- Ego Kill Talent (Foto: Vinícius Cerchiari) e Dinho Ouro Preto (Foto: Rizwan Tabassum / Divulgação)

Ego Kill Talent entrevista Dinho Ouro Preto, Dinho Ouro Preto entrevista Ego Kill Talent - e, juntos, lançam clipe de 'Deliverance'

Em um papo exclusivo para a Rolling Stone Brasil, os músicos falaram sobre a trajetória e as experiências deles na música

Julia Harumi Morita Publicado em 14/04/2021, às 11h00

O Ego Kill Talent se juntou a Dinho Ouro Preto (Capital Inicial) para lançar nesta quarta, 14, o clipe de "Deliverance" no Youtube, faixa presente no último disco da banda, The Dance Between Extremes, o qual foi produzido por Steve Evetts, que trabalhou anteriormente com Sepultura, The Cure e Frank Iero, e gravado no Studio 606, do Foo Fighters.

Diante da pandemia de Covid-19 e todas as adversidades impostas à indústria da música, Jean Dolabella (bateria e guitarra), Theo Van Der Loo (baixo e guitarra), Raphael Miranda (bateria, baixo e guitarra), Jonathan Dörr (vocalista) e Niper Boaventura (guitarra e baixo) decidiram divulgar o segundo álbum da carreira por meio de uma trilogia de lançamentos, a qual foi encerrada no dia 19 de março - e fez parte da HOTLIST #47.

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Para o registro audiovisual de "Deliverance", a banda colaborou com o diretor Fernando Mencocini, o editor Rafael Fernanz e a artista Amanda Lyberg, que interpretou a personagem Grace. Além disso, o projeto contou com a participação de Dinho Ouro Preto.

O Ego Kill Talent e o vocalista do Capital Inicial aproveitaram o lançamento do clipe e participaram da nossa série especial de entrevistas, em que os artistas fazem as perguntas.

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Neste papo exclusivo para a Rolling Stone Brasil, os músicos apresentaram o vídeo de "Deliverance" e conversaram sobre a trajetória deles na música, o processo de transição entre bandas e as histórias que marcaram a carreira deles. Confira:

Dinho Ouro Preto entrevista Ego Kill Talent

Dinho Ouro Preto: A primeira pergunta pode parecer óbvia, mas eu sempre quis fazer a vocês. Ela diz respeito ao nome da banda. Vocês acham que personalismos matam uma banda? Os egos conspiram contra o coletivo?

Theo Van Der Loo: Acho interessante o uso da palavra personalismo, que é diferente de egoísmo. Quando penso em personalismo, me vem à cabeça a individualidade de cada um no sentido da singularidade e personalidade.

Nesse sentido, cada um ter suas subjetividades agrega à banda. Brincamos que a EKT é um animal maior que nós cinco separados, que é feito a partir da nossa união. A subjetividade de cada integrante da banda cria a entidade Ego Kill Talent. Nesse sentido, as particularidades e subjetividades são importantes.

O problema vem quando falamos de egoísmo, que seria justamente em detrimento do coletivo, os integrantes tomarem decisões e terem posturas através do individualismo. Somos parte de um todo maior que nós. Quando pensamos na banda, tomar decisões individuais e não focadas em um senso coletivo, atrapalha. Tentamos tomar decisões que agradem a todos, o ideal de uma banda é o coletivo.

Dinho Ouro Preto: Nós sabemos o que é o circuito dos grandes nomes do rock mundial. Vocês estão na porta que dá acesso a esse lugar. Dá um frio na barriga? Como está sendo a antecipação do lançamento desse disco para vocês?

Theo Van Der Loo: Dá um frio na barriga, mas é algo gostoso de sentir. Estamos muito felizes com o rumo que a banda tomou, com o momento em que vivemos. Nós temos muita sorte de ter nos encontrado, cada um ter vivido uma história diferente e chegar aqui com uma consciência de vida.

Estamos muito felizes com a repercussão que o disco vem tendo fora do Brasil, conquistar esse espaço internacional é algo que sempre sonhamos e perceber que a nossa música está conectando muita gente ao redor do mundo. É algo muito gratificante.

