Livro do cantor e compositor de 66 anos une devaneios divertidos com o medo da morte
SIMON VOZICK-LEVINSON Publicado em 30/09/2012, às 11h30
“Geralmente, as melhores tomadas são as primeiras”, observa Neil Young no fim do seu primeiro livro de memórias. “As primeiras e segundas, principalmente.” Ele está explicando sua introdução às gravações com a banda Crazy Horse, mas ele poderia facilmente estar falando da maneira solta e informal que ele escreve. Escrito sem coautor, Waging Heavy Peace se assemelha mais a um animado blog do que uma tradicional autobiografia – cheia de devaneios descontraídos, tangentes imprevisíveis e de questionamentos sem limites enquanto ele, aos 66 anos, olha para trás.
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Young aparenta estar registrando suas memórias na medida em que elas ocorrem a ele, não mostrando uma ordem particular em sua infância em Ontario e Manitoba; seu caminho ziguezagueando ao estrelato com Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash and Young; alguns relacionamentos falhos e um duradouro casamento; variadas crises médicas; e praticamente quase todos os carros que ele possuiu, entre outros assuntos.
O músico nunca foi de permanecer nas glórias passadas, e fatos como a criação do On The Beach ou “Ohio” tendem a receber um breve tratamento tangencial antes de ele vague para outro tópico. Seus livres comentários podem se tornar repetitivos quando ele se lança a outro capítulo sobre a qualidade de som digital – ele vê a pouca qualidade do MP3 como um crime contra a arte – ou sobre a restauração de um carro velho. Ainda, ele pode ser secamente hilariante quando finge momentânea confusão sobre quem canta com jeitão norte-americano o hit “A Horse With a Name”: “Ei, espere um minuto! Esse sou eu? Ok, ótimo, agora eu voltei. Essa foi por pouco”.
No último trecho do livro, Young está com um estado de espírito mais sombrio com a frequência de amigos e familiares que já se foram. “Alguns camaradas pensam que não é uma boa pensar sobre isso”, escreve ele incisivamente sobre a morte. “Eu invejo o controle que eles devem ter sobre os seus pensamentos. Como você já percebeu, se ainda estiver lendo isso, eu não tenho muito controle sobre isso”. Young – que desistiu do álcool e fumar maconha para escrever este livro – é assombrado pela demência tardia que acometeu o seu pai e o medo de terminar da mesma maneira. “Sempre tenho medo de que vou me esquecer o que estou falando no meio de uma longa história”, confessa ele.
Neil Young - A Autobiografia mostra que Young ainda está em posse de seu teimoso e brilhante instrumento. Ele não vai sempre para onde você quer que vá, ou permanecer o suficiente quando ele chega lá, mas alguém realmente esperava outra coisa? “Eu tenho sido sortudo e a vida me abençoou”, escreveu ele. “Eu sei quem eu sou e o qual é o meu papel. A música fala por um meio que as palavras não conseguem.”
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