O filme de 2013 mostra o amor entre duas irmãs - mas quase foi bem diferente e muito mais sombrio
Redação Publicado em 27/11/2019, às 15h01
Frozen (2013) foi um sucesso absoluto da Disney. É a animação com maior bilheteria da história, ganhou dois Oscars e dois Globos de Ouro, e figura entre as 11 maiores bilheterias da história. Naquele ano, quase todas as crianças (e alguns adultos, também) queriam ser Elsa e Anna, as irmãs reais que salvaram o reino em que viviam.
O sucesso foi tanto que Frozen 2 chegará aos cinemas ainda este ano, no dia 27 de novembro (EUA) - no Brasil, 2 de janeiro de 2020. A animação terá pré-estreia na CCXP19 em 7 de dezembro.
Porém, a história original não nasceu facilmente. A Disney Animations demorou quase 75 anos para fazê-la sair do papel, de tão sombrio que é A Rainha da Neve, conto no qual Frozen é baseado.
Existiram dezenas de versões de Frozen. Cada uma rejeitada por um motivo. E mesmo a versão recente viveu uma reviravolta radical - pois, inicialmente, Elsa seria a vilã impiedosa e Anna, a heroína.
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Separamos, abaixo, alguns acontecimentos bem sinistros de A Rainha da Neve, livro de 1844, e das versões anteriores que a Disney tinha para Frozen:
Frozen foi baseado em A Rainha da Neve, conto de fadas publicado por Hans Christian Andersen em 1844. O autor é dono de diversos contos e fábulas infantis, alguns dos quais já adaptados pela Disney, como A Pequena Sereia. Mas as histórias do autor escandinavo são bem mais sombrias do que aquelas mostradas nas telonas. Frozen, inclusive.
O conto original começa com alguns demônios naturais construíndo um espelho amaldiçoado que mostra o pior das pessoas. Ele se quebra, porém, em diversos pedaços. Qualquer pessoa que for atingida por um dos fractais terá o coração congelado, e nunca mais será capaz de amar.
E isso acontece com Kai e Gerda, dois irmãos. O primeiro, um menino, fica com o coração congelado de fato, e acaba sequestrado pela Rainha da Neve, que quer destruir o mundo e usar o garoto para isso. A vilã faz com que ele esqueça a irmã, Gerda. Mas a menina, embora também tenha sido atingida, consegue se livrar da maldição por meio da oração da fé.
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Ela, então, parte em uma aventura para resgatar o irmão e descongelar o coração dele para que ele possa voltar a amar. Basicamente, o que Anna faz com Elsa em Frozen.
A Disney demorou muito para chegar em uma adaptação boa de A Rainha da Neve. Tinha dificuldade em traçar uma personalidade para a personagem, que era apenas malvada - sem motivações concretas.
Chegaram a uma versão na qual Elsa e Anna não seriam da realeza, e nem mesmo irmãs. Apenas morariam no mesmo reino. Elsa seria a vilã, e teria poderes de gelo. Usaria essas habilidades para congelar o próprio coração depois de ser abandonada no altar. Até que ficaria bem irritada um dia, e afundaria o reino de Arendelle na neve.
Caberia a Anna, então, uma camponesa amorosa e inocente, reverter o cenário. Depois do surto de Elsa, iria atrás da vilã para tentar impedí-la. Hans, o príncipe traíra, ainda existiria nessa versão e iria com a namorada. Mas mostraria a “verdadeira cara” ao tentar impedir Elsa com um desmoronamento de neve que cairia em cima dela, matando-a.
Mas Anna também seria esmagada nisso. Hans não se importava com isso, porque só queria acabar com aquilo e conquistar o reino. O fato de Anna estar em perigo é que convence Elsa a “descongelar” o próprio coração e salvar a menina, conquistando o “poder do amor.”
A versão final de Frozen é bem diferente. Elsa e Anna são irmãs, e a primeira tem o poder de gelo desde criança, mas não consegue controlar. Para assegurar que tanto a irmã quanto o resto do reino fiquem seguros, foge e cria um reino de gelo para viver isolada. Mas Anna vai atrás dela para trazê-la de volta.
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Foi uma série de fatores que fez com que a Disney mudasse tanto a história. O primeiro deles é que achavam a história anterior muito clichê. Principalmente Elsa, que seria uma vilã clássica e sem “uma parte boa,” o que não faria sentido com a redenção do final.
A grande mudança aconteceu quando decidiram que Anna e Elsa seriam irmãs. Assim, com elas sendo próximas, era fácil construir Elsa, pois ela não seria mais uma vilã, e sim teria um medo constante de machucar a irmã. E Anna, sem conhecer os poderes, seria puramente amor pela família.
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“Agora, nós tínhamos um personagem em Anna que era toda sobre o amor e Elsa que era toda sobre o medo,” disse Peter Del Vecho, produtor de Frozen, à EW. “Isso levou Elsa a ter um caráter mais simpatizante em termos dimensionais, e em vez do tema tradicional do bem versus o mal, tivemos um que nos pareceu mais identificável: amor versus medo, e a premissa do filme se tornou que o amor é mais forte do que o medo."
Outro fator de mudança foi a possibilidade de explorar um tipo bem diferente de “amor” do resto dos filmes de princesas da Disney: nada de um príncipe encantando. Escolheram algo muito mais tangível: amor familiar.
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"Uma das coisas que Chris Buck [criador] tinha na maioria das versões do filme foi um momento em que o coração de Anna estava congelado e precisava ser descongelado. Chris disse 'Será que sempre precisa ser o beijo do amor verdadeiro que resolve esse problema? Será que sempre tem que ser o homem que vem e resgata a mulher? Poderia ser algo diferente?' e isso levou a um final diferente,” explicou Del Vecho.
“Agora que elas são parentes, Elsa tinha seu próprio medo e seria Anna que salvaria o dia em vez de Elsa, resgatando sua irmã – e seria esse ato altruísta que descongelou o coração de Elsa,” completou, ressignificando o amor nos conto de fadas e iniciando uma nova fase da Disney com Frozen.
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