Bruce Springsteen - Roberto Larroude

Em show de mais de três horas, Bruce Springsteen toca Raul e celebra noivado

O músico e a E Street Band fizeram versão para “Sociedade Alternativa” e serviram de testemunhas para pedido de casamento no palco

Paulo Terron Publicado em 19/09/2013, às 03h17 - Atualizado às 14h13

Bruce Springsteen pode não ter retornado ao Brasil desde 1988, mas compensou os anos perdidos com uma dedicação poucas vezes vista no palco, durante o show no Espaço das Américas, em São Paulo, nesta quarta (18). E também com surpresas, como a música que abriu a noite, pouco depois das 21h: uma versão bem arranjada de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas, cantada em português, com a letra decorada por Springsteen.

Na edição de setembro da Rolling Stone Brasil, contamos tudo sobre a turnê de Bruce Springsteen e o maior show de rock da atualidade.

Passado o susto e sem pausa para respirar, vieram as novas (e bem recebidas pela plateia) “We Take Care of Our Own” e “Death to My Hometown”, separadas pelo hit “Badlands”. Em “Spirit in the Night” o músico se aventurou pelo meio da plateia na primeira de muitas incursões do tipo – ao longo das mais de três de horas de show, ele beijaria mocinhas, moças e senhoras com o mesmo sorriso no rosto, além de ser carregado pelo público.

O clima introspectivo de “Darkness on the Edge of Town” serviu de descanso, e logo depois Springsteen começou uma das tradições de suas apresentações ao vivo, a de atender aos pedidos de músicas feitas pelos fãs por meio de cartazes. Nesse esquema vieram “Prove It All Night” (“com a introdução de 78”, especificava a encomenda), “No Surrender”, “Bobby Jean” e “Hungry Heart” (cantada em coro pelos fãs, e durante a qual Springsteen ganhou um copo de cerveja de um fã e o bebeu em grandes goladas). “The River” serviu de aquecimento para “American Skin (41 Shots)”, que teve o backing vocal gritado pela plateia ainda na introdução da faixa.

“Because the Night”, famosa na voz de Patti Smith, mas composta por Springsteen nas sessões de Darkness on the Edge of Town (1978) foi mostrada com a mesma energia da época em que foi criada. Na sequência, durante “She’s the One”, o músico puxou ao palco um casal, e rapaz pediu a garota em casamento ali mesmo, aproveitando o mote da faixa e a benção do Boss. O som cheio de “Shackled and Drawn”, tocada depois de “Darlington County” e “Working on the Highway”, foi reforçado por uma grade e coordenada dança da E Street Band, que agora conta com um coro e uma seção de metais, além de seus músicos veteranos.

Em “Waitin’ on a Sunny Day”, Bruce Springsteen manteve outra tradição, a de chamar uma criança da plateia para cantar parte da letra. A garota ainda ganhou uma rosa e um passeio pelo palco, sentada nos ombros da lenda do rock. E encerrando o bloco principal, vieram o hino pós-11 de setembro “The Rising”, a clássica “Thunder Road” e “Land of Hope and Dreams”, que apesar de ter sido lançada em Wrecking Ball (2012), já fazia parte do repertório de Springsteen desde o fim dos anos 90.

Parte do público debandou durante a rapidíssima saída da banda, que em menos de um minuto já estava de novo no palco para “We Are Alive” (“uma faixa sobre fantasmas da história, que nunca nos deixam”) e a sequência destruidora com “Born in the U.S.A.”, “Born to Run”, “Dancing in the Dark”, “Tenth Avenue Freeze-Out” (com uma imagem do saxofonista Clarence Clemons, morto em 2011, no telão), a longa e empolgante cover de Isley Brothers “Shout” e a canção gospel “This Light of Mine”.

Fechando a noite sozinho ao violão com “This Hard Land”, Bruce Springsteen pediu desculpas por passar tantos anos sem tocar no Brasil, disse ter surpreendido por ter fãs tão fieis por aqui e prometeu: “voltaremos logo”. E continuou com o mesmo sorriso de galã cravado no rosto suado.

O músico e a banda dele ainda se apresentam no Rock in Rio, no sábado (21), na mesma noite que John Mayer e Skank.

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