Gonzaga - De Pai Pra Filho - Divulgação

Conheça Chambinho do Acordeon, o músico que interpretará Luiz Gonzaga em cinebiografia

Exclusivo: veja o primeiro cartaz de Gonzaga – De Pai Pra Filho, dirigido por Breno Silveira

Stella Rodrigues Publicado em 28/08/2012, às 16h58 - Atualizado às 17h49

Depois de levar uma trama sertaneja às telonas com 2 Filhos de Francisco - A História De Zezé Di Camargo & Luciano e usar as canções românticas de Roberto Carlos como pano de fundo de À Beira do Caminho, o diretor Breno Silveira investe mais uma vez na música com Gonzaga – De Pai Pra Filho. Trata-se de mais uma cinebiografia musical, como 2 Filhos..., mas desta vez dedicada à conturbada de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. A imagem ao lado (veja aqui ampliada) é do primeiro cartaz do filme, divulgado com exclusividade pela Rolling Stone Brasil. O rosto que estampa o cartaz é do músico Chambinho do Acordeon, selecionado entre mais de 5 mil candidatos para interpretar Luiz Gonzaga no cinema.

“Considero Luiz Gonazaga um baluarte [da música brasileira]”, conta Chambinho por telefone. “A bossa nova tem influência do baião e até a MPB tem uma influência muito forte dele Se for reparar, antes dele todos os cantores tinham aquela voz impostada, até mesmo no samba. Entre os cinco maiores da música popular, ele com certeza está no meio”, reflete. “Conseguiu urbanizar uma coisa que já existia lá no sertão - e com propriedade”

A história de como Chambinho (nascido Nivaldo Expedito de Carvalho), de 32 anos, chegou ao papel, daria um filme em si – especialmente se levarmos em conta a empolgação dele ao narrar dia a dia as lutas e as expectativas com o papel. A esposa o inscreveu para o processo seletivo sem seu conhecimento e foi escolhido para um teste. O problema foi que só depois o casal soube onde seria essa primeira parte da seleção: na Lapa. Ou melhor, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. “E eu moro em São Bernando do Campo” (São Paulo)”! Mas ele não se intimidou, resolveu investir mesmo. Alugou um carro e a santa esposa foi dirigindo a manhã toda, enquanto ele ia tentando decorar os textos. Chegando lá, alheio ao funcionamento do mundo da produção de cinema, cansado e tenso, o nervosismo fez com que esquecesse as falas e ele acabou fazendo o teste lendo. Ainda assim, foi selecionado para conversar com a equipe, que informou que ele acabaria forçado a abrir mão de fazer seus shows e teria que emagrecer para o papel. Passou para a etapa seguinte, agora com a participação de Breno Silveira, que avaliaria se o artista daria conta de aprender a atuar. “Passei uma semana com a Laís Correia, que treinou os meninos de 2 Filhos de Francisco. Era todo dia, das 7h às 17h, por uma semana”, relembra, orgulhoso. “Mas o Breno ainda não se deu por satisfeito. Nesse meio tempo da seleção, fui ao Nordeste para tocar”. Em certo momento da viagem, aproveitou que estava mais ou menos perto de Exu (PE), cidade de Gonzaga, e se abalou até lá, com a família a tiracolo, só para conhecer o museu dedicado a ele. “Como a cidade da minha mãe fica na região, procurei saber a distância que estava de lá e me disseram que eram 150 km, no máximo, 200 km... Sabe quanto deu? 300 km! Chegamos lá e já estava fechando, mas vimos o museu. E estava lá quando recebi a ligação dizendo que eu tinha sido selecionado!”

Chambinho lembra que o dia mais difícil no set foi quando a família do homenageado apareceu no set para uma visita. Rosinha, filha de Gonzaga, e Daniel, neto dele, deixaram o astro da produção nervoso. “Nesse dia não consegui render o esperado por conta da responsabilidade de ter pessoas da família ali. Mas eu me dediquei ao máximo”, diz ele, que não tem planos de trocar a carreira oficial pela atuação. “Minha ideia é continuar na música”, diz. “Se aparecer algo menor eu até pego. Mas pegar um protagonista é complicado.”

Pensando em tudo que aprendeu sobre o ídolo nesse centenário dele, em que diversas outras homenagens também estão sendo preparadas, Chambinho revela: “Fiquei surpreso com muitas coisas. Eu não sabia que ele tinha passado quase dez anos no exército; que ele deu mais de 300 sanfonas; que foi muito bom para Dominguinhos. Além de divulgar a música do nordeste, sempre foi muito bom com seus conterrâneos e não tinha apego por dinheiro. Uma das coisas que não sabia era isso: ele recebia um dinheiro, aí aparecia alguém falando que estava precisando de um remédio e ele tirava do saco – naquela época se guardava em um saco – e dava para a pessoa.”

E refletindo a respeito da relação pai e filho retratada tão intensamente no filme, pensa em como os dois eram muito parecidos, apesar de tão diferentes. “Eles eram iguais na teimosia! E na genialidade. Essa relação conturbada dos dois... o Luiz Gonzaga era um predestinado, o considero assim. Mas ele tinha essa questão da dúvida [da paternidade]”, diz ele - sempre houve uma dúvida se Gonzaguinha era seu filho biológico (vide trailer abaixo), alguns biógrafos garantem que a mãe dele, Odaléia, já estava grávida ao conhecer Luiz Gonzaga. “Eu acredito que eram pai e filho sim”, afirma o entrevistado.

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