No Rio de Janeiro, ator falou sobre o remake de O Vingador do Futuro, a paixão pelo futebol e como foi contracenar com a esposa do diretor do filme
Stella Rodrigues, do Rio de Janeiro Publicado em 12/07/2012, às 14h10 - Atualizado às 16h19
No Rio de Janeiro para divulgar o filme O Vingador do Futuro, remake de longa noventista estrelado por Arnold Schwarzenegger, Colin Farrell participou de uma coletiva de imprensa nesta quinta, 12. O ator irlandês aproveitou a oportunidade para falar sobre o astro de ação cujo papel ele revive no longa, da carreira e da paixão por futebol.
O Vingador do Futuro (Total Recall, no original) conta a história de Doug, um operário que vai a uma empresa para ter memórias implantadas em seu cérebro. Mas o procedimento não dá tão certo quanto deveria. Farrell contou que se ele tivesse a chance de passar pelo procedimento, optaria por “representar seu país jogando futebol. Esse seria o sonho mais óbvio. Eu achava que essa seria minha profissão até os 14 anos, quando comecei a me interessar por outras coisas”, contou ele, que era uma promessa do esporte na juventude. Porém, o ator não torce para nenhum time ou escolhe jogadores favoritos. “Meu pai sempre falava para não torcer para um time, mas pelo esporte em si, o que eu achava um saco”, riu.
O filme, na nova versão, condensa personagens e traz algumas mudanças significativas em relação ao original, segundo contou o protagonista. A principal delas é que o filme não se passa em Marte. Farrell brincou que ligou diversas vezes para Schwarzenegger, de quem é bastante fã, para conversar sobre a produção, mas que o astro nunca retornou suas ligações. “Ele tocou a vida e foi fazer coisas maiores e mais importantes. Acho que nem sabe que estão fazendo o remake ou quem sou eu.”
Outra mudança está na violência, que segundo o protagonista contou é bem menos gráfica e explícita na nova versão. “Acho que ter menos violência gráfica não atrapalha a qualidade do filme. Se a história, o roteiro e as atuações são boas, tudo bem ter menos violência e sangue, por mais que ‘as crianças grandes’ gostem de ver sangue. E não é que cortamos, simplesmente não estava no roteiro e não fez falta.” Remakes são sempre alvo de comparações, é inevitável. Mas isso não parece incomodar Farrell. “Não tem como, é o mesmo nome, são as mesmas falas, mesmo que haja uma mudança ou outra.”
Longe das grandes produções há alguns anos, o ator contou que não recebia propostas para blockbusters desde Miami Vice. “Algumas coisas apareceram, mas apesar de ter bastante dinheiro envolvido, não gostei dos roteiros. Se você vai gastar três, quatro, cinco meses fazendo um filme, é melhor gostar do que vai fazer. Senão começa a ficar amargo. Fiquei cético a respeito de refazer esse filme no começo, mas gostei do roteiro. Conheci o diretor Len Wiseman e quando ele me mostrou os desenhos que fez, o garoto de 6 anos dentro de mim ficou impressionado. Minha primeira experiência com a trama foi quando era jovem e agora li o roteiro como um homem adulto e gostei muito.”
Wiseman, além de diretor do filme, é marido de Kate Beckinsale, protagonista feminina da produção, ao lado de Jessica Biel. “É estranho beijar a esposa do chefe”, brincou Farrell. Sobre os bastidores, falou também sobre as cenas de ação, que gosta muito de fazer, dispensando o uso de dublês “sempre que a empresa que faz o seguro do projeto deixava”. “Fiz o máximo que pude, acho muito divertido poder pular de prédios etc”, disse o ator. Ele contou ainda fez parte da composição do personagem uma grande preocupação com o corpo, já que foi acrescentado à história dele um passado militar.
A base do enredo de O Vingador do Futuro vem de um conto clássico do famoso escritor de ficção científica Philip K. Dick. Coincidentemente, este é o segundo projeto de Colin Farrell baseado em uma obra do autor (o outro foi Minority Report – A Nova Lei). Para o ator, os textos de ficção de Dick se mantêm relevantes através dos anos porque ele teceu comentários a respeito de coisas que continuam socialmente importantes, como “governos de poucos comandando muitos. É um conceito que segue sendo válido”.
Anderson Silva e o Brasil
Declarando ignorância a respeito da cultura cinematográfica brasileira, até que Farrell demonstrou bastante conhecimento sobre o assunto. Citou José Padilha e seus filmes Ônibus 174 e Tropa de Elite como obras das quais gostou e, ainda, “o lindo e sensível documentário sobre o lutador Anderson Silva”, se referindo a Como Água (que na verdade foi dirigido pelo norte-americano Pablo Croce. “Mas eu não entraria no ringue com ele, não é o tipo de sensível com o qual se brinca”, riu. Abstêmio há alguns anos, Farrell não hesitou ao responder quando fizeram a famosa pergunta sobre provar o drink mais famoso do Brasil: “A caipirinha é a razão pela qual eu parei de beber”, afirmou em tom jocoso.
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