Conheça Gloria, a protagonista - ou Last of the American Girls
Yolanda Reis Publicado em 14/04/2019, às 17h30
O Green Day lançou em 2004 o disco que o lançou de volta ao estrelato, American Idiot. A opera rock se torntou também uma peça e ganhou um Grammy.
Inspirados pelo sucesso, o disco seguinte da banda, 21st Century Breakdown, de 2007, também foi uma opera rock. O álbum será transformado em uma história em quadrinhos, e é visto pela banda como uma homenagem às "verdadeiras garotas rebeldes.”
O livro ganha o nome de Last of the American Girls (A Última das Garotas Americanas, em português), o nome de uma das faixas de 21st Century Breakdown , referente à protagonista da história.
O disco conta a história de Christian e Gloria, um casal de jovens lutando para sobreviver nos Estados Unidos pós-presidência de George W. Bush. A história é dividida em três partes: “Heroes and Cons" (Heróis e Contratempos), "Charlatans and Saints" (Charlatões e Santos( e "Horseshoes and Handgrenades” (Ferraduras e Granadas).
A seguir, uma análise faixa a faixa, contando a história do disco.
A primeira faixa tem o nome do disco, "21st Century Breakdown". É extremamente política e reflete o caos político e econômico dos EUA no final da década de 2000, com trechos como “Nasci durante a era [do presidente] Nixon e fui criado no inferno” e “Nascemos na era da humilhação, somos os desesperados em declínio, criados pelos bastardos nascidos em 1969. Meu nome é ninguém, sou seu filho perdido, nascido em 4 de julho [independência americana], criado na era de heróis e contratempos que me deixou para nascer ou morrer”.
Depois de dar o tom do álbum, o Green Day apresenta “Know Your Enemy”. A faixa indica que os verdadeiros inimigos são os políticos e convidam as pessoas a usar a violência como energia para vencê-los.
Então, com “¡Viva La Gloria!”, conhecemos a personagem principal: Gloria. Uma garota criada na pobreza, abandonada pelo governo, fazendo de tudo para sobreviver. Ela olha para o abismo da vida e não sabe o que fazer.
A solução encontrada para a geração abandonada seria a alienação, ou uma lobotomia poética. Em “Before The Lobotomy”, Billie Joe lamenta o descaso e as soluções encontradas para lidar com os problemas.
Em seguida, ouvimos “Christian’s Inferno”, e conhecemos Christian, novo protagonista - um menino cansado de tudo que quer só explodir o mundo. O casal se forma na música seguinte, “Last Night on Earth”, com uma paixão ardente. Sem mais nada, os adolescentes só têm um ao outro.
Green Day começa a nova parte falando também das soluções falaciosas encontradas pelo governo. Com “Eat Jesus Nowhere”, coloca o dedo na ferida da meritocracia e da sociedade atual, principalmente tradicionais religiosos, e da exclusão racial, e quem morre e vive por isso. “Você é um suicídio de sacrifício, como um cão sodomizado. Levantem, garotos brancos, sentem, garotas negras. Vocês são os soldados no novo mundo”, cantam.
Christian se revolta com tudo, e seu lado violento quer só uma coisa: vingança. “Peacemaker” mostra como ele quer encontrar paz pela luta. “Estou me levantando com um coquetel molotov em uma casa. Achou que eu só falava? Achou errado. Chama o pacificador”, diz a letra.
Em contrapartida, temos Gloria, não tão violenta, como descrita em “Last of The American Girls”. Falam sobre sua luta pacífica: palestras, greves de fome, vestindo para arrasar, ouvindo músicas de revolução.
Mas a coisa muda de figura após uma revolução que deu errado e resultou em violência de todas as partes. “Murder City” muda Gloria. E em “¿Viva La Gloria?”, podemos ver a personagem principal abandonada e correndo, afundada em drogas, desiludida. “Restless Heart Syndrome” mostra sua indignação com tudo, abafada entre remédios e lágrimas.
O último ato de 21st Century Breakdown é mais político. A primeira faixa, “Horseshoes and Handgranades”, é um apanhadão dos dois primeiros atos do disco, responsáveis, respectivamente, por mostrar os demônios internos de cada um, e a segunda, que tenta mostrar uma maneira de lidar com eles (choro, remédios, drogas) - mas sem perder a ferocidade.
Logo depois, “The Static Age”. Mais indignação. Nas rádios, televisão, propagandas - só coisas vazias e fúteis, mesmo com todos os problemas da sociedade descritos no disco. E o questionamento: se para tudo o mais existe remédio, qual é a cura para isso?
“21 Guns” foi a faixa que consagrou o álbum. Nela, Christian e Gloria “abaixam as armas e desistem da luta”. A resistência contra a sociedade parece vazia e não avança. E aí vem “American Eulogy”, ou “a benção da América”. Com o grupo rebelado tendo que se acabar de trabalhar só para pagar comida ou aluguel, permanece o silêncio, a revolução não encontra tempo para ser feita, e a alta sociedade parece feliz. A música faz uma recapitulação de tudo que os personagens passaram.
Por fim, “See The Light” fecha o disco falando sobre todos tentando achar um motivo para continuar vivendo, lutando e para, finalmente, “ver a luz.”
Blake Lively se pronuncia sobre acusação de assédio contra Justin Baldoni
Luigi Mangione enfrenta acusações federais de assassinato e perseguição
Prince e The Clash receberão o Grammy pelo conjunto da obra na edição de 2025
Música de Robbie Williams é desqualificada do Oscar por supostas semelhanças com outras canções
Detonautas divulga agenda de shows de 2025; veja
Filho de John Lennon, Julian Lennon é diagnosticado com câncer