Tony Bennett, em turnê pelo Brasil, fala sobre a relação com o país e relembra momentos marcantes de sua carreira
Por Paulo Cavalcanti Publicado em 26/10/2009, às 15h38
Velho conhecido do público brasileiro, Tony Bennett canta nesta segunda, 26, no HSBC Brasil, em São Paulo. O sempre cordial crooner, aos 83 anos, falou à Rolling Stone Brasil sobre os pontos altos de sua longa e bem sucedida carreira.
Você é um dos últimos cantores da era de ouro da canção americana ainda em atividade. O que acha disso?
Eu me sinto abençoado em poder passar minha vida fazendo o que gosto e ainda viver disto. E sei que as canções que venho cantando nestes mais de 50 anos de carreira vão viver para sempre - são verdadeiramente a música clássica da América.
Como é sua relação com o Brasil?
Eu cantei no Brasil pela primeira vez em 1962, no Copacabana Palace [Rio de Janeiro], e até hoje lembro a emoção que foi estar neste belo país. Quando cheguei, Don Payne, meu baixista, falou: "Vamos para a praia". Conheci João Gilberto e sua mulher, Astrud, e por meio deles ouvi pela primeira vez a música de Tom Jobim. Sempre amei a bossa nova, principalmente por causa de sua ligação com o jazz. Quando retornei aos Estados Unidos, não parava de falar para todo mundo como a bossa nova era maravilhosa. Muitos anos depois, convidei João Gilberto para ir até minha casa, em Nova Iorque, e fizemos uma jam session que eu nunca vou esquecer.
O que você acha dessa nova geração de crooners como Michael Buble e Peter Cincotti?
Eu gosto muito. É muito bom que gente nova esteja cantando standards da canção americana. Eu até gravei com o Michael no disco Duets: An American Classic [2006]. Também gosto muito de k.d. lang e Diana Krall.
O MTV Unplugged, gravado em 1994, foi um dos pontos altos de sua carreira. Como você vê o programa hoje?
Recebi o convite e logo fui ler sobre o conceito do especial. Fiquei surpreso. Eu fui acústico durante toda a minha carreira! Bem, até hoje é um dos meus especiais de TV favoritos, foi uma emoção trabalhar com o diretor Rob Marshall [Chicago, Memórias de uma Gueixa]. O show ganhou vários prêmios Emmy e é perfeito!
Frank Sinatra comentou várias vezes que você é um dos maiores cantores que surgiu nos Estados Unidos. Como era sua relação com ele?
Sinatra era meu ídolo e fazia tudo com muito cuidado e excelência. Eu nunca fiz parte da turma do Rat Pack, já que Sinatra morava na costa leste e eu na oeste. Mesmo com a distância éramos íntimos, nos considerávamos irmãos. Recentemente eu fundei, em Astoria, Nova Iorque, uma escola e dei o nome de Frank Sinatra School of the Arts.
Fale um pouco do seu relacionamento com Ralph Sharon, seu pianista e diretor musical há mais de 40 anos.
Ralph é o melhor. Nunca tocou uma nota errada e descobriu algumas das melhores músicas que eu gravei, como "I Left My Heart in San Francisco".
Por falar nisso, "I Left My Heart in San Francisco", que você gravou em 1962, até hoje é sua assinatura sonora...
Eu a ouvi pela primeira vez num clube em Hot Springs, Arkansas. Depois do show, Ralph Sharon achou que seria uma boa incluí-la no repertório. Eu ensaiei lá mesmo no clube e depois que terminamos, o bartender falou: "Se você gravar essa música, eu compro". Descobrimos que tínhamos uma boa canção em mãos, mas nunca poderia imaginar que ela se tornasse um hit internacional e minha música mais conhecida.
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