Duas gerações do rock

O baterista Bud e o vocalista e guitarrista Rome, do Sublime with Rome, falam sobre a participação no Lollapalooza Chile, a vinda ao Brasil em maio e do show que fizeram no SWU no ano passado

Por Stella Rodrigues

Publicado em 02/04/2011, às 13h52
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Sublime with Rome virá ao Brasil para oito shows, em maio, e se apresenta no Lollapalooza neste domingo, 3 - Divulgação

Conversar com o baterista do Sublime With Rome, Bud Gaugh, de 43 anos, e com o novo cantor e guitarrista do grupo, Rome Ramirez, de 22 anos, é perceber a diferença clara de visões de como viver a vida de roqueiro. Direto de um estúdio em El Paso, no Texas, onde trabalham na gravação do primeiro álbum com esta formação da banda (leia mais aqui), concederam entrevista ao site da Rolling Stone Brasil, às vésperas de desembarcarem na América do Sul para participar da primeira edição do Lollapalooza Chile (onde se apresentam neste domingo, 3).

Bud, apesar da empolgação de visitar um novo país da América Latina ("O Chile, de verdade, sempre foi um dos lugares do mundo que gostaria de ver"), não esconde o ar mais moderado, sério e objetivo, beirando o blasé, por vezes, de seu discurso. Ao falar sobre a turnê de oito datas que faz no Brasil em maio, explica que foi necessário que muitas estrelas se alinhassem para que a oportunidade fosse criada. "É muito difícil para a gente fazer turnê por aí. É muito caro e não temos a quantidade de fãs que temos nos Estados Unidos ou na Europa para bancar a produção. E, além disso, não posso levar minha família e isso me deixa muito chateado nas turnês. Duas semanas é o máximo de tempo que passo longe da minha família", diz Bud, que tem uma filha pequena.

Mas é possível perceber, do outro lado do telefone, a vibração na voz de Rome ao falar da sua primeira vinda ao Brasil, para integrar o line-up do festival SWU, no ano passado. "Cara, foi demais", se empolga. "O show foi incrível, ver todos aqueles fãs... Eram 80 mil pessoas lá! Eu nunca tinha nem visto 80 mil pessoas diante dos meus olhos, imagina só TOCAR para 80 mil pessoas em um palco com a minha banda preferida, sabe?! Foi a maior viagem. O mais engraçado é fui para aí, fiz o show normalmente e voltei. Quando cheguei nos Estados Unidos, todos os meus amigos e minha família estavam na maior empolgação, achando a coisa mais maravilhosa do mundo. E a minha ficha não tinha caído ainda. Umas semanas depois, em casa, fui assistir no YouTube o vídeo da gente tocando 'Santeria' e tomei um susto! Eu não estava entendendo até então, mas assisti e... Meu Deus! Há uns dois meses descobri que voltaria para aí e mal posso esperar, eu amo a América do Sul."

Bud concorda que a resposta positiva que tiveram na apresentação, realizada em outubro do ano passado, contribuiu para que pudessem voltar. "Mas, além disso, fazia tempo que a gente queria excursionar a América do Sul inteira, ir para outros países também. Parecia ser a coisa certa a se fazer. Nossos números de venda de disco por aí são insignificantes", diz, se referindo ao Brasil. "Queríamos ver se tinha jeito de ir aí fazer turnê. E quando fomos para aí, nos divertimos muito, então, quisemos voltar e fazer mais shows. Da outra vez não tivermos muito tempo de passear, chegamos em um dia e voltamos no outro. Agora vamos poder sair dirigindo, conhecer o interior", revela.

O baterista pode não ter arrumado muito tempo para passear, apressado para ver a família assim que terminou suas funções no SWU, mas aos 20 e poucos anos, Rome "criou espaço na agenda", segundo ele, para poder dar uma de turista, e garante que desta vez fará o mesmo, de algum jeito. "Fiquei uns dois dias a mais, ano passado. Foi a coisa mais divertida que já fiz, não queria ir para casa. Tantas mulheres bonitas e lugares legais para ir e ficar bêbado. Me diverti de verdade", conta, com jeito de menino que saiu de casa pela primeira vez. Sobre a experiência de participar do Lollapalooza Chile, comenta o fato de que esteve na versão norte-americana no ano passado para assistir e está passando por um certo deslumbre, no bom sentido da palavra, por tão pouco tempo depois ter mudado de papel. Mas, isso não quer dizer que seu lado frequentador de festival não estará presente: "Estou louco para ver o Jane's Addiction, um dos meus grupos preferidos de todos os tempos. Quero também ver o show do Kanye West e do Flaming Lips."

Até Bud, com sua fala mais sóbria e que transparece os anos de estrada, admite que deixa de ser músico e vira fã quando está em um festival cheio de bandas renomadas. Após soltar um "oh yeah!" animado ao lembrar que terá a chance de ver o Cypress Hill ao vivo, revela que sempre tira um tempo para se divertir e ver qual é a das outras atrações. "Eu até fico triste quando tem mais de um palco e tem outra banda que você curte tocando o mesmo tempo que você. Mas a gente sempre faz questão de circular no meio do pessoal e aproveitamos os outros shows."

Sublime With Rome no Brasil

A banda tem oito shows marcados no mês de maio. O trio se apresentará em São Paulo no dia 13/5 (Via Funchal), seguindo para Curitiba (14/5, festival Lupaluna), Brasília (15/5, Prainha da ASBAC), Porto Alegre (18/5, Pepsi On Stage), Belo Horizonte (19/5, Chevrolet Hall), Rio de Janeiro (20/5, Circo Voador) e Recife (21/5, Clube Português). A turnê brasileira do grupo será encerrada em Fortaleza (22/5, na Barraca Biruta). E nem adianta querer saber de antemão o quanto do show será composto por músicas do novo trabalho - Rome deixou claro que planejamento não é o forte deles. "A gente inventa um monte de coisa no meio do caminho, somos o tipo de gente que improvisa. É mais divertido. Um monte de bandas gosta daquela coisa rigorosa, certinha e programada. Nós somos três caras que fazem qualquer merda que vem à cabeça. Se quisermos fazer uma jam, um freestyle, é isso que vamos fazer, é nossa hora e é isso que a gente gosta de fazer, música", encerra.

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