Dinho Ouro Preto: Essa pergunta é pro Jonathan. Você já fez sucesso com o Reação em Cadeia. Já fez muitos shows e viajou pelo Brasil. A grande vantagem do rock brasileiro sempre foi a língua, facilidade com a qual você tinha acesso direto aos corações e mentes do público. Como está sendo o desafio de fazer isso em inglês? Tanto na hora de compor quanto durante entrevistas e shows?

Jonathan Dörr: É um desafio gigante. Eu tive de sair completamente da minha zona de conforto e, apesar dos 20 anos de carreira da Reação Em Cadeia, com incontáveis shows pelo Brasil, abrir novas frentes e conquistar novos públicos de diferentes países e culturas, usando um idioma com o qual não fui alfabetizado e ser autodidata nesse idioma, só faz aumentar o desafio.

No palco, a experiência que adquiri ao longo dos anos com a Reação Em Cadeia se tornou uma ferramenta que facilitou a minha conexão com o público e com entrevistas, apesar de ser muito tímido. O Ego Kill Talent funciona muito bem nesse sentido.

Para ilustrar, nas últimas 3 semanas, falamos com mais de 50 veículos de imprensa, da Europa e Estados Unidos, divulgando The Dance Between Extremes. A maioria das entrevistas rola comigo e com o Theo, que é um excelente orador, nós formamos uma ótima dupla.

Ao passo que as entrevistas vão surgindo, vamos construindo uma dinâmica e aos poucos entre meus acertos e erros e com “a little help from my friends” vou adquirindo confiança para poder expressar minhas ideias e opiniões em inglês.

Na hora de compor é a mesma coisa, uma longa caminhada, uma lapidação do meu ofício como compositor, mas sinto que em The Dance Between Extremes, eu consegui traduzir o meu coração para língua inglesa.

Dinho Ouro Preto: The Dance Between Extremes parece flutuar entre dois mundos. Um mais nervoso, agressivo e pesado. Mas há também espaço para canções com refrões “cantáveis” e “melódicos”. Pode-se dizer que essa direção é quase uma tradição na história do rock. Nirvana, Metallica, Guns, são alguns dos que se encaixam nessa descrição. Minha última pergunta é: como fazer para se destacar no meio da multidão? O que só o Ego Kill Talent tem?

Theo Van Der Loo: Acho muito legal quando identificam esses dois universos dentro das nossas músicas, amamos bandas mais pesadas e agressivas, como Gojira, Metallica, Sepultura, mas também amamos o universo mais pop, como Phil Collins, Lenny Kravitz, Billie Eilish e tantas outras bandas. Além disso, amamos bandas mais antigas como Queen, Genesis… então ficamos muito felizes que isso transparece em nossas músicas, mesmo que não seja proposital.

Para se destacar, acreditamos que devemos fazer letras e melodias que nos emocionem e transparecem nossa verdade, seja em nossa individualidade ou coletivo. O que destaca qualquer artista em meio a multidão, é a verdade dele. Quando a arte vem de um lugar sincero, ela toca as pessoas.

Ego Kill Talent entrevista Dinho Ouro Preto

EKT: Acreditamos que todo artista tem um ritual pré-show e gostaríamos de saber se com tantos anos de carreira e sucesso, você ainda tem o mesmo ou mudou algo com o tempo? O que acontece na cabeça do Dinho minutos antes de entrar no palco?

Dinho Ouro Preto: No passado, nosso camarim era uma festa antes e depois dos shows. Conversávamos e ouvíamos som no volume máximo, bebíamos e fumavamos de tudo. Era uma bagunça. Hoje é quase o oposto.

Eu procuro ficar sozinho e quieto, aqueço a voz fazendo escalas e cantando algumas músicas a cappella. Não fumo e não bebo. Fico pensando no setlist, que é bolado de acordo com o lugar em que vamos tocar. Antes de pisar no palco eu faço um curto momento de meditação, procuro me concentrar ao máximo no que está para acontecer. E, então, entro com uma bizarra mistura de calma e eletricidade.

