Em entrevista recente, Josh Homme foi irônico ao falar sobre o terrorismo e o Oriente Médio
Redação Publicado em 14/11/2015, às 18h50 - Atualizado às 19h10
Projeto de Josh Homme, do Queens of The Stone Age, e de Jesse Hughes, do Fatso Jetson, o Eagles of Death Metal é a banda que estava se apresentando no palco da casa de shows Bataclan, em Paris, na noite de sexta-feira, 13, quando um grupo de terroristas armados invadiu o local e abriu fogo contra os espectadores. O nome da banda, contudo, gerou confusão nas redes sociais.
Assim que as notícias sobre os ataques começaram a surgir na internet, elas foram acompanhadas de muitas especulações acerca do nome do grupo - que carrega a palavra "death" (morte) - e a respeito do tipo de sonoridade a qual ele se propõem. Muitas mensagens de usuários de redes sociais como Facebook e pelo Twitter ressaltavam que o Eagles of Death Metal é um representante de uma das muitas vertentes do heavy metal, conhecida como death metal e caracterizada por letras de extrema violência.
As conclusões, contudo, estão extremamente equivocadas. Reconhecida como uma banda que compõe letras recheadas de humor e sarcasmo, o Eagles of Death Metal é apenas um grupo de rock com influências de blues formado na cidade Palm Desert, Califórnia, em 1998. O nome da banda surgiu durante uma brincadeira entre os fundadores do grupo.
Hughes e Homme ouviam uma banda de death metal da Polônia, batizada como Vader e indicada por um amigo em comum, quando o líder do Queens of The Stone Age afirmou que a sonoridade do grupo era algo como "os Eagles do death metal", em uma referência à banda norte-americana que fez muito sucesso com a canção "Hotel California". A dupla, que procurava um nome para o novo projeto, concordou imediatamente que Eagles of Death Metal seria um título perfeito. Apesar das brincadeiras, o grupo não faz uma homenagem ao Eagles e tampouco se encaixa na categoria de death metal.
No mês de outubro, a banda lançou o primeiro registro de inéditas em sete anos, Zipper Down. “O álbum realmente representa para mim uma filosofia de vida. As pessoas deveriam ‘zipper down’ [abaixar o zíper] – e mostrar tudo!”, disse Homme à época. Em uma entrevista recente à Rolling Stone EUA, o músico foi extremamente irônico e citou ações terroristas ao explicar por quais motivos o Eagles of Death Metal ficou tanto tempo afastado dos estúdios.
"Houve uma série de problemas no Médio Oriente e muitas outras coisas, e lamentamos que isso tenha acontecido. Não era nossa intenção ter causado isso por não termos lançado um disco, mas pensamos que a partir de agora o mundo deverá voltar a dar-se bem, como acontecia antes." Ao ser questionado se Zipper Down seria uma resposta do grupo ao terrorismo, Homme foi ainda mais irônico: "Sim. Quando nós lançamos um álbum, a situação dos direitos humanos melhora, o mundo fica melhor, as pessoas ganham melhor, há menos raiva, as pessoas respeitam mais as mulheres e os homossexuais, e são em geral melhores umas para as outras. Foi por isso que achamos que chegou o tempo de iniciarmos este processo de cura".
Apesar de ter participado das gravações de Zipper Down, Josh Homme toca pouquíssimo ao lado da banda em apresentações ao vivo. O músico norte-americano não estava no palco com o companheiro Jesse Hughes quando os terroristas mataram aos menos 70 pessoas na casa de show parisiense na qual a banda se apresentava. O Eagles of Death Metal optou por interromper uma turnê europeia na qual faria mais um show em Tourcoing, no norte da França, antes de seguir viagem para a Bélgica, no domingo, e depois para Alemanha, Suíça e Holanda. A excursão estava prevista para acabar no dia 10 de dezembro após um espetáculo em Portugal.
"O grupo está voltando aos Estados Unidos", disse um encarregado da produtora responsável pelo Eagles of Death Metal. Na madrugada de sábado, a banda publicou uma mensagem no Facebook: “Ainda estamos tentando determinar o status de segurança e a localização de toda nossa banda e equipe. Nossas preces estão com todas as pessoas envolvidas na trágica situação”.
