Uma histórica de verão carioca: vários amigos adolescentes surfando, bebendo, flertando, e criando arrependimentos para duas décadas
Yolanda Reis | @_ysreis Publicado em 21/02/2021, às 17h00
Para alegria de uns, melancolia de outros, e nostalgia da maioria, Forfun lançou o primeiro disco oficial da carreira, Teoria Dinâmica Gastativa, nas plataformas de streaming, (antes, algumas faixas estavam disponíveis como gravação de um show no Circo Voador, Rio de Janeiro, em 2013). “Hidropônica”, “Good Trip,” “Costa Verde” e outras faixas estão - finalmente - ao alcance de uma playlist.
Mas os mais antentos (ou talvez os mais fanáticos) percebem: esse disco é o primeiro oficial, não o primeiro de todos. Em 2003, a banda lançou Das Pistas de Skate às Pistas de Dança, disco com demos quase caseiras de todas as faixas gravadas dois anos depois. Mas esse nasceu como uma maravilha para os adoradores do pop punk da virada do século: “Seu Namorado é um C****,” “Cara Esperto”, skate punk ao extremo!
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Mas o verdadeiro destaque de Das Pistas de Skate às Pistas de Dança (e Teoria Dinâmica Gastativa) é “História de Verão,” basicamente a música responsável por lançar Forfun ao estrelato. O formato quase quadrado da versão “rústica” do clipe revela uma verdade dolorosa: hoje, isso é quase um clássico. Se você chegou a assistir isso na MTV (ou - meu Deus! - no MySpace), também deve entregar sua idade - e a sua mudança de pista: agora, nem skate, nem dança. É vida adulta.
É normal. Acontece com todos. A vida se renova, não dá para fugir. Um dia, somos os adolescentes mais legais da cidade. No caso do Forfun, passeavam pelo Rio de Janeiro surfando, beijando na boca, lançando tattoos, mandando os problemas e geral tomar no c*. Eram a epítome da juventude. Antes de percebermos, porém, é hora de levantar do sofá, se sacudir, e “virar alguém”. Uns tornam-se advogados, outros jornalistas, alguns deputados…. Como Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
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Eduardo, 36, faz parte dessa galera que curtiu o Rio de Janeiro e a adolescencia-pop-punk-surf-skate-bebidas-drogas alucinada do começo dos anos 2000. Curtiu, aliás, perto de um dos ícones brasileiros dessa geração: o próprio Forfun.
Eram coladinhos. Evidência 1: uma foto publicada no perfil oficial da banda em 2014, na qual aparece “a rapeize do bodyboard Forfun” no comecinho dos anos 2000. Bolsonaro está à esquerda, prancha de surf na mão, cabelos molhados, sorriso no rosto. Evidência 2: novamente, os garotos do grupo. Agora, no clipe de “História de Verão”. Eduardo passa, sorridente, segurando uma latinha de cerveja e brincando com a câmera.
A bebida combinada ao discurso de moralidade da família Bolsonaro chocou quando, em 2018, a Vice fez uma matéria relembrando o “passado playson emo” de Eduardo. Como assim, filhos de um evangélico conservador bebendo, andando por aí com galera que assumidamente fala de maconha e loló, e grava vídeos vomitando e causando?
Por mais chocantes que pareçam as informações conflitantes, Rodrigo Costa, vocalista e baixista, explicou à época da matéria. Isso chama, simplesmente, adolescência: “Ótimos tempos, grandes Duda e Carlos [o outro Bolsonaro colado ao Forfun]! Todo mundo garoto, enchia a cara, fazia m****. Se conhecendo, conhecendo limites, aprendendo[...] Faz parte. Assim que cresceram, tomaram juízo.”
Crescidos ou não, deputados ou não, algo é certo: a chegada de Teoria Dinâmica Gastativa ao streaming causa nostalgia em todos os jovens da casa dos anos 2000, os quais passavam os dias ocupados em sol, festas e cervejas. O clipe com participação de Bolsonaro relembra essa fase com vários takes de brincadeiras extremamente irresponsáveis.
Nessa vibe da nostalgia, deixo abaixo alguns outros clipes do Forfun para você dar à mão e viajar para 2005 - com direito a bonequinhos emos feitos no Paint e um pouco de peso no coração por não estar mais nessa fase:
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