David Duchovny e Gillian Anderson de volta aos personagens que os consagraram nos anos 90 - Reprodução

David Duchovny fala sobre Arquivo X com exclusividade para a RS Brasil. Leia aqui.

David Duchovny fala sobre Arquivo X: Eu Quero Acreditar, que estréia nesta sexta-feira

Por Pablo Miyazawa Publicado em 25/07/2008, às 18h40 - Atualizado em 28/07/2008, às 10h33

Era 19 de junho, e nenhum jornalista do mundo havia assistido ainda a Arquivo X: Eu Quero Acreditar, segundo longa-metragem baseado em um dos seriados de TV mais cultuados das últimas décadas (e que estréia nesta sexta em circuito nacional). Nem a imprensa, nem mesmo seu principal protagonista, David Duchovny, o agente do FBI Fox Mulder. "Assisti ao filme em um monitor de TV, e achei fantástico", ele confessou, em entrevista por telefone, enquanto dirigia seu carro em uma freeway de Los Angeles. Confira a seguir a íntegra da conversa.

Bateu uma nostalgia ao reencontrar o mundo Arquivo X novamente?

De certa forma, fui perceber o quanto sentia falta de tudo quando reencontrei pessoas com quem passei tanto tempo junto, como o Chris [Carter, criador de Arquivo X], a Gillian [Anderson, a agente Dana Scully] e toda a equipe, lá no set de filmagem, em Vancouver (Canadá). Mas foi fazendo o filme e interpretando Mulder de novo que me dei conta do quanto eu sentia falta desse cara. Eu o respeito, gosto do jeito dele.

Nos últimos meses, você se envolveu profundamente com seu personagem Hank, da série Californication. Agora, você se reencontrou com Mulder, que é um cara bem diferente. É possível comparar os personagens, tecnicamente falando?

É difícil fazer isso sem revelar os segredos de minha profissão, mas confesso que encaro cada papel da mesma maneira. Eu simplesmente viro o personagem do avesso e tento criá-lo da maneira mais realista possível. Seja lá qual for o personagem, Hank ou Mulder, minha técnica para fazê-lo realista e interessante é basicamente igual.

Como foi atuar ao lado de Gillian Anderson após tantos anos?

Como eu disse, foi um prazer reencontrar pessoas com quem trabalhei durante quase uma década. Pra mim, a sensação é a mesma de uma daquelas grandes reuniões de família.

Você acredita que a conexão que vocês dois tinham na TV ainda será perceptível para o público hoje em dia?

Sim, esse é o tipo de química que pode ser comparada a de alguém que você amou ou teve um relacionamento na vida real. Digo, não é a mesma coisa, mas é o mesmo tipo de sorte - ou falta de sorte - o fato de você funcionar com alguém na tela ou não. Com alguns atores, seja homem ou mulher, ou você tem química de atuação, ou não tem. No caso, nós tivemos muita sorte de tudo o que fizemos juntos na tela ter funcionado tão bem.

Como você define o seu envolvimento pessoal com Arquivo X? É algo de que você não consegue se livrar, ou muito pelo contrário?

Bem, quando a série de TV acabou após oito anos no ar, nunca foi minha intenção encerrar esse trabalho. Eu sempre quis dar continuidade ao personagem em um filme para o cinema, porque achava interessante mostrá-lo em um outro estágio de sua vida. Foi essa uma das coisas que fizemos no filme: nós não paralisamos o Mulder no tempo. Seis anos se passaram desde o último episódio, e ele passou por várias coisas durante esse período. Sempre achei que, se tivéssemos a chance de fazer filmes baseados em Arquivo X, não deveríamos conservar os protagonistas jovens, nem mantê-los exatamente como estavam. Teríamos que acompanhá-los nos próximos passos de suas vidas.

E quem é melhor para você: o velho Mulder ou o atual?

[Risos] Eu não sei, isso é algo muito ligado a... [hesita]. Não sei como responder a essa pergunta. Os dois são muito interessantes pra mim. Eu não conseguiria voltar no tempo e interpretá-lo da mesma maneira que fiz há 15 anos, quando tudo começou. Eu fiquei feliz que não me pediram para fazer isso, e foi esse o motivo que me deixou mais satisfeito, porque o filme realmente mostra a ação do tempo sobre os personagens. Honestamente, eu não tenho muita certeza de como interpretaria hoje o Mulder "versão 1993".

O enredo do filme foi mantido em sigilo por muito tempo, e a imprensa só pôde ver o filme em cima da hora. Por que tanto segredo?

Bom, o filme funciona muito bem, então garanto que a maioria dos que estão ansiosos por ele não vai se decepcionar. Uma das razões para tanto segredo é que este é um daqueles filmes à moda antiga: é um thriller de ação, e as reviravoltas do roteiro são muito importantes para dar um clima à história. Quando você está assistindo, não consegue mesmo imaginar o que vai acontecer depois. Aquele clima de surpresa realmente existe. A gente meio que focou nisso, e até agora, deu certo. Eu não vou dar pistas sobre a trama, mas posso dizer que o tom lembra um pouco os dois primeiros anos do seriado, quando tínhamos episódios independentes que não eram ligados a invasões alienígenas... Eu o defino como um thriller inteligente, com toques de horror e sustos. É mais ou menos o que fazíamos no começo da série, e agora retornamos às origens.

Sobre o criador da série, Chris Carter: como você avalia o trabalho dele como diretor agora, em comparação com o que ele alcançou na série há alguns anos?

Chris estreou na direção fazendo o Arquivo X para a TV, e foi uma grande benção pra ele ter se dado tão bem em um programa tão tecnicamente desafiador e ao mesmo tempo tão frenético. Agora, esse filme foi uma responsabilidade enorme, muito maior do que qualquer coisa que ele já fez antes. Foi um grande desafio para um diretor de cinema de primeira viagem como o Chris. E ele correspondeu completa e absolutamente. Eu não vi o filme na tela grande ainda, só o assisti em uns monitores de TV, e está fantástico. Me deu a sensação de ver um daqueles thrillers clássicos.

Os fãs querem saber se Mulder e Scully vão um dia ficar juntos...

Sim, eu bem que gostaria de saber isso também.

Há previsão de um terceiro filme?

Bem, todos nós esperamos por isso. É parte do plano. Não fizemos esse filme para ser o fim da história, e sim para ser dar uma continuidade à série. Depende mais da performance financeira do filme. Se os fãs o aceitarem e corresponderem, ficaremos mais do que felizes em fazer outros. Eu faria, e acho que Gillian e Chris gostariam também.

Depois de todos esses anos, você ainda quer acreditar?

Sim, eu quero acreditar em um monte de coisas. Talvez não nas mesmas que Mulder. Mas eu acho que é o desejo de acreditar a coisa positiva que nos mantém vivos.

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