Diretor fez palestra para convidados e alunos em universidade paulistana, com direito a apresentação surpresa de Donovan Leitch
Por Márcio Cruz Publicado em 08/08/2008, às 14h38 - Atualizado em 18/08/2008, às 18h09
O cineasta, escritor e artista plástico norte-americano David Lynch, esteve em São Paulo ontem, 7, para a divulgação do livro Em Águas Profundas (Gryphus) e para uma palestra sobre cinema para convidados e alunos da Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP).
Um dos grandes nomes do cinema independente norte-americano, Lynch dirigiu, entre outros títulos, O Homem Elefante (1980), Veludo Azul (1986) e A Estrada Perdida (1997), além da cultuada série Twin Peaks.
Criatividade e Meditação
Acompanhado por uma tradutora e assessores, o cineasta, praticante de meditação transcendental há 35 anos, respondeu às perguntas dos cerca de trinta jornalistas presentes.
Enquanto isso, lá fora, mais de 400 leitores e fãs aguardavam.
Lynch já havia respondido a pergunta sobre o artista que melhor se aproximava do trinômio música, cinema e meditação (em sua opinião, o trovador Donovan Leitch, que, como os Beatles, viajou à Índia em 1968 para encontrar o líder espiritual Maharishi Mahesh Yogi), quando as cortinas foram fechadas para a entrada do público. Muito bem humorado, Lynch comentou: "Estranho".
Já com a sala lotada, uma cadeira a mais foi colocada no palco para a entrada de Donovan.
Na seqüência, Lynch explicou rapidamente a teoria do Campo Unificado. Segundo Maharishi Mahesh, o oceano de consciência atingido por meio das técnicas de meditação trasncendental. "É a felicidade infinita", resumiu Lynch.
O diretor ainda levou o público às gargalhadas com respostas ora curtas, socráticas e por vezes teóricas. "Fazer meditação ajudaria o público a entender melhor seus filmes?", perguntou um fã. "Compreensão infinita", respondeu Lynch.
Cinema
Às 20h30, depois de ovacionado pelo público, David Lynch iniciou mais uma rodada de perguntas e respostas no Auditório da Faap (o evento foi transmitido pelo site da instituição).
Desta vez, o foco era a obra cinematográfica do artista, mas Lynch voltaria a falar sobre meditação para explicar os avanços da prática promovida pela David Lynch Foundation em escolas nos Estados Unidos como meio para o combate da violência e a evasão escolar.
O artista quando jovem
"Por algum motivo, minha mãe se recusava a me dar desenhos para colorir, e ao invés, me trazia páginas brancas para eu desenhar", relembrou. "Na maioria das vezes eu desenhava armas", disse, ao ser perguntado sobre a origem de sua vocação artística.
Mais à vontade, Lynch chegou a elogiar a beleza de uma docente da casa na introdução de mais outra resposta. "Voce é uma professora muito bonita".
Recepção carinhosa
Ao final, David Lynch agradeceu a hospitalidade do povo brasileiro que descreveu como "carinhoso".
Ao final da palestra, Donovan ganhou uma introdução em vídeo antes de tocar cinco músicas. Claramente, o público, em sua maioria formado por estudantes entre 20 e 25 anos, não fazia idéia de quem estava ali.
Alguns foram embora, os docentes se transportaram no tempo para os anos 60, enquanto Lynch, no camarim, atendia a pedidos da imprensa e de alguns sortudos. Um final de dia singelo ao lado de um dos cineastas mais importantes e estranhos de nossos tempos.
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