CPM 22: Japinha, Fernando Sanches, Luciano Garcia e Badauí lançam álbum de inéditas após quatro anos de hiato - Penna Prearo/Divulgação

CPM 22 renova sonoridade em Depois de um Longo Inverno

Após quatro anos de hiato, banda retorna com álbum independente, influenciado pelo ska; "Não queríamos lançar um disco que todos estavam esperando", diz o guitarrista Luciano Garcia

Por Patrícia Colombo Publicado em 10/05/2011, às 12h33

Trio de metais e influência de ska em um disco do CPM 22? "Neste novo álbum, não queríamos ser uma cópia de nós mesmos, lançar um disco que todos estavam esperando", explica o guitarrista Luciano Garcia, em entrevista à Rolling Stone Brasil. A banda, atualmente um quarteto composto por ele, o vocalista Badauí, Japinha na bateria e Fernando Sanches no baixo (o guitarrista Wally saiu em 2007), está lançando Depois de um Longo Inverno, disco que dá uma nova cara à sonoridade do grupo.

"Estávamos ansiosos", afirma o guitarrista sobre a coletânea de inéditas, que deveria ter saído no final de 2010. "Fizemos tudo sozinhos, por isso acabou atrasando. Foi a primeira vez, desde o primeiro disco independente (A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum, de 2000), que a gente fez tudo como queria - músicas, produção, som, letras." A banda, que de CPM 22 (2001) a Cidade Cinza (2007) fez parte da gravadora Arsenal, chefiada por Rick Bonadio, agora retorna ao time dos independentes. Apoiado pela Performance Music, o grupo deixa transparecer certo ressentimento das grandes gravadoras. "Quando você tem uma gravadora que é sua parceira, está do seu lado e quer tomar as decisões junto a você, beleza. Agora, quando você está numa gravadora que começa a virar uma ditadura, daí a melhor solução é cada um ir para o seu lado", diz Luciano.

Melodias animadas permeiam o novo trabalho do grupo, apesar de temáticas não muito agradáveis que marcam presença em algumas das letras. "Abominável", por exemplo, fala de um homem "mercenário/ escravo da moeda/ cheio de razão/ com ele não tem conversa". Inevitável pensar que a canção tenha sido direcionada a algum parceiro musical do passado. "A carapuça tem tamanho P, M, G e GG. Se servir e ficar bonitinha, sem incomodar, fique à vontade [risos]", argumenta o guitarrista, completando que o turbilhão de acontecimentos destes últimos quatro anos (da saída de Wally à rescisão do contrato com a Arsenal) influenciaram Depois de um Longo Inverno. "Tudo de bom e ruim que aconteceu está aí."

Vale ressaltar, contudo, que a vibração otimista das melodias - bem como a que emana da ensolarada arte da capa de Depois de um Longo Inverno - contribui para sensação de que os integrantes não se deixam levar por acontecimentos negativos. "Não é mais irônico falar de uma coisa ruim, mas numa música para cima? Tivemos esta preocupação, que independente do assunto o clima do álbum fosse positivo", explica. Elementos antes raramente usados pelo CPM - do trio de metais ao violoncelo de Patrícia Ribeiro em "Minoria" -, por sua vez, foram inseridos com a intenção de expandir os horizontes musicais do grupo, contando ainda com a ajuda de Daniel Ganjaman, que trabalhou em alguns arranjos. A conexão com o ska veio naturalmente, por este ser um gênero que sempre esteve presente na vida dos integrantes, fãs de grupos como Skatalites e Reel Big Fish. Mas a ideia foi manter-se plural. "Tem ska, tem balada, tem punk rock. Tem de tudo um pouco", diz Luciano.

Depois de um intervalo de cerca de quatro anos desde o último disco de estúdio, a banda deve manter pausas maiores entre os álbuns. Luciano conta que um dos aprendizados dos 15 anos de carreira é o de não lançar um trabalho na sequência do outro. "Percebemos que, dessa maneira, é difícil conseguir se renovar", explica. "Não deu tempo de você ouvir outros discos, ler outros livros, ver outros filmes. Outras influências. A gente conversa sobre lançar um próximo só daqui a uns três anos. Mas isso pode mudar caso alguém da banda apareça com muitas inspirações."

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