Guillermo Del Toro cria uma obra visualmente única, mas baseada em uma história rasa
Paulo Terron Publicado em 09/08/2013, às 12h44 - Atualizado às 13h07
De certa forma, Círculo de Fogo é mais uma experiência do que um filme. Guillermo Del Toro acumulou anos de paixão por Kaijus (os monstros japoneses gigantes, ao estilo do Godzilla) e robôs tão grandes quanto eles (“só os gigantes”, ele sempre faz questão de lembrar. “Não me interesso muito por robôs em geral”) e criou um ambiente que é proporcionalmente fantástico e realista.
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No longa, que estreia nesta sexta, 9, um grupo militar administra o projeto Jaeger – que construiu os tais robôs gigantes, também chamados pelo mesmo nome –, criados para combater monstros de outra dimensão que sistematicamente invadem a nossa por meio de uma fenda no Pacífico. Quando uma nova estratégia de combate surge, resta aos oficiais do Jaeger provar que são insubstituíveis.
E aí começa o grande problema de Círculo de Fogo: ele entrega um visual fantástico, com lutas extraordinárias (e realistas, por mais incrível que isso pareça) – mas a história pessoal dos personagens é rasa, beirando a estupidez e se apoiando em clichês. Idris Elba (da série britânica Luther) é Stacker Pentecost, comandante do Jaeger, que adota uma órfã, Mako Mori (a atriz Rinko Kikuchi, de Babel), vítima de Kaijus que atacaram o Japão. E ela, claro, acaba se tornando piloto de um robô gigante, ao lado de Raleigh Becket (Charlie Hunnam, da série Sons of Anarchy).
Acontece que, devido ao tamanho das máquinas, é preciso que dois humanos a operem. E, para isso, eles se conectam mentalmente – assim entrando em contato com os segredos mais íntimos um do outro, o que, curiosamente, não os impede de se perguntarem “está tudo bem com você?” o tempo todo.
Talvez seja parte da estratégia: quando Círculo de Fogo ainda estava em processo de finalização, Del Toro e o roteirista Travis Beacham já trabalhavam no roteiro de uma ainda não confirmada continuação (e os atores assinaram contrato para três filmes). Pode ser que o diretor tenha optado por reforçar o aspecto visual no primeiro volume, apenas abrindo caminho para a série. Pensando assim, Círculo de Fogo é uma experiência única que deve ser saboreada pelo que realmente é: diversão pura.
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