Bluesman se apresentou na noite desta sexta, 5, no Via Funchal, em São Paulo
pedro antunes Publicado em 06/10/2012, às 02h40 - Atualizado às 17h53
A lista de músicas mudou pouco de dois anos e meio para cá. E o que isso significa? Para B.B. King, nada. O bluesman não sabe o que é repetição, apesar do roteiro tão similar. Cada nota tem um significado, uma virtude e um motivo para estar ali e aqui. Tudo no momento certo. O Rei do Blues voltou a São Paulo na noite desta sexta, 5, para o mesmo palco onde se apresentou em março de 2010, mas, como sempre, tudo soou como se fosse a primeira vez.
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Responsável por isso é o próprio King, um garotão de 87 anos. O corpo pode não acompanhar como nos velhos tempos, ele pode precisar permanecer sentado toda a hora e meia em que fica no palco, mas nada disso parece incomodar – ele ou o público. A noite é de uma celebração, veneração e reencontro.
É a B.B. King Blues Band que dá início ao espetáculo, às 22h13, com um pouquinho de atraso, para deixar os mais ansiosos exaltados. Formado por um quarteto de metais, guitarra, baixo, bateria e teclado, o octeto forma uma mini-big band e vai esquentando aos poucos. Cada integrante tem direito ao seu solo. São momentos de brilhantismo do blues por quase 15 minutos.
É como se estivéssemos sendo preparados para o que viria a seguir. Uma iniciação à lenda que estava para chegar. E B.B. King surge num alvoroço de palmas, gritos e adoração em pé de um público acomodado em mesas distribuídas por toda a casa. Chega com pouca mobilidade e senta-se ao centro do palco. Acomodado, ele sorri como se fosse a primeira vez que se deparasse com o público. Ele veste um terno preto com detalhes em dourado e vermelho. Com as mãos, gesticula pedindo para que o público acalme e assente.
Com guitarra apoiada na coxa, a mão começa a fazer a sua parte. Vem o primeiro bend, o segundo, o terceiro e o público já está ganho. O solo continua com King percorrendo o braço do instrumento delicadamente, saboreando o som de cada nota produzida por ele. “Boa noite, senhoras e senhores”, diz ele, cordialmente. “E eu também amo vocês”, completa. Ele arrisca um “obrigado” enrolado, mas é bem recebido. “É a única palavra que eu conheço”, e ri, de novo.
B.B. King apresenta a sua banda, contrariando as regras. Com humildade, diz que gostaria de ser tão bom quanto o seu guitarrista. Ao apresentar o sobrinho, Walter Riley King, no sax tenor, aprende sua segunda palavra em português. “Como se diz? Sobrinho”, arrisca. Ao receber nova reposta positiva do público, o guitarrista solta uma nova gargalhada gostosa.
A banda, que continua tocando enquanto o músico se diverte e entretém a plateia, passa a executar a introdução de “I Need You So”. E logo King solta a voz, que ecoa pelo lugar. É grave e curtida nos mais de 50 anos de blues. Em seguida, vem “Everyday I Have The Blues", uma triste balada de um músico solitário.
Cada música tem uma parada, uma troca de gracejos entre o músico e público. “Key To the Highway” ganha uma interpretação emocionada de King. “So give me one, give one more kiss, baby”, suplica ele. É o blues sofrido vindo pelas mãos e voz de quem melhor sabe fazê-lo.
B.B. King parte para um momento mais descontraído com “You Are My Sunshine”, canção dedicada às moças da plateia. Ele gesticula e pede para que os casais se beijem. “Ei, você não beijou ele”, diz, na pausa durante a música. Depois, dedica “Rock Me Baby” para os rapazes.
“Vocês parecem cansados”, zomba o músico. E vem a sempre imperdível “The Thrill is Gone”. King brinca com a guitarra. São velhos amigos, afinal de contas. Companheiros inseparáveis desde os anos 40. Se a mão já não é das mais ágeis, ele usa as notas com a inteligência de sempre e a experiência que ganha a cada ano.
É a vez de “When The Saints Go Marching In”, hino gospel, e a noite vai se aproximando do fim. “Por mim, tocaria até amanhã”, diz o músico, mas é hora de dizer adeus. Um até breve, garante o próprio. “Eu posso voltar de novo?”, pergunta. E a resposta, claro, é positiva.
Ao fim do show, às 23h47, o público se aproxima. E o músico atende os pedidos de autógrafos, ainda de cima do palco. “Dirijam com cuidado na volta para casa”, pede. Com ajuda para se levantar da cadeira, ele aparenta a idade que tem pela primeira vez na noite. Não que isso manche a imagem de meninão grisalho com a guitarra nas mãos. Isso, sim, vai ficar gravado para sempre.
O músico, que já passou por Curitiba e Rio de Janeiro, volta a subir ao palco do Via Funchal neste sábado, 6. Neste domingo, 7, ele se apresenta no Bourbon Street Music Club, também na capital paulista. Saiba mais informações aqui.
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