Cantor foi entrevistado no Domingão do Faustão
Redação Publicado em 15/06/2020, às 07h58
No último domingo, 14, o rapper Emicida deu uma entrevista importantíssima ao Domingão do Faustão, da TV Globo. O cantor falou sobre alguns dos maiores problemas sociais que a sociedade enfrenta, com aula sobre racismo, machismo e violência.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a conversa de Emicida com Faustão foi à distância, por videochamada. Além disso, a entrevista rendeu tanto que o rapper foi bastante elogiado pelo apresentador: "Esse é o Emicida. Um dos nossos orgulhos com inteligência e sensibilidade. Ele põe o dedo na ferida com muita ponderação".
Veja algumas das falas de Emicida, reunidas pelo UOL, abaixo.
"A gente finge que esse é um problema de lugares como a África do Sul ou os Estados Unidos. O imaginário do brasileiro médio foi conduzido através de uma reflexão que faz ele acreditar que a gente vive de fato em uma democracia racial, o que não é verdade".
"Quanto mais escura for a cor da sua pele, mais perigoso é. Essa tragédia que aconteceu com o George Floyd está fazendo o mundo inteiro fazer uma reflexão de como estruturalmente muitas pessoas corroboram com essa estrutura racista. Mas o Brasil tem emergências que precisam que ele se debruce sobre a sua realidade doméstica".
"Eu venho de uma realidade de bastante pobreza. Lembro dos primeiros anos da minha vida a gente morava em um cortiço. Tinha um escadão e tinha uma casa que era colada na nossa, parece com parede. E lá o marido agredia a mulher dia após dia".
"Estou falando aqui sobre os anos 1980, mas a gente não pode agir como se isso também não fizesse parte da realidade do nosso país nos dias de hoje. A violência contra a mulher ainda faz parte da nossa realidade".
"Nesse momento que estamos reclusos em casa muitas mulheres estão trancadas com os seus agressores".
"Mulheres trans também estão sendo vítimas, e tem projetos para que elas também sejam protegidas pela Lei Maria da Penha. Tem um caminho muito longo ainda para que a gente possa se orgulhar como sociedade".
"Estamos falando aqui uma semana depois de uma garota em Pernambuco abandonar uma criança no elevador e essa criança cair do nono andar e falecer. Isso é uma tragédia gigante. A gente precisa sim se perguntar: por que uma pessoa em pleno gozo de sua faculdade mental abandona uma criança de cinco anos dentro de um elevador?".
"Porque ela não consegue reconhecer nem a humanidade daquela criança e nem a necessidade de cuidado. Porque ela acha que esse cuidado são cuidados que ela deve ter com pessoas que se pareçam com ela".
"E há duas semanas atrás o menino João Pedro no Rio de Janeiro tomou um tiro nas costas e faleceu enquanto cumpria sua quarentena em casa. Um tiro que foi disparado por um policial".
"A nossa realidade tem situações tão ou mais desesperadoras. E precisamos nos levantar contra isso também".
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