Saiba mais sobre a tragédia em Paris:
O grupo jihadista Estado Islâmico divulgou neste sábado, 14, um comunicado no qual reivindica a autoria dos atentados em série que atingiram Paris, a capital da França, na noite de sexta, 13, deixando 129 mortos e ferindo mais de 352 pessoas. Este já é considerado o segundo maior ataque terrorista contra civis na história da Europa. As informações são de agências internacionais como CNN e AP.
No texto, enviado ao jornal Le Monde, o Estado Islâmico afirma que "os ataques são apenas o começo da tempestade". Veja a nota abaixo:
"Oito irmãos carregando coletes suicidas e armas automáticas alvejaram áreas no coração da capital francesa que foram especificadamente escolhidas antes: o Stade de France durante uma partida contra a Alemanha na qual François Hollande estaria presente; o Bataclan, onde centenas de idólatras estariam juntos em uma festa da perversidade; além de outros alvos no 10º, no 11º e no 18º arrondissements. A França e todos aqueles que seguem seu caminho devem saber que permanecem o principal alvo do Estado Islâmico. Alá lançou o terror contra seu coração. Paris é a capital da abominação e da perversão. Paris tremeu sob os pés dos terroristas. Este não é nada mais do que o começo de uma tempestade e uma advertência para aqueles que queiram meditar e tirar suas conclusões".
O comunicado, que tem um tom ameaçador, veio à tona alguns minutos após o presidente da França, François Hollande, afirmar que o grupo é o culpado pelos ataques. "É um ato de guerra que foi cometido por um exército terrorista, um exército jihadista contra a França. É um ato de guerra que foi preparado, organizado e planejado no exterior, com cumplicidade de dentro da França."
François Hollande prometeu, em comunicado à nação, uma resposta "rápida e implacável" aos atos de terror e decretou três dias de luto nacional.
Este foi um de uma série de casos de terror registrados na mesma noite na capital francesa. Durante partida amistosa entre França e Alemanha, no Stade de France, barulhos de explosões fizeram com que o presidente nacional François Hollande fosse retirado às pressas do local. Atentados também teriam ocorrido nas proximidades do estádio, na periferia da cidade, e em dois restaurantes na região da casa de shows.
Hollande, que prometeu reagir ao ataque "sem piedade", deu uma declaração anunciando que o país está em estado de emergência pela primeira vez depois de dez anos – da última vez, por conta de distúrbios em bairros do subúrbio de Paris - e que as fronteiras foram temporariamente fechadas. A prefeitura de Paris aconselhou as pessoas a não saírem de casa. A Folha de S.Paulo publicou informações do Itamaraty de que dois brasileiros estariam entre os feridos. “Consternada pela barbárie terrorista, expresso meu repúdio à violência e manifesto minha solidariedade ao povo e ao governo francês”, escreveu pelo Twitter a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.
“A França é nossa mais antiga aliada. O povo francês manteve-se ombro a ombro com os Estados Unidos inúmeras vezes. Queremos deixar bem claro que permanecemos com eles na luta contra o terrorismo e o extremismo”, disse Barack Obama, presidente dos Estados Unidos.
O Eagles Of Death Metal está escalado para se apresentar na próxima edição do Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, dia 12 de março de 2016.
Após ataques em Paris, U2 cancela show que faria na cidade
O U2 anunciou em seu site oficial que cancelou o show que faria em Paris neste sábado, 14, diante dos atentados que arrasaram a cidade e fizeram pelo menos mais de uma centena de vítimas na noite desta sexta, 13.
"Como resultado do estado de emergência em que se encontra a França, o show do U2 em Paris, agendado para 14 de novembro, não será realizado", diz o início do comunicado. "O U2 e a [produtora] Live Nation, ao lado da HBO, que exibiria a apresentação como um especial, pretendem seguir em frente com o show em um momento apropriado".
O comunicado inclui uma declaração oficial da banda, que está em Paris, próxima às áreas onde ocorreram os diversos atentados. "Assistimos incrédulos e chocados aos eventos que se desenrolaram em Paris e mandamos nossos sentimentos às vítimas e suas famílias em toda a cidade. Estamos arrasados com as vidas perdidas durante o show do Eagles of Death Metal e estamos rezando pela banda e seus fãs. Esperamos e oramos para que todos os nossos fãs em Paris estejam a salvo."
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