O musical do astro do pop na Broadway causou polêmica e ainda nem está pronto
Redação Publicado em 24/04/2019, às 13h33
Lynn Nottage, escritora do espetáculo, em uma entrevista para o The Daily Mail, tocou em um assunto delicado quando falou que acredita nas acusações feitas por James Safechuck e Wade Robson, no documentário Deixando Neverland, sobre os abusos sexuais infantis que sofrerem pelo astro do pop.
Após o pronunciamento, os defensores de Jackson exigiram que Nottage fosse demitida.
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Não é a primeira vez que o documentário lança uma sombra de questões sobre o musical Don't Stop 'Til You Get Enough. Nas vésperas do lançamento do documentário na HBO, os produtores do musical - Columbia Live Stage e os responsáveis pelo legado do artista - adiaram a sessão marcada alegando uma questão trabalhista, cancelando a produção pré-Broadway planejada para acontecer em Chicago.
No entanto, agora os produtores dizem que está tudo organizado e que planejam estar na Broadway em breve.
Nottage, ao lado do diretor e coreógrafo musical, Christopher Wheeldon, deu uma entrevista para discutir sobre o documentário e o show.
Seguem os trechos editados da conversa, segundo o jornal The New York Times:
Quando o documentário saiu, você pensou em se retirar desse projeto?
WHEELDON: Não pensei nisso. Mas é obviamente desafiador com certeza — mas parte do que fazemos como artistas é que responder à complexidade.
NOTTAGE: Todas as emoções que eu estou sentindo são muito complicadas, e eu acho que muitas pessoas por aí estão processando e lidando com essas mesmas emoções. Eu vejo a arte que estamos fazendo como uma maneira de entender mais profundamente Michael Jackson e processar sentimentos, e, finalmente, é isso que o espetáculo pode fazer.
Algum de vocês acredita que Michael Jackson abusou das crianças?
WHEELDON: É uma pergunta muito difícil de responder, especialmente na posição em que estamos, fazendo esse musical agora. O documentário é muito verossímil, estamos tentando fazer um espetáculo equilibrado. Então, eu não tenho uma resposta definitiva para você.
NOTTAGE: É muito difícil ter certeza absoluta. Se eu acredito que ele era um pedófilo? Nenhum de nós pode dizer isso com absoluta certeza, Michael Jackson está morto, ele não está na posição de se defender. Dói meu coração pensar na possibilidade de que isso possa ser verdade, e rezo para que isso não seja verdade, e isso é tudo que posso fazer.
Você disse que acreditava nos homens que o acusavam...
NOTTAGE: O que eu estava dizendo, e o que eu queria dizer, é que os homens pareciam muito críveis. Mas aqui está uma advertência: Será mesmo que eles diziam a verdade? Eu não posso dizer 100%, porque eu não sou juiz ou júri, e não é o meu lugar fazer isso.
WHEELDON: Você não pode assistir ao documentário sem ser ficar profundamente perturbado, mas novamente, nós não somos juiz e júri. Em nosso processo, estamos encarando isso de frente, mas também estamos estudando as muitas facetas de Michael Jackson.
NOTTAGE: Nós não somos jornalistas. As pessoas têm que lembrar que somos artistas de teatro que examina a vida desse artista. Podemos fazer algumas perguntas, mas nosso trabalho não é responder a essas perguntas. Meu trabalho é refletir, interrogar e apresentar.
WHEELDON: E pintar uma imagem equilibrada. Sim, incline-se nas complexidades, encoste-se na escuridão, mas também reconheça a grande quantidade de música, filme e coreografia que Michael deixou para trás.
Colocaram alguma restrição sobre o que vocês poderiam abordar?
NOTTAGE: Não, absolutamente não. Até este ponto, e eu não acredito que eles irão. Inicialmente, quando nos sentamos para fazer esse musical, nós realmente tivemos uma conversa muito honesta com os responsáveis pelo legado do Jackson — que, se não pudermos contar a história completa, talvez não seriamos as pessoas certas para fazer isso. Eles sabem quem eu sou como escritora. Estou muito empenhada em abordar meu trabalho com honestidade e integridade.
WHEELDON: Eu não acho que Lynn ou eu estaríamos trabalhando nisso se sentíssemos que havia restrições sobre o que podemos e sobre o que não podemos falar.
Vocês já pensaram em desistir?
NOTTAGE: Estou muito comprometida com essa colaboração com o Chris. Até agora, criamos uma obra de arte da qual me sinto muito orgulho, e acho que seria uma pena se afastar dela agora. Criamos uma obra de arte que será muito sincera e bonita. Se eu tive noites agitadas e sem sono? Com certeza, provavelmente continuarei a ter até o dia em que estrearmos.
Alguns fãs pedem a sua demissão...
NOTTAGE: Haverá pessoas de todos os lados que, não importa o que criemos, nos condenarão, e estamos preparados para entrar nesse espaço muito difícil para fazer arte.
A base de fãs do astro é bem intensa.
NOTTAGE: Gostaria de pedir que os fãs respeitassem o processo e confiassem em nós como artistas. E de certa forma sinto o desafio de contar essa história, por causa da grande divisão que existe.
Qual é a sua abordagem para este projeto?
NOTTAGE: Nós não queremos criar um típico musical jukebox. Uma das coisas que eu rejeito é quando você tenta fazer essas histórias do começo ao fim — eu não acho que elas sejam interessantes. Então, estamos nos concentrando em apenas um período de sua vida que é realmente representativo como um todo — optamos por analisar o início dos anos 90 e, muito especificamente, a turnê Dangerous, que foi o ápice da sua jornada criativa.
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