Na física teórica esse paradoxo existe para argumentar sobre os perigos e talvez justificar a impossibilidade de viajar para o passado
Vinicius Santos Publicado em 26/06/2020, às 11h35
Dark é uma das séries mais complexas presentes no catálogo da Netflix. Misturando sci-fi e filosofia, a produção ficou famosa por 'explodir cabeças' dos fãs que não conseguem entender os 'comos' e 'por quês' do enredo.
Porém, existe uma teoria na física que, se compreendida, ajuda muito a desvendar os mistérios da cidade de Winden. Trata-se do paradoxo de Bootstrap, também chamado de paradoxo ontológico.
Esse paradoxo de viagem no tempo trabalha com a possibilidade de informações e/ou objetos existirem sem terem sido criados. Após um objeto — ou a informação — ser enviado de volta no tempo, ele, recebido no presente, torna-se o próprio objeto ou informação que será inicialmente levado de volta no tempo.
Calma, vamos dar um exemplo. Imagine que, no seu aniversário de 30 anos, você encontra um velho que te dá um manual de instruções para a construção de uma máquina do tempo. Você então passa décadas para fazer o dispositivo e, após terminar, percebe que a última instrução do livro é: viaje ao passado para entregar as instruções para si mesmo.
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A versão mais velha de você então volta no tempo para entregar o manual e fechando o ciclo. Então, o manual foi criado por quem? Se ele já existia antes de você recebê-lo jovem e foi você mesmo, mais velho, que enviou o papel ao passado? A resposta é: O manual existe sem nunca ter sido criado.
Isso significa que o objeto ou informação no centro do paradoxo de Bootstrap é o responsável pela própria existência. Os teóricos encaram esse exercício de várias formas: alguns acreditam que ele é uma das provas da impossibilidade de viajar ao passado.
Já outros observam como uma possível amostra da predeterminação das coisas. E é com essa possibilidade que Dark trabalha. À seguir trazemos alguns exemplos da série (contendo spoilers das primeira e segunda temporadas) de paradoxos na série.
H.G Tanhaus personifica o exemplo usado no começo. O relojoeiro e físico recebe não só as instruções para construir a máquina do tempo como também lhe é dado o livro dele, Uma Jornada Atravéz do Tempo, anos antes dele escrever e publicar.
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O personagem tem ciência dos paradoxos e se diz um impostor, pois ele, de fato, nunca descobriu nada, pelo menos não sem a ajuda de viajantes no tempo.
O protagonista descobre inicialmente que é filho de Mikkel, um viajante no tempo. Até aí beleza, sem paradoxos. O problema começa na segunda temporada, quando Mikkel revela que foi o próprio Jonas que o guiou a entrar na caverna e ir para 1986. Logo, Jonas é responsável pela própria existência, sendo um paradoxo com pernas.
Quem aí se lembra de Exterminador do Futuro (1984)? John Connor envia Kyle Reese ao passado para que o soldado conheça e se apaixone por Sarah Connor, tendo um filho com ela, o próprio John. Em Dark acontece a mesma coisa.
Agora vem o mais complicado. A detetive Charlotte Doppler descobre que é filha da própria filha, Elisabeth Doppler. Ela nasceu em algum momento no futuro (ainda não mostrado pela série), filha de Elisabeth, e foi levada ao passado, onde ela teria uma filha, a própria Elisabeth!
Mãe e filha são, ao mesmo tempo, responsáveis pela própria existência e tá tudo bem demorar para entender esse caso, que é certamente um dos paradoxos mais esquisitos da série da Netflix.
As respostas para todos esses problemas que explodem cabeças devem ser respondidos na terceira e última temporada de Dark, que estreia neste sábado, dia 27.
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