EKT: O Aborto Elétrico foi praticamente um celeiro de boa parte da história do rock nacional, dando origem ao Capital Inicial e ao Legião Urbana, além de ter no entorno Os Paralamas do Sucesso e a Plebe Rude (me corrija se eu estiver errado!). Como era a cena rock no Brasil, e sobretudo em Brasília, nessa época? A quê você atribui o fato do Aborto Elétrico ter gerado bandas de enorme projeção e quais eram as maiores dificuldades que vocês enfrentavam pra fazer música e fazer com que essa música chegasse até as pessoas?

Dinho Ouro Preto: A cena de rock no Brasil no começo dos anos 1980 era ainda incipiente. Tudo ainda era pequeno, rock não tocava nas rádios e não havia revistas de circulação regular. Na televisão, quase nada, shows gringos eram raríssimos e quando aconteciam eram somente no Rio e São Paulo. Até comprar discos era complicado.

Rock era tocado e gravado no país há décadas, mas a cena patinava. Nós, em Brasília, longe de tudo e todos, achávamos mais graça no que as bandas da nossa turma estavam fazendo do que qualquer outra coisa que ouvíamos, basicamente não gostávamos de nada, não conhecíamos ainda as bandas das outras regiões do país.

Naquele momento, o começo da década, nossa turma tinha algumas bandas, como Blitx 64, Plebe Rude e o Aborto Elétrico. O Aborto era do Renato Russo (que na época ainda usava seu nome real, Manfredini), nos vocais e guitarra, o , e Flávio Lemos na bateria e baixo.

Como não havia nada pra fazer na cidade, montar a sua própria banda era a melhor diversão possível. Esse deve ser o motivo pelo qual há tantas bandas de lá. E como o Renato era parte da turma logo de início estabeleceu-se um nível de excelência difícil de ser igualado.

O que não impedia que todos tentassem, o que talvez explique a qualidade das bandas locais. Quanto às dificuldades, todo mundo improvisava soluções, tanto com equipamento quanto com divulgação, tudo era tosco, mas por outro lado não havia grande ambição, ninguém pensava em fazer disso uma profissão.

EKT: Uma vez fomos tomar um café na Vila Madalena e você nos contou sobre a primeira vez em que viu o Renato Russo tocar "Faroeste Caboclo", que ele tinha acabado de compor. Gostaríamos de te pedir pra contar essa história mais uma vez, para quem ainda não conhece, já que é uma história sensacional!

Dinho Ouro Preto: Era verão e o Flávio, o Fe, a Helena Lemos e eu estávamos indo para Búzios acampar. No caminho, paramos por uma noite na casa de uma tia do Renato, na Ilha do Governador, e nos encontramos com ele lá.

Quando acordamos no dia seguinte para continuar a viagem, Renato decidiu nos mostrar a música que havia feito na noite anterior, ele cantou "Faroeste Caboclo". Eu fiquei mudo, não sabia muito como reagir.

Sei que é maluquice, mas num primeiro momento achei que ele estivesse improvisando, que ele tivesse imaginado e cantando as primeiras coisas que viessem à sua cabeça e que, num rasgo de sorte divinamente abençoado, ele tivesse conseguido fazer a música que tínhamos acabado de ouvir assim, de primeira.

Pedi pra tocá-la novamente, não só para tirar a minha dúvida, mas também porque eu queria ouvi-la. Então ele repetiu tudo. Essa acabou sendo a última música do Aborto Elétrico. Eles nunca ela tocaram ao vivo.

EKT: Qual você diria que foi seu aprendizado pessoal na trajetória com o Capital Inicial?

Dinho Ouro Preto: Eu aprendi antes de mais nada que o destino ri dos nossos planos. Nunca achei que poderia chegar aqui. Nunca pensei que, quase quarenta anos depois do começo da banda, eu ainda estaria aqui. Não estou tentando dizer que só aconteceram coisas boas, muito pelo contrário, foi como uma montanha russa, mas quem diria que uns garotos de Brasília teriam uma história como essa?

