Vistas nas telonas nos anos 1970, 1980 e 1990, todas essas figuras retornam nas décadas de 2010 e 2020 em novas versões
Malu Rodrigues Publicado em 13/08/2020, às 07h00
Michael Myers e Ghostface, ambos são exemplos de mascarados que assustaram uma geração - e influenciaram as seguintes - nos cinemas. Acompanhados deles ainda estão bruxas disfarçadas, o aterrorizante Pinhead e Candyman. Vistos nas telonas nos anos 1970, 1980 e 1990, todas essas figuras retornam em plena década de 2010 e 2020 em novas versões.
Curiosamente, as continuações, remakes ou reboots desses clássicos esbarram no terror moderno e na nova onda de diretores que trazem formatos particulares para o gênero e garantem uma vertente fresca para os próximos tempos.
Nesse cenário do 'novo horror', o mercado independente se consolidou com algumas das produções mais incríveis e marcantes do período. Os detalhes impressionantes de A Bruxa (2015), Midsommar (2019) e Hereditário (2018), todos distribuídos pela companhia A24, colocaram esses longas em um patamar único - bem diferente da pegada dos slasher com os sustos (os famosos 'jumpscares') encontrados nas produções antigas.
Mesmo assim, percebemos como a indústria cinematográfica ainda absorve esses diferentes estilos, seja ao retomar histórias mais velhas ou ao criar narrativas com novos respiros. Inclusive, vale apontar: enquanto a A24 se consagra no terror moderno, a Blumhouse Productions se destaca por promover cada vez mais no retorno às franquias passadas.
Premiadíssima e conhecida por investir em projetos de horror, a Blumhouse segue dando espaço para filmes que revisitam tramas já conhecidas do público, como Halloween (2016) e O Homem Invisível (2020).
Carrie, A Estranha (2013) e It: A coisa (2017) vieram um pouco mais cedo, mas os últimos dois anos revelaram a volta total aos clássicos de terror - e não parece que essa tendência terminará tão cedo, já que muitas produções estão em desenvolvimento para serem lançadas em 2021 e nos anos seguintes. Ainda, caso venham em formato de série, podemos contar com mais um longo de período de revitalização do gênero.
As sombrias histórias de horror já ganham novos contornos nos cinemas e na TV. A volta de figuras e narrativas horripilantes que marcaram o terror e a cultura pop tenta dialogar com o público mais velho - que já acompanhou tudo isso na juventude das décadas passadas -, enquanto conversa com uma nova audiência - pronta para produções mais ousadas e desafiadoras.
Afinal, quem fez ou fará o retorno nas telas? Confira alguns exemplos:
Pânico 5 deve chegar aos cinemas exatamente 25 anos depois do primeiro filme da franquia, que foi lançado em 1996 e brincou com o gênero ao fazer sátiras sagazes com o slasher. A nova produção revelará a volta dos astros David Arquette e Courteney Cox. Neve Campbell, a eterna Final Girl Sidney Prescott, ainda não confirmou o retorno. Apesar disso, marcará o primeiro longa sem o diretor Wes Craven, que morreu em 2015 devido a um câncer.
+++ LEIA MAIS: Pânico 5? Clássico do terror precisa de mais uma continuação? Spoiler: não
O terror dos anos 1980, Hellraiser: Renascido do Inferno ganhará uma nova versão pela HBO. De acordo com o site The Hollywood Reporter, o canal pretende fazer uma série baseada no clássico. Sem reboots ou remakes, na verdade, a produção será uma expansão do universo conhecido pelo seres malignos do inferno, liderados pelo memorável Pinhead.
O novo filme é um reboot de O Mistério de Candyman (1992), produzido por Jordan Peele, de Corra! (2017), e dirigido por Nia DaCosta. Na nova versão, o ator Yahya Abdul Mateen II vive o artista Anthony McCoy, que é atraído por projetos específicos em Chicago, onde ocorreram os eventos do filme dos anos 1990.
Com uma franquia - muito - extensa, Halloween (2018) mostrou o reencontro perigoso de Michael Myers e Laurie Strode. Para o longa, Nick Castle e Jamie Lee Curtis reprisaram os papeis icônicos, respectivamente.
