Sabotage, Racionais MC's e Thaíde foram alguns dos nomes homenageados pela dupla neste sábado, 7, no SESC Pompeia
Bruno Raphael Publicado em 08/01/2012, às 02h21 - Atualizado em 27/01/2012, às 13h12
Em um encontro de dois dos grandes nomes da música nacional no ano passado, Criolo e Emicida fizeram neste sábado, 7, o penúltimo dos shows programados para inaugurar os palcos do SESC Pompeia em 2012. Com ingressos esgotados em todas as quatro apresentações, provou-se que 2011 foi o ano que realmente trouxe o rap nacional ao mainstream.
Com atraso de pouco menos de dez minutos, a apresentação teve início às 21h37. Dividido em quatro partes, como definiu o próprio Emicida em determinado momento, o show se intercalou entre canções dos dois rappers. "Rua Augusta", lançada como single da mixtape Emicídio (2010), e "Mais Uma Noite" tiveram suas rimas intricadas versadas a plenos pulmões pelo público, que em raros momentos parava de se manifestar e cantar junto. A banda de apoio, com direito a seção de metais e o produtor Daniel Ganjaman nos teclados, contava ainda com a cantora Juçara Marçal e o saxofonista Thiago França, do grupo Metá Metá, entre outros.
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No entanto, o público só pareceu satisfeito quando Criolo se levantou do banquinho em que cedia vocais de apoio aos versos de Emicida. A levada no baixo da introdução de "Mariô" mostrou o que era previsto: o público ali presente tinha mais adoradores do rapper oriundo do Grajaú, que com 20 anos de carreira conseguiu ser homenageado por ninguém menos que Chico Buarque em uma reinvenção de "Cálice". Das canções de seu segundo álbum, Nó Na Orelha (2011), apenas "Samba Sambei" não foi apresentada no show do SESC Pompeia. "Sucrilhos" e "Subirusdoistiozin" tiveram pequenas modificações ao longo de sua execução, com versos irônicos de Criolo como "papai, me dá o cartão de crédito, por favor!", inserida dentro de "Sucrilhos".
A volta de Emicida foi com "Vacilão", seguida de uma mistura entre "Ela Diz" e "Eu Gosto Dela", executada em versão mais lenta e "dedicada a todos os casais apaixonados", definiu o rapper, que demonstrou muito mais talento para mestre de cerimônias do que Criolo, bem mais introvertido. "Freguês da Meia-Noite", música mais recente de Nó Na Orelha a virar clipe, foi o momento em que o cantor mais se soltou, dançando e brincando com sua própria voz nos primeiros versos da música.
O ápice do "segundo ato" de Criolo, como estava previsto, foi em "Não Existe Amor em SP", eleita a melhor música de 2011 pela Rolling Stone Brasil. Com o acréscimo de uma guitarra solo em sua versão ao vivo, a canção ganhou ares de trip-hop e se assemelhou muito, no instrumental, a "Glory Box", do grupo Portishead, cuja linha de baixo provém de uma canção de Isaac Hayes.
Após "A Cada Vento", de Emicida, e "Lion Man" e "Grajauex", Criolo refletiu sobre a importância das pessoas acreditarem na arte e no ser humano. "O que importa são os corações", disse. "Tire isso de um homem e acabou." Logo após, vieram "Quero Ver Quarta-Feira" e "Linha de Frente", esta última um samba de partido alto que faz menções metafóricas aos personagens da Turma da Mônica, de Maurício de Sousa. "Cerol", de Criolo, foi cantada em coro junto a Kamau, Rael da Rima, DJ DanDan e Emicida, que exaltaram os versos "tirou sarro de mim pelas costas do meu nome, se eu sou branco demais pra ser crioulo e veja onde / mano, isso continua até quando, se eu já fui preto demais até para trabalhar no banco?"
"Triunfo", da mixtape Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe (2009), foi a canção de Emicida que mais animou o público, que pulava e jogava as mãos para o alto em meio ao calor e aglomeração do local. Retornando ao palco com uma blusa do Corinthians, Criolo ouviu os gritos de "Vai Curintia!", que ecoaram inúmeras vezes pelo SESC Pompeia, como já havia ocorrido no início do show. "É o Corinthians, vai fazer o quê?", brincou DJ DanDan.
O bis contou com um medley surpreendente, que serviu como homenagem aos grandes nomes da velha escola do rap e que serviram de influência para Criolo e Emicida. De "Fogo Na Bomba", do De Menos Crime, à "Capítulo 4, Versículo 3", dos Racionais MC's, o público teve a oportunidade de relembrar (ou conhecer) grandes refrãos e rimas dos anos 90, como "Sr. Tempo Bom", de Thaíde e DJ Hum. O show poderia ter acabado em "O Rap É Compromisso", de Sabotage, mas ainda vieram "Viva", de Emicida, e "Bogotá", de Criolo, que com seu ritmo funk fez o público dançar até o início da madrugada deste domingo, 8.
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