- Duda Beat (Foto: Ana Alexandrino)

Depois do sucesso com sofrência pop, Duda Beat experimenta o amor-próprio em fase solar

Há um ano do lançamento de “Sinto Muito”, seu disco de estreia, a artista foi considerada uma das revelações de 2018

Nicolle Cabral Publicado em 24/05/2019, às 11h30

"Eu só quero dizer que pra mim você tanto faz / E não vou fingir que pra mim você tudo bem" é assim que Duda Beat, em “Bolo de Rolo”, ata e desata o nó de uma relação, lembra do conselho de sua mãe, e por fim, encara o seu processo de cura depois de uma série de frustrações amorosas.

Coincidentemente, ou não, Bolo de Rolo é um doce brasileiro, tipicamente pernambucano, lembrado pelo gostinho de goiabada no meio e o açucarado da massa na boca. É nesse “embolado”, unido ao aconchego do sotaque de sua terra nordestina, que Eduarda Bittercourt entregou ao público em abril de 2018, o seu diário aberto Sinto Muito.

O disco de estreia da cantora, radicada no Rio de Janeiro, é um retrato de dez anos e três relacionamentos cheios de desencontros, decepções, um pouquinho de esperança e no final a certeza em poder dizer “Sinto muito, mas não te quero mais”.

Cria da cena de música independente carioca, a artista se lançou profissionalmente fazendo participações como backing vocals em “Céu da Boca”, música que integra o disco Serviço (2014), de Castello Branco, e “Que Estrago”, do Letrux em Noite de Climão (2017), da performática Letícia Novaes.

Com apenas um ano, desde o lançamento do seu primeiro disco, Duda finca a sua presença na cena e coleciona participações em grandes festivais de música em diversas cidades do país. Em abril, chegou a se apresentar no Lollapalooza em São Paulo e está confirmada para a próxima edição do Festival Cultura Inglesa no dia 9 de junho no Memorial da América Latina.

Assista ao vídeo exclusivo dos batidores do Lollapalooza abaixo: 

 

Hoje chega a quase 3 milhões de visualizações no YouTube com o hit “Bixinho”, e além das canções do seu projeto, segue lançando sucessos como “Chega”, novo single em parceria com Mateus Carrilho e Jaloo, “Meu Jeito de Amar”, com Omulu, Lux & Troia e “Só Eu e Você Na Pista”, com Illy e Tomás Tróia.

Embora Duda não se considere um “fenômeno”, em seu último show na quinta edição do festival MECAInhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, a artista ouviu o seus relatos amorosos serem cantados em alto coro e bom tom, no maior museu de céu aberto do mundo.

Em entrevista para a Rolling Stone Brasil, Duda falou sobre como está sendo absorver todo o sucesso de Sinto Muito.

“As vezes é difícil cair na real do quanto eu influencio positivamente a vida das pessoas. Isso me deixa estonteada, porque eu poderia estar tocando em menor escala, em qualquer outro lugar. Mas ainda bem que as pessoas sentiram empatia pelo o que eu falo e isso está se reverberando”, conta a artista.

“É engraçado porque eu era uma menina que pintava a parede de quartos para juntar dinheiro e fazer o disco”. Com dois anos de intensa produção até chegar, com segurança, no resultado final, a artista contou com a produção e arranjos de Tomás Tróia, Lux Ferreira na faixa “Parece Pouco” e a mixagem de Diogo Strausz e Pedro Garcia, que também assina a masterização do disco.

A artista, que incorporou o tecnobrega, manguebeat e pop, deu luz ao lançamento orgânico da sua profusão de lembranças e nos faz revisitar alguns amores confusos, distantes e também do passado. Afinal, quem nunca teve aquele amor complicado que você não sabe se vai ou se fica? Como em "Bédi Beat", que introduz a sofrência pop do disco da cantora.

“E eu vivia à flor da pele, nem percebia / Visto que você nunca me ligou / Mas pergunta por aí como é que eu tô / De que tipo é o seu amor? / Me explica que eu tô tentando entender / Onde você quer chegar / Mas não sei o que você sente / Em qual língua você passa o dente / Fica difícil de adivinhar”.

Combustível das 11 composições, que juntas somam a totalidade de sua obra, suas intensas paixões e discussão sobre a efemeridade das relações amorosas deram coragem para que Duda tornasse sua vida pública e transformasse o seu disco no seu verdadeiro processo de cura.

Mesmo que as dores tenham passado, a artista revela que acha que sempre vai falar sobre sofrer por amor. “Foram 10 anos até eu conseguir encontrar um cara [Tomás, seu produtor, melhor amigo e atual namorado] que estava do meu lado a vida inteira e eu não tinha percebido”, confessa. “Eu ainda tenho um monte de histórias e a vida inteira para falar sobre isso”, conta.

Com desejo de lançar seu próximo álbum até junho de 2020, Duda assume que seu próximo projeto, no entanto, “é um disco de transição, porque ainda é um pouco da Duda triste para a Duda que encontrou um amor”.

“Talvez no terceiro [disco], eu esteja toda triste de novo, só o destino e Deus vai dizer”, conta a artista rindo.

Sinto Muito é um álbum cem por cento pautado pela honestidade dos relatos sobre frustrações amorosas e a certeza de sobreviver as paixões não correspondidas. Como um sábio, em algum recorte da história da humanidade, já disse: “Ninguém morre de amor.” Ainda bem.

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