados de singles. Cada cantor ou cantora procura percorrer uma trajetória autêntica.
Rihanna explorou os conflitos das relações pessoais dela em Anti, Lady Gaga criou o próprio universo em Chromatica, Lizzo esbanjou amor-próprio em Cuz I Love You e Billie Eilish compartilhou pensamentos sombrios em When We All Fall Asleep, Where Do We Go?.
Contudo, Beyoncé conseguiu levar a produção de discos para outro nível. A diva pop se aprofundou na intersecção entre os clipes e os longa-metragens para criar obras cada vez mais complexas e inéditas.
A Rolling Stone Brasil analisou a trajetória da cantora desde Beyoncé (2013) até Black Is King (2020) para entender como Queen B conseguiu revolucionar o pop, mais uma vez, com álbuns visuais.
Em 2013, Beyoncé lançou um disco homônimo e descreveu o trabalho como um disco visual. A cantora gravou um clipe para cada uma das 14 faixas do projeto, além de incluir três vídeos extras na versão visual de 75 minutos.
A obra retratou o lado sensual e sexual da artista, além de mostrar um envolvimento mais profundo com o feminismo, tema que já tinha sido abordado no hit “Run The World”, de 2011, e “If I Were a Boy”, de 2008.
A mensagem de empoderamento apareceu em evidência nas canções “Pretty Hurts”, “Grown Woman” e, principalmente, “Flawless”, que conta com um trecho do discurso We Should All Be Feminists, em português, Nós Todos Deveríamos ser Feministas, da escritora Chimamanda Ngozi Adichie.
Neste mesmo ano, a diva pop lançou o documentário Life is But A Dream. Em um dos trechos do filme, Queen B diz: “As pessoas não fazem mais discos. Elas apenas querem vender um monte de singles rápidos. E eles esgotam. E eles colocam outro [single] e eles esgotam [...] As pessoas não escutam mais um trabalho completo”.
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Em 2016, Beyoncé lançou Lemonade, um disco em que recapitulou o relacionamento dela com Jay-Z, revelou uma traição e o processo de reconciliação do casal por meio de 12 canções.
Desta vez, a artista dirigiu um média-metragem de 46 minutos ao lado de Kahlil Joseph, Melina Matsoukas, Todd Tourso, Rikayl Rimmasch, Jonas Akerlund e Mark Romanek. Além dos clipes para cada canção do álbum, diva pop criou capítulos, transições e recitou monólogos.
Com referências a ícones do movimento negro, como Nina Simone e Malcom X, Queen B relembrou as origens e visitou cenários que remetem ao sul dos Estados Unidos, local de nascimento da cantora e de grandes lutas raciais.
A produção também contou com um elenco de destaque: filha Blue Ivy, as atrizes Quvenzhané Wallis, Amandla Stenberg e Zendaya, a atleta Serena Williams e diversas outras mulheres.
Como o disco homônimo, Lemonade foi lançado sem avisos prévios e gerou um grande impacto no público desprevenido. A produção ainda foi sucedida por 4:44, disco de Jay-Z sobre o processo pessoal dele após o caso de traição, e Everything Is Love, obra colaborativa assinada pelo casal que encerrou a trilogia musical.
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No mês de junho, Beyoncé anunciou o lançamento do sétimo disco da carreira solo, Black Is King, no Disney+. A proposta era ousada: reinventar um conto infantil por meio de uma linguagem atual.
Mas a diva pop conseguiu superar as expectativas dos fãs. Com figurinos e cenários luxuosos, a artista apresentou uma fotografia impecável. Uma mistura dos símbolos da mitologia africana, cidade modernas, mansões, carros com estampas de animais selvagens, bailes de debutante e paisagens naturais.
O longa-metragem de 85 minutos foi gravado durante o período de um ano em países de três continentes: Joanesburgo, Gana, Londres, Bélgica e Estados Unidos.
A produção contou com a participação especial do marido, a filha mais velha, a mãe Tina Knowles, os cantores Pharrell Williams, Jesse Reyez, Tierra Whack e Kelly Rowland, além da vencedora do Oscar Lupita Nyong’o e a supermodelo Naomi Campbell.
Além de cantar e estrelar a produção, Queen B foi responsável pela direção, produção e roteiro ao lado de criadores do mundo inteiro, de acordo com a entrevista da cantora para o Good Morning America.
“Foi verdadeiramente uma jornada trazer esse filme à vida. Minha esperança, com esse filme, é que ele mude a percepção global da palavra ‘preto’”, disse a artista.
Em Beyoncé, a cantora impressionou os fãs ao lançar clipes para todas as canções. Já em Lemonade, ela mostrou genialidade ao criar uma narrativa cinematográfica com começo, meio e fim, lançada com exclusividade pela HBO.
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Com Black Is King, a artista levou a indústria da música para as plataformas de streaming de filmes e séries ao invés de premiações, canais de televisão ou do Youtube. Um lançamento inédito, global e imperdível, quase como a estreia de episódios novos de uma série.
A cantora se superou mais uma vez e aproximou ainda mais as produções sonoras das cinematográficas. Longe de ser um típico musical, o projeto traz um tom abstrato e está muito mais para uma narrativa conceitual do que para um enredo tradicional de cinema.
Black Is King é a elevação dos discos convencionais e até mesmo dos visuais. Uma obra que não pode ser só ouvida, mas deve ser vista para ser compreendida. Novamente, uma revolução de Beyoncé na música pop.
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