Devido ao sucesso, uma nova produção já está agendada para sair em 2021. Halloween Kills, segundo John Carpenter, "é divertido, intenso e brutal, um filme de terror vezes cem, é um grande momento. É enorme. Eu nunca vi nada assim. A contagem de mortes é enorme!" (via IndieWire).
Doutor Sono, lançado em 2019 e dirigido por Mike Flanagan é, ao mesmo tempo, uma sequência de O Iluminado, filme de Stanley Kubrick, e O Iluminado, livro de Stephen King - isso porque a produção original tomou liberdades criativas bem profundas.
O longa mostra o que aconteceu com a versão adulta de Danny (aqui interpretado por Ewan McGregor) depois do mesmo revisitar o Hotel Overlook e conhecer Abra, uma adolescente com o dom do 'brilho'.
As bruxas arrepiantes voltarão no novo filme marcado para 2021. A produção será um remake do clássico dos anos 1990 e o novo elenco conta com Anne Hathaway, Octavia Spencer, Stanley Tucci e Chris Rock.
O Homem Invisível, estrelado por Elisabeth Moss, faz parte do Dark Universe - projeto da Universal com o objetivo de fazer o reboot de grandes clássicos do terror. Lançado em fevereiro de 2020, o filme foi a primeira tentativa do estúdio de impulsionar de vez todo o plano audacioso, originalmente anunciado em 2016.
A Universal ainda apostará nas novas versões de Van Helsing, Drácula, Lobisomem e A Noiva de Frankenstein.
A revitalização dos clássicos do horror veio em meio ao boom de remakes em Hollywood. Fora do terror, encontramos novas versões de Jurassic Park, Dolittle e Caça-Fantasmas, por exemplo. Com uma divulgação extensa e uma espera angustiante, nem tudo sai como planejado pelos estúdios e, na verdade, vemos muita decepção.
Dentro do gênero terror, o novo formato dos clássicos ainda balanceia nas bilheterias: ou faz muito sucesso, ou é um fracasso. Não há muito um meio-termo. Entre os mais famosos longas que foram lançados, temos Halloween. A produção de 2018 tinha tudo para dar certo... e felizmente deu. Nas bilheterias, arrecadou US$ 253.6 milhões, contra um orçamento de US$ 10 milhões. Não é à toa como mais duas sequências já estão a caminho: Halloween Kills e Halloween Ends.
Doutor Sono, por outro lado, não recebeu tanta aclamação do público. O filme apenas acumulou US$ 72.3 milhões mundialmente. Contra um orçamento estimado em US$ 45–55 milhões, essa não foi uma grande vitória para a Warner Bros., que com certeza aspirava por um fenômeno impulsionado pelos nomes Stanley Kubrick e Stephen King.
Em meio à pandemia, muitas revitalizações precisaram ficar em pausa, mas uma que conseguiu chegar aos cinemas em 2020 antes do fechamento dos mesmos foi O Homem Invisível. Contra uma produção de US$7 milhões, arrecadou US$133.7 milhões - isso significa muito dinheiro, muito mesmo. Quatro semanas depois de estrear nas telonas, foi direto para as plataformas de streaming, onde encontrou mais um público.
Os críticos elogiaram o filme pelo tom moderno que trouxe ao livro de 1897. Com aprovação de 92% no Rotten Tomatoes, o consenso dos especialistas diz: "Inteligente, bem atuado e, acima de tudo, assustador, O Homem Invisível prova que, às vezes, o material de origem clássico para um novo reboot pode estar escondido à vista de todos". A sequência do longa deve estar na mira da Universal, que deve expandir ainda mais o Dark Universe.
Muitas produções ainda mostrarão novas versões dos clássicos de terror. Convenção das Bruxas, Hellraiser, Candyman e Pânico 5 são algumas delas. Apesar de estarem no limbo em questão de retorno financeiro e críticas, a tendência da revitalização do horror em meio a uma nova onda de histórias originais não deve ir embora tão cedo - não pelos próximos anos, pelo menos.
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