Banda foi processada por suposta mensagens subliminares em álbum
Redação Publicado em 24/04/2020, às 11h43
Na década de 1990, o heavy metal enfrentou uma crise capaz de mudar a música como conhecemos. Judas Priest enfrentou um processo judicial após o suicídio de dois fãs, acusados pelas famílias dos jovens de colocar “mensagens subliminares” nas músicas. As informações são do site Louder Sound.
Em 23 de dezembro de 1985, James Vance, de 20 anos, e Raymond Belknap, de 18, teriam escutado Judas Priest, além de beber e fumar maconha, antes de ir até o playground de uma igreja local para cometer suicídio. Com o tiro à queima-roupa, Belknap morreu na hora, mas Vance sobreviveu e morreu três anos depois, devido complicações provocadas pelos ferimentos.
O trágico pacto de suicídio dos jovens gerou um processo contra o Judas Priest. Dois anos após a morte de Vance, as famílias dos jovens acusaram a banda de metal de veicular diversas “mensagens subliminares”, no álbum Stained Class (1978), para incentivar suicídio, muitas escondidas de trás para frente.
Para as famílias, a música “Better By You, Better Than Me” era um exemplo óbvio de incitação ao suicídio, com as frases “Vamos ficar mortos” e ‘Faça isso” entre as supostas mensagens escondidas. Os advogados de acusação atribuíram responsabilidade direta pela trágica morte de Vance e Belknap ao suposto conteúdo subliminar.
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O processo levou o Judas Priest e a gravadora CBS ao tribunal, em 16 de julho de 1990. Na época, o guitarrista Glenn Tipton fez questão de testar o álbum ao contrário. “É lógico que, se você tocar uma fala de trás para frente, alguma coisa vai fazer algum sentido. Então pedi permissão para ir ao estúdio e encontrar alguns acasos fonéticos perfeitamente inocentes. Os advogados não queriam fazer isso, mas insisti”.
Entre as “mensagens subliminares” acidentais no álbum Stained Class ao contrário, Tipton encontrou as frases “Ei, mãe, minha cadeira está quebrada”, “Me dê hortelã-pimenta”, e “Me ajude a manter o emprego”.
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“Não sabíamos o que era uma mensagem subliminar”, comentou Rob Halford sobre o julgamento. “Era apenas a combinação de alguns sons estranhos de guitarra, e meu jeito de exalar [o ar] entre as frases. Precisei cantar ‘Better By You, Better Than Me’ no tribunal, acapella, acho que nesse momento o juiz pensou ‘O que estou fazendo aqui? Nenhuma banda sai para matar os fãs’”.
O grupo ficou “destruído emocionalmente” pelas acusações, de acordo com Halford. “Aceitamos que algumas pessoas não gostam de heavy metal, mas não podemos deixá-los nos convencer de que é algo destrutivo e negativo. Heavy Metal é um amigo, causa grande prazer e alegria nas pessoas, e as ajuda em momentos difíceis”, defendeu o vocalista.
O juiz concordou com a existência de mensagens subliminares, mas “somente [era] discernível após identificar a localização, e depois de isolar e amplificar os sons. As mensagens não seriam conscientemente discerníveis para o ouvinte comum em condições normais de execução”.
O caso foi dispensado, mas se o julgamento acabasse de outra maneira, abriria precedentes para novos processos do tipo, o que poderia levar à censura e banimento de diversos álbuns e músicas de heavy metal, e, possivelmente, o fim dos contratos de bandas do gênero com gravadoras e complicações com os shows.
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