Juliano Alvarenga e João Ferreira, em entrevista à Rolling Stone Brasil, falaram sobre o processo de criação de Como Não Se Lembram
Isabela Guiduci | @isabelaguiduci Publicado em 17/12/2020, às 15h45
Em meio às dificuldades - emocionais e físicas - por conta da pandemia de coronavírus, a banda independente de Belo Horizonte, Daparte, encontrou um refúgio na arte e decidiu recriar a própria música a partir de experimentações. Com os integrantes em isolamento social, em um momento introspectivo e vasculhando os próprios sentimentos, o grupo permitiu encontrar o melhor da liberdade criativa.
Formada por Juliano Alvarenga (voz e guitarra), João Ferreira (voz e guitarra), Bernardo Cipriano (voz e teclado), Túlio Lima (voz e baixo) e Daniel Crase (bateria), a Daparte, que já tinha uma carreira sólida com o rock - e MPB - desde 2015, apostou fortemente nesses gêneros musicais com o EP Como Não Se Lembram, lançado no dia 27 de novembro.
Para 2020, a banda optou por adiar a estreia do novo disco e com isso, explorar novas sonoridades dentro do próprio rock e permitir elevar a criatividade nas composições, que resultaram no novo EP Como Não Se Lembram - um projeto criado e gravado inteiramente durante a quarentena.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Juliano Alvarenga e João Ferreira explicaram sobre a decisão de postergar o lançamento do disco para 2021 e como foi o processo de criação do EP Como Não Se Lembram, gravado e produzido por Bruno Barros e Arthur Damásio no estúdio Sonastério em setembro e outubro de 2020.
"Esse EP trouxe uma coisa nova para nossos fãs. A gente quis abordar, talvez para fortalecer um pouco o show, essa pegada mais rock ‘n’ roll que veio com o EP, esse sentimento de extravasar e uma liberdade que sentíamos falta. Ao meu ver, isso foi incorporado nas músicas do EP", explica Juliano Alvarenga.
A experimentação era o principal objetivo do grupo com o novo projeto - que conta com músicas que exploram ideias líricas. Com “Farol”, “Lá Fora O Tempo Dança” e “O Eterno em Caraíva”, as três canções que compõem o EP, a Daparte decidiu repensar a própria identidade para apresentar ao público um lado surpreendentemente criativo.
Juliano conta: "Resolvemos experimentar novos timbres, novos tipos de composições, letras um pouco diferentes do que costumávamos fazer. Abordamos assuntos que talvez nunca tenhamos abordado. No caso, até uma viagem de um amigo nosso para Caraíva, que é a música ‘O Eterno em Caraíva’. Fala dessa coisa de férias, de irmos à praia, de sentir falta disso em um momento em que estamos trancados em casa."
Assista ao videoclipe de "O Eterno Em Caraíva":
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As emoções também estiveram presentes ao longo das novas composições, como o músico afirma: "As outras músicas acompanham esse sentimento de saída, de fuga. Sem deixar de lado esse nosso traço de falar de relacionamentos. Talvez o single que tenha pegado mais a galera, que já tem a pegada do nosso segundo disco, é ‘Lá Fora o Tempo Dança’, que fala sobre relacionamentos e perdas."
As três músicas são bem diferentes e abordam temáticas divergentes, mas como Juliano diz "o EP atingiu um equilíbrio muito legal". Para o músico, com este projeto, a Daparte alcançou "até uma certa maturidade da banda, que alcançamos em ‘Farol’"- que para Juliano, inclusive, é a faixa "mais legal e mais madura" do grupo.
João acrescenta: "São três músicas completamente diferentes, apesar delas terem sido feitas em um momento que tem um foco muito grande em um sentimento. E isso foi muito legal para trabalharmos várias facetas da banda, experimentar bastante, coisas que fazia tempo que não visitávamos. É um trabalho que representa bastante a gente em várias instâncias."
"Sinto que chegamos a resultados muito legais com essas experimentações que rolaram na pandemia e talvez não tivessem acontecido se não fosse o momento turbulento que estamos vivendo", Juliano conclui.
Artisticamente, Como Não Se Lembram é um trabalho muito bem-construído. Não apenas pelas sonoridades e composições complexas e mais maduras como banda, como ressalta Juliano, mas também pelos belíssimos videoclipes das três faixas.
Assista ao clipe de "Lá Fora O Tempo Dança":
Os planos da Daparte incluíam lançar o segundo disco da carreira em 2020, que seguiria o lançamento de CHARLES (2018). No entanto, a pandemia fez com que a banda repensasse sobre os projetos para este ano - embora o grupo já tivesse até compartilhado alguns singles que integrariam o álbum.
Juliano Alvarenga explica: "Nosso plano de lançar o disco ano que vem, e não agora em 2020, é pensando nos shows que podemos fazer depois do lançamento e nas comunicações pessoais."
João Ferreira complementa sobre o adiamento: "Acreditamos que não faria sentido lançar um disco sem poder fazer shows e deixamos para 2021. O pessoal do Sonastério, que é muito amigo nosso, inclusive esse próprio disco foi gravado lá, convidaram a gente para fazer um projeto, que seria gravar sem muita pretensão e se quiséssemos lançar durante a pandemia para termos um material seria uma opção."
Com isso, o projeto de Como Não Se Lembram começou a nascer. João conta sobre este processo: "Com essa ideia, após ela evoluir muito, chegamos nesse veredito que a gente queria fazer um EP mesmo. Já tínhamos algumas composições que tínhamos feito durante a pandemia, mostramos para o pessoal do Sonastério e eles gostaram das músicas."
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"Junto com o Bruno do estúdio, começamos a gravar com bastante tempo. Logo vimos termos um produto muito legal e que representava bastante o que estávamos vivendo nessa pandemia", conclui.
O retorno do público em relação ao EP foi bastante positivo. Na data de lançamento, só no Spotify Brasil, foram 19,4mil streams em um dia. Você pode ouvir Como Não Se Lembram na sua plataforma digital favorita aqui.
Assista ao videoclipe de "Farol":
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