Corredor do Frevo - Pedro Antunes

Corredor do Frevo celebra o ritmo considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco

Blocos muitas vezes centenários passeiam pelo centro do Recife em um circuito de pouco mais de um quilômetro, com direito a marchinhas tradicionais

Pedro Antunes, do Recife Publicado em 12/02/2013, às 22h18 - Atualizado às 22h46

As ruas do centro antigo do Recife borbulham ao som dos trompetes, tubas e dos foliões cantando as marchinhas antigas. Carnaval de rua, das antigas, floresce em pleno 2013, vivo e cheio de frescor. Tradição de blocos, às vezes centenários, mistura-se com fantasias modernas, como pai e filho vestidos de personagens dos filmes Transformers. É o Corredor do Frevo, um circuito de 1,1 Km de caminhada, mas que pode levar uma hora para ser percorrido de cabo a rabo no horário de pico, entre 16h e 21h.

É nesse período que 12 blocos atravessam a cidade, com roupas tradicionais e som típico. São conhecidos como grupos de pau e corda, justamente por usarem também violões e cavaquinhos. No circuito, são quatro estações, que funcionam como pontos de parada, com praças de alimentação, abastecidas com pasteis, espetos de carne, frango e bola de queijo. Em cada um deles, duas orquestras de frevo se revezam em cinco horas de música ininterrupta.

Com isso, a cidade não deixa de pulsar. Blocos que não participam oficialmente do Corredor também passeiam por lá, ocasionando choques (culturais, claro) entre frevo e maracatu. O circuito está no centro antigo há quatro anos, embora ele exista há muito mais tempo. “A ideia foi mesmo valorizar o carnaval daqui. É um espaço histórico”, diz Manuel Constantino, 55 anos, coordenado do Corredor. Ele, vestido de cangaceiro, facilmente poderia se passar por um folião. “Queríamos que as pessoas voltassem a vivenciar esses lugares, que desse visibilidade. É um ritmo que nasceu dos trabalhadores locais, lavadeiras, verdureiras, carvoeiros”, completa ele.

O gênero é ainda mais celebrado neste carnaval recifense em 2013, depois que o frevo foi considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco, em dezembro do ano passado. “É algo que vem de dentro de todo recifense e do pernambucano, de modo geral”, completa Constantino. A tradição está no tempo de existência dos grupos, como o Bloco da Saudade, especializado em canções antigas, de 1974, ou do Bloco Carnavalesco das Pás Douradas, que data de 1881.

O Corredor ainda não é facilmente reconhecido pelos moradores locais, que por repetidas vezes disseram desconhecer a nomenclatura dada às ruas tomadas por dançarinos. Mas, quando menos se espera, um bloco passa. Por ali, é fácil se perder em meio ao caos semi-organizado, no qual batuques se confundem com botecos, turistas se veem tropeçando e trombando dentro dos blocos, entre os dançarinos e outros curiosos. Mas, afinal, não é disso que o carnaval é feito?

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