Carreira do artista no Kraftwerk influenciou a cultura pop nos anos 1980
Redação Publicado em 07/05/2020, às 11h28
Florian Schneider, cofundador do grupo alemão Krafwerk faleceu no final de abril, segundo anúncio de Ralf Hütter, realizado na quarta, 6. O duo, formado ao lado de Hütter, com a influência na sonoridade dos anos 1980 e na carreira de artistas como David Bowie, mudou para sempre o mundo da música, como lembra a Rolling Stone EUA.
“Kraftwerk não é uma banda. É um conceito”, explicou Schneider à Rolling Stone EUA, em 1975. “Nós chamamos de ‘Die Menschmaschine’, que significa ‘a máquina humana’. Não somos a banda. Eu sou eu. Ralf é Ralf. E Kraftwerk é o veículo para nossas ideias.” Hütter definia o colega como o “fetichista do som” no duo, o cérebro da invenção.
Para os críticos, como o jornalista Lester Bangs, da revista Creem, a música do Kraftwerk era “anti-emoção”. Nas palavras de Schneider, porém, “emoção é uma palavra estranha”. Talvez por isso, o anúncio da morte do cofundador do grupo alemão aconteceu apenas uma semana após o velório privado.
A trilogia Radio-Activity, de 1975, Trans Europe Express, de 1977, e The Man-Machine, de 1978, foram os principais trabalhos do Kraftwerk, e composições como “Ohm Sweet Ohm”, “The Hall of Mirrors” e “Neon Lights” mostram uma “dor muito humana”, mesmo na música criada por máquinas.
O trabalho do Kraftwerk desafiava os limites entre sons orgânicos e artificiais. “Não fazemos distinção entre um instrumento acústico como uma fonte de som e qualquer som no ar, ou uma fita fabricada. É tudo energia elétrica, de qualquer jeito”, continuou Schneider, na entrevista à Rolling Stone.
Schneider conheceu Hütter aos 21 anos, em 1968, nas aulas de flauta. Pouco tempo depois, fundaram o estúdio Kling Klang, na cidade Düsseldorf, “em meio a uma refinaria de óleo”, descreveu Schneider. “Tem fumaça e fogo ao seu redor, e quando você sai do estúdio, ouve esse som sibilante por todos os lados ao seu redor.”
Com “Autobahn”, de 1974, o duo teve o grande sucesso nos Estados Unidos. A música, com mais de 22 minutos de duração, faz ode ao sistema rodoviário federal alemão.
A influência do Kraftwerk dominou a década de 1980, dos DJs de hip-hop, bandas como Depeche Mode e Duran Duran, grupos punk como Big Black, aos pioneiros de eletrônica em Detroit, como Juan Atkins e Derrick May.
Bowie foi apenas um dos artistas inspirados pela música do grupo. Durante a turnê Station to Station, em 1976, o álbum Radio-Activity tocava. A música “V-2 Schneider”, do álbum Heroes (1977), é um tributo ao artista, com referência ao foguete V2, =míssil balístico usado pela Alemanha Nazi nas últimas fases da Segunda Guerra Mundial, principalmente contra alvos britânicos, como Londres, cidade natal do Camaleão do Rock.
Schneider deixou o Kraftwerk em 2008, e Hütter seguiu com o projeto. Uma turnê em comemoração aos 50 anos do grupo estava marcada para 2020, mas foi cancelada devido à pandemia de coronavírus. Em 2015, Schneider lançou o single “Stop Plastic Pollution”, a partir do som do gotejar de água em uma pia.
O legado do Kraftwerk influenciou a cultura pop, não apenas pela sonoridade revolucionária, mas também pelos métodos de trabalho de Schneider, que ensinou ao mundo como escutar a beleza das máquinas.
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