Junto a Brian Duffy, músico inglês criou série de imagens icônicas, incluindo a que estampa capa da edição 77 da Rolling Stone Brasil
Pedro Antunes Publicado em 01/03/2013, às 17h58 - Atualizado às 18h00
O personagem Aladdin Sane pode não ser o mais famoso de David Bowie. O disco, lançado em 1973 (e que, comemorando 40 anos, será relançado em abril), também não é considerado o melhor da extensa discografia do músico britânico. Mas o ensaio para a imagem de capa do álbum, realizado em um domingo de abril, em Londres, resultou no que é provavelmente a mais icônica imagem dele. Fotógrafo e filho do famoso Brian Duffy, responsável pelas fotos, Chris Duffy vai ainda mais longe. “É a Monalisa do pop”, define.
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Brian Duffy (1933 - 2010) tinha 39 anos quando foi chamado para produzir o material fotográfico do calendário Pirelli pela segunda vez. A parceria com o artista britânico Allen Jones, utilizando uma trabalhosa técnica chamada dye-transfer, que consistia em colorir artificialmente os negativos das fotos, uma cor de cada vez, chamou a atenção do empresário de Bowie na época, Tony Defries.
Como conta Chris, Defries queria que a gravadora, a RCA, investisse o máximo possível na divulgação do próximo álbum de Bowie, o sucessor do estrondoso The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars (1972). Para isso, ele seguiu a seguinte lógica: quando mais se gastasse na arte da capa de Aladdin Sane, mais a companhia se sentiria pressionada a divulgar o álbum. Com essa missão, ele viu em Brian Duffy e no processo de dye-transfer uma chance perfeita.
Era um domingo de primavera, em abril, em Londres, quando o estúdio de Duffy foi visitado por Bowie e sua banda, a Spiders From Mars. Eles chegaram na hora do almoço e lá vararam a noite. “Bowie queria que fosse possível incluir um raio na capa do disco”, relembra Chris. O músico inglês estava inspirado pelo símbolo da banda de Elvis Presley, TCB Band. Foi quando o fotógrafo começou a desenhar no próprio rosto de Bowie, com uma versão do raio cortando a sua face, passando sobre o olho direito dele.
“Quando se está criando algo, você não sabe qual será a grandeza disso”, afirma Chris. “Ele não sabia que seria a imagem mais icônica do pop de todos os tempos. Para ele, era só mais uma sessão de fotos.”
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Chris, que toma conta do legado e do arquivo do pai com Bowie, colaborou com o acervo reunido para a exposição David Bowie Is, cuja inauguração no museu londrino Victoria & Albert está marcada para o dia 23 de março – a mostra virá ao Brasil em 2014. "A exposição vai para o Brasil? Isso eu não sabia. É incrível", completa, ao ser informado da vinda de David Bowie Is ao país, para o MIS (Museu da Imagem e do Som). “Emprestamos algumas imagens, três ou quatro. Mas o mais importante é o frame original da arte de Aladdin Sane”, explica ele sobre a colaboração com a mostra.
Além da imagem com Bowie cabisbaixo, de olhos fechados, ele também irá cedeu o quadro que deu origem à capa da edição 77 da Rolling Stone Brasil (veja aqui.), na qual Bowie encara o fotógrafo com intensidade – e evidencia um problema na pupila esquerda, que ficou paralisada após uma briga. “Acho que todos ficaram tão acostumados com a versão de olhos fechados que, quando veem Bowie de olhos abertos, ficam fissurados”, opina ele.
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Também fotógrafo, Chris fez uma sessão de fotos com Bowie em 1979. “Ele já estava na fase do Scary Monsters (and Super Creeps)”, relembra, citando o disco lançado no ano seguinte. “Ele era sempre o mesmo cara. Até que entrava no personagem. Essa sempre foi a mágica da música dele. Ele é o que é, sempre criando uma coisa nova. Pense no Kiss. Eles inventaram um visual e vão com ele até o fim. Assim como a sonoridade. Bowie, não. Ele é criativo ao extremo. Como outros bons artistas, ele tem muita coisa genial, mas também muita coisa ruim. A gente nunca vai saber como uma cabeça criativa funciona.”
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