Don Letts - Divulgação

In-Edit 2012 tem como convidado o renomado diretor Don Letts

“O punk continua sendo um direito nato de todos vocês, jovens”, afirma o músico e cineasta em entrevista à Rolling Stone Brasil

Stella Rodrigues Publicado em 01/06/2012, às 09h07 - Atualizado às 11h14

Don Letts é diretor de filmes como Punk: Attitude, The Clash: Westway to the World e vários outros. Começou a carreira registrando os primeiros anos do punk em Londres e, desde então, foram mais de 20 documentários explorando uma grande variedade de artistas. É responsável por ter unido punk e reggae pela primeira vez em sua discotecagem, isso no lendário clube The Roxy, tido como uma das maternidades do punk. Desta forma, é inevitável que Letts seja visto hoje como uma espécie de oráculo a se consultar quando o tema é o punk, tanto como atitude, quanto como música. E é por essas e outras razões que ele foi convidado a fazer parte da programação do In-Edit Brasil 2012, festival de documentários que retratam o mundo da música que tem início nesta sexta, 1º de junho (veja mais informações abaixo).

Letts estará na próxima sexta, 8, às 16h30, na Livraria Cultura (Avenida Paulista, 2073), onde acontecerá a exibição de Punk: Attitude. O filme será mostrado às 14h30 e, em seguida o convidado conversará com o jornalista Gastão Moreira sobre a direção e produção de seus docs. “Música e cinema foram minhas inspirações quando eu era jovem e eu ainda acredito no poder dessas duas coisas de inspirar e mudar vidas”, ele afirma em entrevista à Rolling Stone Brasil. “O In-Edit entende isso e, pelas minhas experiências passadas, eu diria que a paixão deles se reflete na programação.” Ainda faz parte da agenda do dia a exibição de alguns dos videoclipes assinados por ele, para que estes sirvam de assunto para um posterior debate com o público. Na ocasião, Letts certamente mostrará à plateia a paixão pelo punk que transpareceu nas respostas abaixo.

“O punk não começou e terminou no fim dos anos 70”, afirma ele. “É uma dinâmica que ainda flui, com uma herança e tradição que datam de antes da música. Aliás, hoje, a música da cultura ocidental é provavelmente o último lugar onde vai encontrá-lo. Mas essa atitude punk (afinal de contas, é isso que é, uma atitude) releva muitos aspectos da atual cultura. Isso de maneiras mais sutis do que você pode imaginar. Ele continua sendo um direito nato de todos vocês, jovens, que, se forem corajosos o suficiente, e tiverem boas ideias, podem ser parte dessa história em andamento”, filosofa.

“Estou sempre tentando encontrar maneiras diferentes de olhar para o rock e seu impacto”, continua. “O trabalho de Bob Gruen [fotógrafo musical retratado por ele em seu longa mais recente, Rock 'N' Roll Exposed: The Photography of Bob Gruen (2011)]” é perfeito para isso. A carreira dele mostra o desabrochamento do rock, de Bob Dylan a John Lennon a The Clash, até Green Day. Bob passou por uma longa jornada – assim como o rock e assim como eu.”

Após mergulhar na vida de Gruen, o diretor se manteve bastante ocupado. Acaba de terminar dois documentários. “Um faz parte da série Exposed e analisa o trabalho de Richard Young, contando com a participação de gente como Elton John, Vivienne Westwood, Steven Berkoff e Kate Moss. O outro é, na verdade, uma série em seis episódios sobre a subcultura jovem britânica.”

Além da carreira de cineasta, Letts se mantém ativo como músico. Ano passado, o BAD (Big Audio Dynamite), sua banda nos anos 80 e 90, voltou à ativa para uma turnê. O BAD é formado por ele, o ex-guitarrista do Clash Mick Jones, Leo Williams, Greg Roberts e Dan Donovan. A reunião, porém, não tem muito futuro definido, por mais que ele esteja com ímpeto de levá-la em frente. “Só o tempo poderá dizer, estamos todos trabalhando em projetos diferentes agora. No fim do verão [do hemisfério norte], vamos retornar à trincheiras e reavaliar a situação. Se dependesse de mim... retomaria tudo amanhã!”

Mais sobre o In-Edit

A quarta edição do Festival Internacional do Documentário Musical, o In-Edit Brasil, está prestes a começar. Durante dez dias, serão 77 filmes exibidos em seis salas de São Paulo, de 1º a 10 de junho, e uma de Salvador, de 14 a 21 de junho.

A sessão de abertura, em São Paulo, ficará por conta do inédito Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista. Com direção de Riba de Castro, o documentário explora o endereço na Rua Teodoro Sampaio onde começaram a se destacar Itamar Assumpção, Premeditando o Breque, Titãs e outros nomes importantes da música brasileira.

A programação completa pode ser conferida no site do festival. O valor dos ingressos varia, custando até R$ 10 (há sessões gratuitas).

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