Estrela colombiana fala sobre se perder com Diplo e equilíbrio espiritual em tempos de crise
Suzy Exposito, Rolling Stone EUA* Publicado em 01/04/2020, às 14h08
É possível dizer com segurança que J Balvin leva uma vida encantadora. Nascido em Medelín, o artista começou 2020 como indicado duas vezes ao Grammy por Oasis, de 2019, álbum conjunto com o camarada porto-riquenho Bad Bunny.
No início do ano, o single de reggaeton-house em parceria com Black Eyed Peas, “Ritmo (Bad Boys For Life)”, chegou ao topo de diversas paradas ao redor do mundo, dos Estados Unidos até Romênia. Em seguida, no show do intervalo do Super Bowl deste ano, quando Jennifer Lopez e Shakira levantaram orgulhosamente a bandeira da latinidade para milhões de telespectadores norte-americanos, J Balvin estava lá para pregar o evangelho da Nova Gangue Latina, ou, a nova geração de gênios do pop latinos.
Então, veio a pandemia de COVID-19.
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“Felíz cuarentena, pessoal”, diz J Balvin para Rolling Stone EUA, ainda que ironicamente, da casa em Medelín, onde está isolado por dias. Aos 34 anos, o cantor não perde de vista que lançou o quarto álbum de estúdio, Colores, em meio a uma crise global humanitária e de saúde.
Em vez de fazer o tradicional bacanal de lançamento esperado para uma estrela de reggaeton, Balvin convidou todos os 37,6 milhões de seguidores dele para a casa de luxo na Colômbia - mas apenas virtualmente.
Desde a semana de lançamento de Colores, ele foi o anfitrião de sessões de meditação e conversas em vídeo com amigos, ao vivo no Instagram. No dia seguinte à nossa conversa pelo telefone, fez a alegria da parceira de “I Like It”, Cardi B, cantando versos fragmentados em dueto do hino roqueiro de Juanes, “La Camisa Negra”, lançado em 2004, ao estilo colombiano de rock alternativo.
“Precisamos aprender a divulgar música nesse período”, ele diz. “Sempre fui competitivo, quero fazer álbuns e vendê-los. Mas estou [guardando] a energia competitiva para outro momento. É hora de trazer mais cor para o mundo.”
Rolling Stone: Como você está passando a quarentena?
J Balvin: Bom, normalmente, quando lanço um álbum, fazemos uma grande festa, dou todas essas entrevistas, vou no Jimmy Fallon. Mas tudo foi cancelado, sabe? Estou fazendo transmissões ao vivo no Instagram, o que considero incrível e diferente. É o que temos, então vou jogar com isso.
RS: Você está com familiares?
JB: Estou na minha casa em Medelín, com a equipe. Minha mãe e meu pai estão na casa deles, eu falei para não irem a lugar algum. Meu pai me visitou e fez uma surpresa com balões, por causa do lançamento do álbum e tudo mais. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo, disse ‘O que você está fazendo aqui, cara? Fique em casa!’. Apenas seja cauteloso. Sei que fazem isso por amor, claro, e amo-os muito. Mas também quero que fiquem bem.
RS: Você se tornou o mestre zen do reggaeton. O que recomendaria que as pessoas fizessem pela paz de espírito agora, durante essa crise?
JB: Sou apenas um estudante, aprendendo todos os dias… Mas compreendi que você realmente precisa se conectar consigo. Faço meditação duas vezes por dia. Não posso negar que, de vez em quando, fico frustrado… Nesses momentos, tenho gratidão por ter um lugar para dormir, alimento para comer, pessoas para conversar. Tenho saúde. Então começo pela gratidão. Quando você começa a ser grato por cada pequeno detalhe, então percebe o quão abençoado é. Faça exercícios. Quero dizer, você também consegue fazer flexões em casa. Não precisa da academia. Mas seu corpo e sua mente precisam estar conectados.
RS: O último álbum solo, Vibras, tinha uma sonoridade muito internacional, foi difícil reconhecer [a origem das influências]. Mas em Colores, especialmente músicas como “Azul” e “Gris”, percebemos o caráter de Medelín. Acho que está nos sons da guitarra.
JB: Gravamos a maior parte em Medelín, mas também levamos o álbum para Nova Iorque e Miami. Quero levar reggaeton para lugares novos e diferentes. Quero que esse álbum continue fazendo o reggaeton mais global.
RS: Essa mentalidade global ficou mais evidente em “Arcoíris”, com [o artista nigeriano] Mr. Eazi. Você também colaborou com ele em “Como Un Bebé”, do Oasis. Nessas canções, você conecta música latina com as raízes africanas.
JB: É disso que precisamos! A música se chama “Arcoíris” por isso, porque é uma mistura de cores. Misturando batidas afro com reggaeton, Mr Eazi, eu, Michael Brun na produção… Nós queremos continuar renovando o jogo. Tenho muito orgulho de ser latino, mas além disso, precisamos levar a Gangue Latina a outro patamar. Tenho esperança que, um dia, as pessoas vão abraçar isso. Fazemos música para o mundo.
RS: Você convidou alguns produtores para colaborar em Medelín, incluindo Diplo, Michael Brun e Tainy, mas também se divertiram. O que fizeram aí?
JB: Fomos para a fazenda de um amigo trabalhar no álbum. Jogamos futebol, dirigimos motos e quadriciclos. Depois disso tudo, veio a música. Precisávamos aproveitar o processo de fazer o álbum, também.
RS: Qual foi o momento mais louco que tiveram juntos?
JB: Ficamos presos nas motos por horas. Diplo é definitivamente maluco, ele é um cara selvagem. [risos] Chegamos em casa e [percebemos] que um dos produtores se perdeu - Dee Mad, de Paris - e levamos quatro horas para encontrá-lo.
RS: Seu produtor mais frequente, Sky Rompiendo, faz rap na música “Verde”. Foi a primeira vez que ele gravou vocais próprios?
JB: Absolutamente, e ele está insano. O ritmo é uma loucura também, cada batida tem um mundo diferente. Você escutará mais do Sky muito em breve.
RS: Pode falar sobre as gravações do clipe “Rojo”? Qual foi a sensação de retratar um evento tão traumático [quanto um acidente de carro]?
JB: Tudo que faço com [diretor] Colin Tilley é simplesmente de outro mundo, é diferente, revigorante. Claro, com a temática das cores, a gente podia brincar muito. E pensando no vídeo, em vermelho… Vi fogo. Estou grato que [Tilley] conectou o clipe à maneira que sonhei, e que as pessoas puderam se sentir conectadas a mim quando assistiram. É sobre algo além da música - quero fazer as pessoas pensarem de verdade sobre o que é a vida.
RS: Você consideraria atuar em um filme?
JB: Cem por cento! Mas sei que atuação é uma arte e preciso respeitar toda arte - então, se eu fizer isso, teria que fazer do jeito certo.
Tradução: Larissa Catharine Oliveira
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