Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Edu Falaschi fala sobre 1º disco solo de composições próprias e de ter ídolos participando do trabalho
Itaici Brunetti Publicado em 18/05/2021, às 14h24 - Atualizado às 17h49
Com 30 anos de carreira e considerado um dos vocalistas mais respeitados do power metal mundial, Edu Falaschi lança o seu 1º álbum solo de composições 100% próprias. De título Vera Cruz, o trabalho conceitual apresenta uma narrativa fictícia épica que homenageia a história do Brasil e a pluralidade musical que o país possui.
A matriz sonora e motora deVera Cruz é, obviamente, o conhecido power metal e heavy metal feito por Edu Falaschi. No entanto, o álbum também abrange a diversidade com participações de dois artistas tão distintos da música brasileira: a do ícone do trash metal Max Cavalera [Soulfly, CavaleraConspiracy, Killer Be Killed, Go Ahead and Die e ex-Sepultura], e da Rainha do Forró Elba Ramalho.
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"A música não tem que ter limites e a diversidade para mim é muito importante", afirma Edu Falaschi em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Obviamente, tenho o meu estilo. Estou há 30 anos cantando power metal e como quis celebrar essas três décadas de carreira, inclui no álbum ritmos de todas as minhas fases: tem música erudita, sanfona nordestina e até uma passagem de Tchaikovski.", explica.
Dos convidados especialíssimos, o cantor de 49 anos comenta as escolhas feitas a dedo: "Eu poderia chamar muitos artistas, mas quis convidar meus ídolos. E tinham que ser brasileiros por causa da temática do álbum." Enquanto Max Cavalera canta na furiosa "Face of The Storm", Elba Ramalho solta a voz - em português - em "Rainha do Luar."
"A Elba, por exemplo, teve uma conotação familiar. Eu cresci ouvindo a voz dela nas trilhas de novelas e uni com a minha vontade de gravar com um[a] artista do Nordeste, pois a música nordestina sempre me fascinou pela variedade que a região tem. A Elba ouviu a música e me telefonou para falar o quanto gostou", diz Falaschi. "Foi surreal ouvir ela dizendo: 'Meu Deus, que música linda. Estou dentro." relembrou.
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"Já o Max Cavalera não precisa de apresentação. É ídolo mundial. Eu cresci ouvindo Sepultura e os trabalhos dele. E me parece que o Max não participava de uma música de alguém há 25 anos. Mas consegui através de empresários e ele adorou a ideia," diz Edu Falaschi.
Em entrevista recente à Rolling Stone Brasil, Max Cavalera comentou a participação na faixa do músico e amigo brasileiro: "Achei o som bem louco e diferente de muita coisa que já fiz, principalmente na parte das guitarras que são super bem tocadas. A letra sobre o colonialismo do Brasil é bem interessante também".
Max continuou: "Sempre rola bastante convite para eu fazer participações em músicas de outros artistas, mas tento não fazer tantas e ser seletivo. Com o Edu, eu fiquei honrado em cantar na faixa e espero que as pessoas gostem."
Edu Falaschi completa sobre o resultado final: "A música entoa a guerra na história e a voz do Max encaixou perfeitamente. É a alma dele e só ele poderia fazer o que fez na música. Tive a honra de poder contar com ele."
Capa de Vera Cruz
Conhecido também por ser ex-vocalista das bandas Angra e Almah, entre outras, Edu Falaschi não esconde o próprio gosto musical diversificado que o levou a ser eleito pela revista japonesa Burrn! como um dos 5 melhores cantores de metal do mundo cinco vezes consecutivas.
"Eu gosto de A-ha, Supertramp, The Police e Tears for Fears, coisas bem distantes do heavy metal. Mas as pessoas que me seguem nesses 30 anos de carreira já entenderam o meu estilo. Os fãs sabem que não vou vacilar ou convidar um artista somente para 'lacrar', seja pelo dinheiro que for. Eu faço pela arte, e a Elba [Ramalho] é uma artista consagradíssima que tem uma história musical repleta de conteúdo. Ela é referência.", explica.
Falaschi ainda ressalta que não tem medo de experimentar em seus trabalhos, pois tem a confiança, apoio e aprovação dos milhares de fãs espalhados pelo globo: "Nessas três décadas, o mais legal foi conquistar a credibilidade junto ao público em questão de qualidade e composições."
Produzido pelo próprio Edu Falaschi e pelo guitarrista Roberto Barros, Vera Cruz foi gravado no estúdio do produtor Liminha durante a pandemia do coronavírus. O momento delicado que o mundo enfrenta - e principalmente o Brasil - influenciou na dedicação que o vocalista pôs nas canções do álbum.
"Estamos vivendo um caos mundial. É um dos momentos mais tristes da história da humanidade, porque não são números morrendo, são pessoas que tem passado, presente e sonhos, além das muitas que estão sem emprego e sem comida. Então, com esse disco eu abracei essa causa de entregar ao fã algo que o entretenha e que o dê esperança para algo futuro", revela.
Segundo Falaschi, além de tempo e dedicação foi investido cerca de R$ 100 mil na produção do disco, mesmo ele sabendo que hoje em dia as pessoas não compram tanto o material físico quanto antes. "Me dediquei ao máximo possível, pois foi a forma que encontrei de retribuir aos meus fãs que me apoiam há 30 anos. Ainda mais nesse momento, esse disco veio para ajudar," afirma.
Edu Falaschi e banda (Foto: Zé Cintra/ divulgação)
O universo fantasioso narrado nas faixas de Vera Cruz leva o ouvinte ao distante ano de 1500, época do descobrimento do Brasil [inclusive, Ilha de Vera Cruz foi o 1º nome dado ao nosso país]. Nas letras, e no clima das canções, o protagonista da história é Jorge, português que se une aos índios locais, casa com a filha principal e se dedica a proteger as tribos brasileiras das invasões.
"Como o público brasileiro é especial na minha carreira, desenvolvi uma história que se inicia na Europa com conotações e influências das cruzadas", explica Edu Falaschi. "Pesquisando a história, descobri que parte dos cavaleiros templários das cruzadas também vieram para o Brasil. Então, esse foi o link perfeito para homenagear a história do meu país com a minha ficção."
Vera Cruz pode ser ouvido em todas as plataformas digitais.
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