Darren Aronofsky, conhecido por Réquiem para um Sonho e Cisne Negro, está em São Paulo; obra com Jennifer Lawrence e Javier Bardem tem causado controvérsia por onde passa
Paulo Cavalcanti, de São Paulo Publicado em 19/09/2017, às 17h18 - Atualizado em 20/09/2017, às 16h33
Para quem faz filmes tão intensos – e, muitas vezes, perturbadores – como Réquiem Para um Sonho, Cisne Negro e Noé, o diretor e roteirista Darren Aronofsky até que é um sujeito leve e com senso de humor. Ele está em São Paulo para falar de Mãe!, seu mais recente trabalho, estrelado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem. O longa entra em cartaz na próxima quinta-feira, 21.
Trata-se de mais uma obra complexa, na qual Aronofsky coloca na tela grande sentimentos dele próprio, entre inquietações filosóficas e religiosas. “Em qualquer um dos filmes que faço, existe pelo menos um personagem em cena que diz o que eu penso e age como eu agiria naquele momento”, explica o diretor em entrevista coletiva nesta terça, 19. “No caso de Mãe!, eu me coloco no papel da Jennifer Lawrence, já que ela simboliza a Terra, que está sendo devastada e degradada a cada dia. Me preocupo com isso – e muito –, e ainda tenho esperança de que as coisas possam mudar.”
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Segundo Aronofsky, o conceito geral de Mãe! nasceu rapidamente. “Algo que me incomoda no processo cinematográfico é que tudo leva muito tempo. Eu queria fazer algo como os cantores e compositores, que têm uma inspiração, pegam o violão e já saem com algo pronto.” O cineasta conta que em apenas cinco dias escreveu o primeiro roteiro.
O trailer e os teasers lançados previamente levaram o público a ficar na expectativa por um horror similar a O Bebê de Rosemary (1968), clássico de Roman Polanski. “No geral, não tem nada a ver, mas esta foi uma pista falsa muito bem plantada e fez com que as pessoas pensassem a respeito e comentassem”, afirma. Ainda que a comparação não seja de fato adequada, Mãe! é um filme chocante – ainda mais por ter no elenco, além de Jennifer e Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer. “Com atores como estes, podem pensar que é um filme ‘normal’. Mas não é o caso de Mãe!.”
As analogias religiosas e as citações ao Antigo Testamento da Bíblia são bem evidentes, algo que o diretor em nenhum momento quis sublimar – e ele explica que, para quem quiser fazer conexões entre as referências e os personagens, basta olhar como eles são chamados, algo que só é explicitado quando sobem os créditos ao final do filme (eles não têm nomes; Jennifer, por exemplo, é creditada apenas como “Mãe”). Se a religião está presente, não se pode dizer o mesmo de conotações políticas. “Ele foi idealizado e filmado antes da eleição de Donald Trump”, esclarece, embora não seja nada fã do presidente dos Estados Unidos.
Aronofsky revela não estar surpreso com o fato de o filme estar sendo mal recebido pelo grande público norte-americano (alguns sites de cinema com votação aberta exibem cotação mínima). Para ele, foi um risco calculado: “O filme é bem agressivo, sim. Se você dá um soco, então vai receber um soco de volta”, analisa. “Em compensação, aqueles que entenderam a proposta abraçaram o filme de forma intensa. Tem muita violência, mas é tudo muito real. Um tiro em Mãe! é como um tiro na vida real, não como em filmes de ação comerciais. Podem falar o que quiserem do filme. Só não quero que achem que ele é falso.”
Ao longo da conversa, fica claro que Aronofsky não tem problemas em falar sobre todos os aspectos desse trabalho, exceto um: ele não abre o jogo sobre um misterioso líquido amarelo que a personagem de Jennifer ingere ao longo da narrativa, em cena que aparece no trailer. “Isso eu vou levar para o túmulo”, garante.
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