- Fleetwood Mac (Foto: Divulgação

Em 1971, guitarrista do Fleetwood Mac foi fazer compras e nunca mais voltou

Jeremy Spencer encontrou um membro do culto religioso Children of God enquanto andava e entrou para uma seita

Redação Publicado em 22/04/2019, às 14h10

Jeremy Spencer era o guitarrista do grupo Fleetwood Mac. Em um dia de 1971, quando tinha 22 anos, ele saiu para ir ao mercado com US$ 200 no bolso e sumiu. A banda estava em uma turnê de duas semanas. Eles tinham acabado de chegar a um hotel em North East England. Os outros integrantes acharam que ele ia voltar em breve - mas ele não apareceu.

Spencer só foi encontrado 5 anos mais tarde por Clifford Davis, agente do Fleetwood Mac. Seu cabelo, antes comprido, estava curto, e “suas roupas foram trocadas por trapos”. O motivo? O ex-guitarrista entrou em um culto religioso.

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Todo o seu dinheiro foi doado para a instituição chamada Children of God (Filhos de Deus). O culto se reunia em comunidades espalhadas por todo o mundo, e a “missão” de Spencer tinha “uns 400 irmãos.”

Mas muito além de uma comunidade religiosa, o Children of God escondia um culto patriarcal e pedófilo. O lema do grupo, “amor livre”, flertava com o ideais hippies - e daí arrecadava seguidores; mas, diferente do que defendiam os hippies, levava a palavra “livre” ao extremo.

Para começar, acreditavam que sexo era coisa mais amada por Deus e por Jesus. Para David Berg, o pastor e fundador do Children of God, as pessoas deviam unir o sexo a Deus e fazê-lo pensando em Jesus. Inclusive masturbação.

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Pela ideologia do amor livre, todos os membros eram estimulados a servir a David Berg, o pastor e fundador do Children of God. As mulheres tinham a missão de “pescar” homens e outras mulheres de fora do culto para transarem e se alistarem, além de terem que fazer os trabalhos na comunidade e estarem sempre disponíveis para se deitar com os "irmãos" que quisessem.

O amor livre se estendia também para membros da família. Dentro das comunidades, as famílias viviam juntos, e sexo com pais, irmãos e filhos era visto como algo positivo. Os homens podiam casar com diversas mulheres, e o sexo não era estritamente matrimonial.

Com os métodos anticoncepcionais ainda engatinhando nos anos 70 e 80, auge do Children of God, era comum as mulheres engravidarem muitas vezes. As crianças nascidas também viviam na máxima do sexo livre, e eram ensinadas a servir aos adultos quando esses solicitassem e matarem a curiosidade com quem quisesse.

O pastor Berg escrevia histórias em quadrinhos para as crianças. Nelas, ensinava como transar, explicitamente, além de mostrar diversas situações com pessoas nuas. Uma das mais notáveis mostra duas adolescentes na cama com o avô.

As crianças não podiam falar com ninguém que não fosse da família, pois “o inimigo” estava sempre ouvindo e as pessoas fora do culto acreditavam que “o amor é fora da lei”, conforme alguns panfletos apresentavam.

A congregação não era apenas pelo sexo, porém. Berg acreditava que o apocalipse aconteceria em 1993, e portanto essas comunidades deveriam se unir e sair do ocidente, onde a devastação chegaria primeiro. As crianças foram enviadas para viver na Ásia primeiro.

Jeremy Spencer tocando no Fleetwood Mac (Foto: W.W. Thaler / H. Weber / Hildesheim)

 

Nat, filho do guitarrista Spencer, foi uma das crianças enviadas para longe. “A gente vivia perto do Vulcão Mayan [Filipinas], que não entrava erupção fazia uns 100 anos, até a gente chegar. Então fomos para o Japão”, revelou ao The Guardian.

Spencer continuou tocando guitarra e formou uma banda entre a comunidade, Jeremy Spencer and the Children. Lançaram disco e fizeram turnê, mas não fizeram muito sucesso. Em 2006, voltou com carreira solo e lançou o disco Precious Little; o projeto continuou em 2012 com Bend in the Road.

Entrevista RS: Di Ferrero fala sobre música pop, vida pós-NX Zero e projeto engavetado com Emicida:

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