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No dia 5 de abril de 1994, o lendário e inesquecível vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, se suicidou aos 27 anos com um tiro na cabeça em Seattle, Washington, Estados Unidos. Desde então, deixou saudades eternas.

Marco para o grunge, músico fascinante, artista memorável e um dos principais nomes da música, Kurt Cobain fez história ao longo da carreira, principalmente acompanhado do Nirvana

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As canções compostas pelo vocalista para o grupo relembram o quão importante e fantástico ele foi para a história da música. Faixas impecáveis como "Come As You Are", "All Apologies" e "Drain You" dificilmente serão esquecidas.

Para relembrar a grandiosidade do lado artístico de Kurt Cobain com o Nirvana, a Rolling Stone EUA listou as 6 melhores músicas da carreira do vocalista com a banda. Confira a lista:

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6 - All Apologies

Uma grande canção da discografia da banda, "All Apologies" apareceu originalmente no disco In Utero (1993). No entanto, a versão mais lembrada, e possivelmente querida pelo público, é a gravação de novembro de 1993 para o MTV Unplugged

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5 - Drain You

O Nirvana escreveu muitas das canções do Nevermind (1991) antes de gravar o disco, mas a Rolling Stone EUA lembra que "Drain You" foi composta durante as sessões. Kurt Cobain nunca revelou quem inspirou a canção de amor, porém, foi escrita apenas três meses após ele conhecer Courtney Love.

Com certa frequência, Kurt afirmava ser uma das músicas favoritas dele da discografia da banda, e eles a tocaram basicamente em todos os shows nos últimos três anos de atividade enquanto grupo.

"Penso que há tantas outras canções que escrevi e são tão boas [como 'Smells Like Teen Spirit']. Como 'Drain You'. Eu amo a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se fosse tão grande quanto 'Teen Spirit', eu não gostaria tanto", contou à Rolling Stone em 1993.

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4 - Come As You Are

Kurt Cobain era um grande fã dos Pixies e nunca escondeu isso. Muitas vezes, o músico  recorria ao método de composição usado pela banda. "Estou ficando tão cansado dessa fórmula. Nós dominamos isso", disse à Rolling Stone em 1993.

Segundo a Rolling Stone EUA, porém, um dos melhores exemplos da fórmula é "Come As You Are", o segundo single de Nevermind (1991). Para a RS EUA, a versão do Unplugged é particularmente poderosa, e o refrão continua assustador.

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3 - Heart-Shaped Box

Em uma entrevista de 1994 à Rolling Stone, Courtney Love lembrou-se de ter ouvido o processo de composição de "Heart-Shaped Box": "Tínhamos um armário enorme. E eu o ouvi lá trabalhando em 'Heart-Shaped Box'. Ele fez isso em cinco minutos."

Kurt Cobain começou a trabalhar na música no início de 1992, e a canção foi a escolhida como primeiro single de In Utero (1993). A Rolling Stone EUA lembra que o disco foi produzido por Steve Albini, e a gravadora temeu não ser comercial o suficiente, e Scott Litt foi chamado para remixar a faixa. 


2 - Smells Like Teen Spirit

"Smells Like Teen Spirit" foi a canção que trouxe toda a atenção mundial para o Nirvana e deu início a uma nova era da música - e é um dos principais hits da história. "Eu estava tentando escrever uma música pop", disse o vocalista à Rolling Stone em 1993.

"Todo mundo se concentrou tanto nessa música e o motivo pelo qual ela teve uma grande reação é que as pessoas a viram na MTV um milhão de vezes", contou o artista na mesma entrevista.

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1 - Lithium

Não, a Rolling Stone EUA não escolheu "Smells Like Teen Spirit" para o primeiro lugar deste ranking. Segundo a revista, o terceiro single de Nevermind (1991) merece a colocação.

"Lithium" é uma música sobre um cara que passa a se dedicar à religião depois da morte da namorada. Isso o acalma, muito parecido com uma dose de lítio real. É uma incrível música e um dos principais destaques na discografia do Nirvana

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